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O Myosote

por Maria Ione Caser da Costa
O periódico O Myosote foi editado nos primeiros anos dos novecentos em Pernambuco, no local que aparece nomeado nas páginas da publicação como Província de Arrayal. Não foram encontradas informações sobre essa localidade.

Com linguagem delicada, o primeiro fascículo foi lançado em novembro de 1910, como informa conteúdo na publicação. A coleção preservada na Biblioteca Nacional inicia com o número 2, publicado também no mês de novembro e finaliza com o número 14, que foi editado em dezembro de 1911.

Os exemplares, em bom estado de conservação, ainda não foram digitalizados, portanto sua consulta está facultada apenas presencialmente, na Coordenadoria de Publicações Seriadas da Biblioteca Nacional.

O texto inicial do segundo exemplar comenta o sucesso do número anterior e reitera a vontade de dar espaço aos que se interessam por literatura. Nesse periódico, mulheres escrevem sobre assuntos referentes à família, à moda e aos sentimentos em relação ao mundo em que vivem. Em suas páginas podem ser encontrados também poemas, contos, piadas, frases diversas que dialogam com os escritores, crônicas e charadas.

Escrito por mulheres, teve como redatora-chefe Guiomar de Carvalho. E fazendo parceria com ela estavam também Amanda Campello, Davina Luna, Julieta de Carvalho, Julieta Santos e Marieta Brandão.  Além das redatoras e colaboradoras citadas acima, encontramos também contribuições de Augusto Pessoa, C.L., Chrysantemo, Dill Enéa, E.R., Girasol, Julia Dias Martins, Lilaz, Mario Dihe, Radinol e Verbena.

Alguns temas encontrados na publicação: o texto “A instrucção” defende a necessidade de instruir-se, frequentando a escola, lendo livros e lendo também a revista. Em “Perfis femininos” o texto traça o perfil de H. G., moradora da cidade, e exemplifica pormenores do seu dia. Uma crônica com o título “Ao Myosote" a autora comenta sua leitura do primeiro número da revista, focando na variedade de assuntos e desejando sucesso na empreitada e uma seção com os nomes dos aniversariantes.

Dentre as matérias publicadas nota-se que as redatoras de O Myosote tinham o propósito de “ocupar um lugar no mundo da intelectualidade”.

Publicação mensal, cada fascículo se apresenta com quatro páginas, medindo 35cm x 22cm. Foi editado em papel couché. Uma característica de O Myosote é que cada número da revista foi impresso em uma cor de letra diferente. A seguir o poema “Os meus cantares” que foi dedicado “Á uma morena”, e é assinado pelas iniciais C. L.

 

Os meus cantares

Morena, tu das-me um beijo?

Um beijo só e mais não!

Se tu matas meu desejo

Recebes-me o coração.

 

O meu desejo innocente

Morena, deves saber...

Por um teu beijo ardente,

Faço-te tudo, mulher!...

 

O mundo que eu possuísse

Dava por um beijo teu!

Até Deus se tal visse

Recolhiate no Ceu!...

 

E não matas meu desejo!...

Nessa bocca vaporosa,

Quero dar um quente beijo,

Morena, bella, formosa!

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