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O Alfinete: semanario independente: critico, noticioso e litterario

por Maria Ione Caser da Costa
O Alfinete: semanario independente: critico, noticioso e litterario, foi um periódico editado na cidade de “Magdalena”, (Santa Maria Madalena) no Estado do Rio de Janeiro em 16 de abril de 1916. Os responsáveis pela redação foram Astolpho Erves e Edemar Corrêa.

A coleção preservada na Biblioteca Nacional é composta por 6 exemplares, sendo o último da coleção, o número 11, publicado em 2 de julho de 1916. Faltam os números 5, 6, 8, 9 e 10. Todos os exemplares foram endereçados para a Biblioteca Nacional, como pode ser lido acima do título, as palavras em letras manuscritas “Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Registrado”. Constam também carimbos dos Correios e da Biblioteca.

Medindo 25cm x 17cm, cada exemplar possui quatro páginas diagramadas em duas colunas. Não apresenta ilustração. Com o título “Antes de tudo”, os responsáveis pela publicação informam aos leitores seu programa.

 
Fazendo hoje a nossa apresentação ao benevolente publico magdalenense, e, seguindo a praxe usual ficamos na obrigação de apresentar o nosso programma.

E se quiséssemos imitar os grandes politicos que, em veperas [sic] de eleição concebem planos phantasticos, para sympathisar o eleitorado, lançaríamos o nosso programma cheio de empolgantes prommessas e com planos que tivessem em vista suggestionar os nossos leitores...

Mas esse seria um plano erroneo porque no nosso modo de ver jamais se deve prometter aquillo que os nossos elementos não permittem realizar...

Eis porque resumimos o nosso programma no aphorismo “CASTIGAT RIDENDO MORES”, isto é, rindo-se corrige-se os costumes.

E o nosso objectivo não é outro senão appresentar ao publico um jornalzinho critico e humorístico, sem no emtanto, desvial-o dos limites da decencia e da moralidade.

“O ALFINETE” será rigorosamente abstracto a questões politicas e evitará o quanto lhe for possivel tomar partidarismo de qualquer natureza.

Comtudo, nos filiaremos a todas as questões que se prendam aos interesses e ao progresso em geral.

Ahi tens, magdalenenses, em singelas palavras o nosso objectivo, e, de ante-mão nos confessamos summamente agradecidos a todos que nos honrarem com o seu auxilio e com a sua attenção.

 O Alfinete não apresenta informação para valor de venda do número avulso. Cita apenas valores de assinaturas: para os residentes na cidade o valor cobrado era de 500 réis por mês e os residentes no interior pagariam 2$000 réis por trimestre.

O expediente da publicação informava que “o primeiro numero não devolvido antes da distribuição do segundo, importa a aceitação da assignatura”; e também que os editores ofereciam suas colunas “as senhoritas e rapazes que nos quiserem honrar com a sua colaboração.”

O Alfinete publicou pequenas crônicas e contos - sempre com uma pitada de humor, notícias locais - também de maneira jocosa, poesia e piadas. Os colaboradores em sua maioria, assinavam com pseudônimo. Eis alguns deles: Abelhudo, Arkimeirelles, Belmiro Braga (1872-1937), Bezouro, Caôlho, L. Feijó, Joaquim Laranjeira (1897-1949), Nostradamos,

A seguir um poema de Joaquim Laranjeira, jornalista e escritor que nasceu na cidade de Santa Maria Madalena e foi o patrono da Cadeira nº 10 da Academia Pedralva Letras e Artes, em Campos dos Goytacazes.

 

Visão

É tarde já e o crepusculo desce

Acobertando o negrume da terra;

Murmuram os meus labios uma prece

E vejo Alguem que sobre nuvens erra.

 

Foi Ella que morreu e me apparece

Matar querendo a magua que me aferra;

E mais, e mais o seu retrato cresce

Maior fazendo o pranto que me aterra.

 

Sinto não tel-a de mim perto, ao lado,

Me acalentando triste e desolado

Na hora funerea deste negro dia.

 

Ausculto d’alma os intimos arcanos

E ahi só vejo féros desenganos,

Uma saudade, um ai, uma anonia...

 

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