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O Escolar: orgão do Liceu Azurara na cidade de Campos

por Maria Ione Caser da Costa
O Escolar: orgão do Liceu Azurara na cidade de Campos foi um periódico editado possivelmente no início de junho de 1878, pelo diretor do Liceu Azurara, o professor José Joaquim Pereira de Azurara. Os colaboradores e revisores da publicação foram “os alumnos do Liceu”.

A incerteza na data correta do número 1 se deve à sua falha na coleção. Apenas um número desse periódico se encontra digitalizado na Hemeroteca Digital, o segundo, que recebeu a designação numérica de ano 1, número 2 e foi publicado no dia 16 de junho de 1878. Com periodicidade quinzenal foi possível informar a data provável.

A primeira parte do volume 9, dos Anais da Biblioteca Nacional referente aos anos de 1881-1882 registra a existência no acervo da BN dos fascículos de 1 a 5 de O Escolar. Infelizmente os números 1, 3, 4 e 5 não foram localizados. De acordo com Sacramento Black, no volume 4 do Diccionario Bibliographico Brazileiro[*], O Escolar publicou poucos números.

O Escolar foi editado pela Typographia do Futuro, e sua redação estava localizada na rua Formosa, n. 10, em Campos dos Goytacazes, município ao norte do Estado do Rio de Janeiro.

O Lyceu Azurara foi fundado no dia 04 de fevereiro de 1878 e estava situado na rua do Alecrim, n 37. No ano de 1876, antes de dirigir o Liceu, José Azurara atuou como diretor de uma companhia dramática apresentando algumas peças no Theatro S. Salvador, em Campos.

Como diretor do Liceu, Azurara tinha preocupação com a formação literária não só de seus alunos, mas também daqueles que não pertenciam aos quadros do colégio. Com pequenos artigos publicados nas páginas de O Escolar pode-se observar seu cuidado na tentativa de desenvolver o intelecto dos leitores.

Publicação quinzenal, o número avulso foi vendido por 100 réis e a assinatura anual valia 2$000. Como costume, à época, os números avulsos eram distribuídos ao público de um modo geral, e, caso o mesmo se interessasse em permanecer com o fascículo, faria o pagamento. Em caso negativo era necessário fazer a devolução do mesmo, como pode ser confirmado na página três: “Distribuimos 200 exemplares do primeiro numero do nosso jornalzinho, sendo destes só 6, até hoje, devolvidos. Concluimos que a nossa idéa foi aplaudida. Promettemos corresponder á expectativa dos nossos assignantes. ”

O texto que inicia o segundo exemplar tem o título de ‘Collegio de Santa Thereza’, e apresenta seu histórico: “Este collegio, o decano dos do sexo feminino existentes n’esta cidade, foi fundado pela finada D. Thereza de Jezus Barreto, senhora que gosou sempre de muita consideração e acatamento, pelas virtudes que a ornavam”.

Continua o artigo informando o que as jovens campistas, matriculadas no colégio, recebiam: “além da instrucção primaria, muito desenvolvida, a digna diretora e professora ensina ás suas discípulas todos os trabalhos de agulha, crochet, tapeçarias, bordados brancos e a ouro”

Mas os jovens campistas também foram receptores de um aprendizado próprio. Uma das notícias na seção ‘Noticiario’ informa que no dia 12 de junho foi instituída uma sociedade literária, a Infantil Sociedade Litteraria e Beneficente 12 de Julho, que acolhia os alunos e também os que não estavam matriculados no Liceu, como informa a matéria. Poderiam se inscrever também “os meninos que não forem nossos discípulos”. Um dos objetivos da sociedade era “dar sessões literárias, publicas, nas quaes os meninos recitem trabalhos literários (prosa e verso) de escriptores nacionais e estrangeiros”.

Com quatro páginas, O Escolar foi diagramado em duas colunas separadas por um fio simples e impresso em papel madeira na cor verde. O original está em bom estado de conservação.



[*] Conferir BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1883. Vol. 4, p.491.

 

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