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O Colibri: órgão dedicado ao bello sexo

por Maria Ione Caser da Costa
Foi em 24 de fevereiro de 1888, em Manaus, capital do estado do Amazonas, na região norte do Brasil, que aconteceu o lançamento do periódico O Colibri: órgão dedicado ao bello sexo. De propriedade de H. J. de Oliveira, e tendo como redatores J. Brule, Ebanez e Antonio Monteiro, foi impresso na Typographia do “Corneta”.

Como sugerido em seu subtítulo, a publicação era dedicada às mulheres, entretanto, não é possível afirmar se proprietários ou editores eram do sexo feminino, pois os prenomes que aparecem na capa estão abreviados ou foi utilizado pseudônimo.

A Biblioteca Nacional possui apenas o primeiro exemplar que pode ser consultado através da Hemeroteca Digital. Nas pesquisas que envolvem o título, existe a informação de que um segundo número teria sido lançado.

Abaixo a transcrição do editorial que informa aos leitores os motivos da existência da publicação e a razão da escolha do título. Informa também que as leitoras poderiam participar enviando colaboração para ser publicada
O “Colibri” apresenta-se galhardamente nas lides da imprensa como órgão do bello sexo; e, em suas columnas hão de scintillar os artigos litterários com que as nossas collaboradoras nos hão de honrar.

O “Colibri” é creado tão somente para recrear delicadamente o espirito das formosas “hurys” q’ habitam neste “Eden” e no qual o “Colibri” esvoaça sugando do seio o pollen do amor.

A única “indiscrição” do “Colibri” é pousar nos labios das “Walckyrias” e esvoaçar levando os beijinhos ahi creados.

Contamos, emfim, com a aceitação e collaboração de nossas sympathicas leitoras desta capital, e mesmo de longes paragens.

De formato pequeno, medindo 15,5cm x 10,5cm, com apenas quatro páginas, como era comum naquele período, o periódico O Colibri foi diagramado em duas colunas separadas por um fio simples. A separação dos textos é demarcada por fios duplos ou simples. Não apresentou qualquer ilustração.

De acordo com o subtítulo, O Colibri se dedicava a escrever para as mulheres. Os artigos publicados têm relação com o momento literário vivido pelos colaboradores. São pequenas crônicas, poemas, artigos literários, contos e artigos solicitados por leitores, uma coluna intitulada “Variedades”, e também recados de amor. Estes últimos sem identificação de autoria e do destinatário.  Não foram encontrados outros fascículos em bibliotecas que mantenham publicações raras. Este teria sido o 82º periódico lançado no estado do Amazonas.

Os colaboradores assinam como Mariles, Sabiá, Viuvinha e Minos. O poema a seguir segue os parâmetros da publicação, não tem autoria.

 

A’uma jovem

Tu és bella como a rosa

Nas frescas manhãs d’Abril;

Tens o moreno no rosto

E os olhos da côr d’anil.

 

Tens a bocca mui delgada

O olhar mui matdor;

Tens no peito um coração

Que sentes pulsar de amor.

 

Sempre-viva branca.

[1] http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=824330&pagfis=1

 

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