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Murmurios juvenis: jornal scientifico e litterario publicado pela Associação Amor á Sciencia, estabelecida no Collegio Brasileiro

por Maria Ione Caser da Costa
Murmurios juvenis: jornal scientifico e litterario publicado pela Associação Amor á Sciencia, estabelecida no Collegio Brasileiro foi uma publicação lançada em São Paulo, no dia 31 de agosto de 1859. A impressão ficou sob a responsabilidade da Typographia Litteraria, que estava situada no número 12, da rua do Imperador.

Mais um periódico lançado na pacata São Paulo de meados do século XIX, pelas mãos de alguns acadêmicos, conscientes da necessidade de levar seus conhecimentos àqueles que não tiveram a mesma oportunidade. Jovens que, a partir de um ideário, decidiram implementar numa empreitada, até então por eles desconhecida.

Em meados do século XIX, inúmeras publicações literárias foram redigidas por agremiações de estudantes, contribuindo para o avanço das letras. A “Associação Amor á Sciencia” foi mais uma delas. Foi fundada no Colégio Mamede de Freitas, em 11 de agosto de 1857.

Compondo a associação estavam como presidente honorário José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898); como presidente efetivo Paulo Egydio de Oliveira Carvalho (1843-1906); o vice-presidente era Antonio Benedicto Monteiro Vianna; Manoel Gonçalves da Silva Rossi e Francisco de Paula Ferraz eram respectivamente o primeiro e segundo secretários; e, como tesoureiro estava Luiz Profirio da Rocha.

Da Comissão de redação faziam parte os senhores Miguel de Godoy Moreira e Costa, João Baptista de Assis Drummond, Alfredo José Vieira, Antonio de Paula Ramos Junior, Henrique Antonio Alves de Carvalho, e Claro Monteiro do Amaral (1861-1901).

O editorial, com o título “Introdução” foi assinado com iniciais J. B. A. D. (João Baptista de Assis Drummond), um dos responsáveis pela comissão de redação.

 
Já era chegado o tempo que contra a matéria devia reagir o espirito e submettel-a. Quando em torno de nós si elevão, como por encantos, as associações literárias, gravando no pedestal das sciencias um nome glorioso, e offerencendo nas suas aras sacrossantas uma corôa alcançada nas lides literárias, nós fracos e oscilantes no mundo das lettras, não podíamos dormir o pesado somno do indiferentismo: o brado das sciencias repercitindo nas historias abobadas do templo de Minerva desta Cidade nos veio dispertar. [...]

Bem compenetrados estamos de nossa insufficiencia – o unico desejo que temos, e a unica bitola que nos guia é o amor ás lettras.

Não queremos gloria porque não a merecemos – porém queremos mostrar ao Brasil que nós, si bem que jovens, não somos indifferentes ao progresso intelectual do Imperio de Santa Cruz.

Á critica mordaz responderemos – Nosce te ipsum; e abraçaremos com alegria a que vier dos homens despidos de preconceitos, e que comprehendem o nosso fim. [Locução atribuída ao filósofo grego Sócrates com tradução latina por “Conhece-te a ti mesmo”]

Murmurios juvenis foi publicado no formato 22 cm x 15 cm, com 10 páginas e os textos em apenas uma coluna. Não apresentou ilustração. Preservado na Biblioteca Nacional está apenas o primeiro exemplar. A pesquisa em bibliotecas não encontrou outros fascículos, apenas a informação de continuação da publicação com o título Trabalhos literários da Associação Amor á Sciencia, que não consta no acervo da BN, e que iniciou com o número 4. Portanto, de Murmurios juvenis teriam sido editados 3 fascículos.

Murmurios tem como conteúdo dois ensaios: o primeiro “Ao Brazil”, que aponta continuação no exemplar seguinte e não apresenta autoria, e o segundo, também sem indicação de autor, tem o título de “Historia Patria”.

Não aparece nenhum poema no referido exemplar, mas foi selecionado para fazer parte desse dossiê por contar com características estabelecidas pelo Projeto Periódicos & Literatura, que busca títulos com quantidade efêmera de fascículos e que tenha como assunto principal a literatura.

 

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