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O Marinheiro: propriedade d'uma Associação

por Maria Ione Caser da Costa
De formato pequeno, medindo 21 cm x 15 cm, com quatro páginas e poucas informações sobre sua proposta editorial no único exemplar disponível na Biblioteca Nacional, o periódico O Marinheiro, foi publicado no Rio de Janeiro em 05 de dezembro de 1881.

O texto inicial, com o título de “Questões sociológicas” trata da escravidão colocando o deputado Joaquim Nabuco (1849-1910) como a primeira voz que se levantou na denúncia da situação. E outro artigo trata da homenagem que “alguns generosos alumnos da Academia Imperial das Bellas-Artes promoveram em beneficio” da mãe do pintor e professor de artes plásticas Leoncio da Costa Vieira (1852-1881), um mês após sua morte.

Na capa, logo abaixo do título, está o subtítulo, que indica a periodicidade pretendida pelo periódico: publicação semanal. E na linha seguinte, a informação de que O Marinheiro é “propriedade d’uma associação”. Neste exemplar, o de número 2, não foi possível descobrir a qual associação pertencia.

Foi impresso pela Typographia Litteraria de C. A. de Moraes, localizada no número 131, da rua Sete de Setembro. O exemplar anterior pode ter sido impresso em outra tipografia, pois se lê na última página, assinado por “a redação”, a seguinte informação como errata: “o nosso primeiro numero sahio tão eivado de erros e imperfeições devido á incúria da typographia onde foi impresso, que nos é inteiramente impossível fazer uma errata. Pedimos, por isso, desculpa aos nossos leitores.”

Não apresenta o valor de compra para o número avulso, apenas das assinaturas: na Corte custava $900 a assinatura trimestral e $300 a mensal e nas Províncias o valor era de 1$200 para a trimestral e $400 a mensal.

Julio C. de Magalhães, Oscar V. Masson e R.C. Doria são alguns colaboradores da publicação. Na seção “Poesias” encontra-se o poema “Despedida d’um coração magoado”, sem o nome do autor, com a informação de que foi extraído “do Jornal do Commercio, de 9 de julho, p.p.”. Trata-se de uma pequena confusão, entretanto, pois, o poema foi publicado no jornal maior, no dia 10 de julho, um domingo, como se pode verificar consultando-se aquela fonte, em sua página 5. Nela, ao final do poema encontra-se o local, data e as iniciais do autor, desta forma: “Rio de Janeiro, 9 de julho de 1881 – T. S. B”., o que foi omitido em O Marinheiro. A seguir, um excerto do poema.

Despedida d’um coração magoado

Tres annos fazem que deixei a pátria
Tres annos sim, que deixei meu pais
Hoje partindo com pezar immenso!
Oh! Deus eterno para nunca mais.

Adeus heróica cidade
De mui grande ostentação
Que hoje eu parto de ti
Fica aqui meu coração.

S. Sebastião grande terra;
Onde tem filhos tão nobres!
E sim não são propalados
Os céos, a terra os encobre.

Sim, adeus que vou embora
Filhos da grande nação
Que eu parto vibrando o nome
De honrados cidadãos.

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