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< Voltar para DossiêsO Estudo: propriedade de uma associação anonyma
por Maria Ione Caser da Costa
Lançado em Niteroi, no Rio de Janeiro em 05 de janeiro de 1896 o periódico O Estudo: propriedade de uma associação anonyma informava, logo abaixo do título, ser uma publicação que se pretendia quinzenal.
Na Biblioteca Nacional só existem dois exemplares, o primeiro, informado acima e o número três, que foi publicado no dia 9 de fevereiro daquele ano. A pesquisa feita na web em outras instituições não encontrou outros exemplares.
O valor da assinatura trimestral de O Estudo foi de 1$500. Não consta na publicação valor de venda avulsa. O expediente informava que o assinante poderia enviar sua colaboração para ser publicada nas páginas do periódico, a partir do aval da redação.
Os nomes dos responsáveis pela redação também não são informados. Assim como não consta o nome da tipografia ou tipógrafo responsável. Ainda no expediente lemos a seguinte nota: "a correspondencia d'esta folha deve ser dirigida para á rua Visconde de Uruguay, n. 95, ao Sr. João Candido da Silva, ou ao Sr. A. Nemesio no salão de barbeiro, na ponte Ferry de Nictheroy".
Eis o texto do editorial:
O Estudo publica crônicas, poemas e charadas. O primeiro artigo publicado homenageia Casimiro de Abreu (1837-1860). Um texto elogioso e saudoso para lembrar do poeta que com apenas 23 anos de idade "foi arrebatado pela tyranna Parca", e dessa forma "muito prejudicou as lettras patrias: pois que, com elle perdeu-se um habil e talentoso cultivador". Encerra o artigo com o excerto de um poema de Casimiro de Abreu.
Em O Estudo, apenas alguns colaboradores assinam seus trabalhos ou utilizam as iniciais de seus nomes, são eles A. C. A., A. Nemesio Castello Branco, Icarahyense Nunes, Jonathas Botelho, Paschoal Martins e Santipho Lima. A seguir o soneto de A. Nemesio publicado na página três do primeiro número.
Partindo
Quando a barca de todo carregada
Sulcou as ondas, pelo mar em fóra,
Levava á bordo, a minha doce amada,
A branca pomba do romper d'aurora...
E a beira mar com que saudade eu via
O adeus saudoso no acenar do lenço,
Emquanto a barca caminhando ia
Calma e serena pelo mar immenso...
Assim fugiu a viajora triste
Sentindo n'alma apaixonada ardente
Todas as crenças que á paixão resiste,
E eu louco arrasto esses grilhões de ferro
A' Deus pedindo p'ra criança ausente:
Seja seu porto o coração que encerro...
Na Biblioteca Nacional só existem dois exemplares, o primeiro, informado acima e o número três, que foi publicado no dia 9 de fevereiro daquele ano. A pesquisa feita na web em outras instituições não encontrou outros exemplares.
O valor da assinatura trimestral de O Estudo foi de 1$500. Não consta na publicação valor de venda avulsa. O expediente informava que o assinante poderia enviar sua colaboração para ser publicada nas páginas do periódico, a partir do aval da redação.
Os nomes dos responsáveis pela redação também não são informados. Assim como não consta o nome da tipografia ou tipógrafo responsável. Ainda no expediente lemos a seguinte nota: "a correspondencia d'esta folha deve ser dirigida para á rua Visconde de Uruguay, n. 95, ao Sr. João Candido da Silva, ou ao Sr. A. Nemesio no salão de barbeiro, na ponte Ferry de Nictheroy".
Eis o texto do editorial:
Ao encetarmos hoje a publicação d'este periodico, cumpre-nos sobretudo, definir o seu programma.
O Estudo será meramente litterario e recreativo.
Jornalzinho de moços que começam, elle é certamente mui modesto. Não tem a presumpção dos grandes e tão pouco a vaidade dos inconscientes.
Nasce pequeno como tudo que nasce. a sua evolução pelo tempo desenvolver-he-á o organismo, vigorar-lhe-á todas as fibras do proprio corpo, onde, a nosso esforço, talvez haja de correr amanha a seiva dos fortes.
Nasce pequeno, e certamene só desse modo. [...]
Tambem nasceu a agua voando?
Não. a principio implumou-se, depois ensaiou os seus pequeninos voos, mais tarde é que galgou as cumiadas das altas serranias.
Assim, pois, começa O Estudo debil, tremulo, vacillante.
Um dia nós chegaremos ao cabo de labuta honrada e gloriosa, ao fim almejado, dando então aos nossos leitores, para prova do nosso trabalho, talvez uma pagina azul com lettras d'ouro.
O Estudo publica crônicas, poemas e charadas. O primeiro artigo publicado homenageia Casimiro de Abreu (1837-1860). Um texto elogioso e saudoso para lembrar do poeta que com apenas 23 anos de idade "foi arrebatado pela tyranna Parca", e dessa forma "muito prejudicou as lettras patrias: pois que, com elle perdeu-se um habil e talentoso cultivador". Encerra o artigo com o excerto de um poema de Casimiro de Abreu.
Em O Estudo, apenas alguns colaboradores assinam seus trabalhos ou utilizam as iniciais de seus nomes, são eles A. C. A., A. Nemesio Castello Branco, Icarahyense Nunes, Jonathas Botelho, Paschoal Martins e Santipho Lima. A seguir o soneto de A. Nemesio publicado na página três do primeiro número.
Partindo
Quando a barca de todo carregada
Sulcou as ondas, pelo mar em fóra,
Levava á bordo, a minha doce amada,
A branca pomba do romper d'aurora...
E a beira mar com que saudade eu via
O adeus saudoso no acenar do lenço,
Emquanto a barca caminhando ia
Calma e serena pelo mar immenso...
Assim fugiu a viajora triste
Sentindo n'alma apaixonada ardente
Todas as crenças que á paixão resiste,
E eu louco arrasto esses grilhões de ferro
A' Deus pedindo p'ra criança ausente:
Seja seu porto o coração que encerro...