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O Nicromante

por Maria Ione Caser da Costa

Lançado no Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1895 O Nicromante foi um semanário ilustrado que teve por proprietário Manoel Zevada. A redação estava a cargo de Ernesto Mattoso e os desenhos feitos por A. Castano. Foi editado pela Typographia L’Étoile Du Sud, localizada a rua São José, 102.


Os primeiros três exemplares apresentam entre parêntesis, logo abaixo do título, a observação “frontispício provisório”. A partir do quarto número, os exemplares ganham nova capa, totalmente ilustradas. Aqueles primeiros números foram lançados em tamanho standart, com apenas três páginas, apresentando, na página central, uma grande e bem elaborada ilustração. Estes, da sequencia, se apresentaram em tamanho tablóide, com sete ou oito páginas, e várias ilustrações


O Jornal do Brasil,  um dos vários periódicos que circulavam na época, parabeniza e saúda o lançamento da “nova folha illustrada”, fazendo a seguinte descrição da ilustração da autoria do artista A. Castano:


apareceu consagrando as páginas centrais ao grande commettimento – a pacificação do Rio Grande.


A Republica e o Dr. Prudente de Moraes recebem ovações de toda a imprensa, das classes armadas e do povo.


É uma bellíssima allegoria, na qual o Jornal do Brasil tem lugar de distincção, graças a amabilidade dos nossos estimados collegas.


O preço anual da assinatura anual na capital federal era de 20$000 e a semestral 12$000, sendo o número avulso vendido a 500 réis. O preço da assinatura em outros estados saía por 24$000 a anual e 14$000 a semestral. Duas informações estão localizadas no cabeçalho da publicação:  o endereço provisório do “escriptorio: rua do Dr. Joaquim Silva n.42”, e, o horário do “expediente: do meio-dia às 2 da tarde”.


 No primeiro editorial, o redator apresenta o novo periódico aos seus leitores:


Despretensioso vem hoje a lume mais um batalhador alistar-se nas fileiras dos que livremente pelejão pelo bem publico.


Seu programma não é vasto mas é forte e nada o desviará do caminho traçado pelas suas convicções, que por certo não são subordinadas a nenhuma Idea política, nem filiados a nenhum partido.


O Nicromante não tem, nem faz política.


Profliga as banalidades perniciosas, os heroísmos ridículos os escândalos, os crimes e, zombando do embuste, aponta os que erram e glorifica os que acertam.


A critica, sevéra embora, porém justa e commedida, tanto honra ao juiz como ao julgado. Quando Ella é parcial torna-se arma de inveja; quando, porém, verdadeira é a sciencia do gosto dirigido pela justiça.


E é assim que O Nicromante fal-a-há sempre rindo e fazendo rir, sem ódios e sem offensa.


Mesmo se colocando como apolítico, inúmeras são as ilustrações encontradas no periódico que reverenciam as grandes figuras do então recente regime republicano. Um exemplo disto pode ser visualizado no exemplar de número 10, publicado no dia 16 de novembro de 1895, que apresenta as figuras do engenheiro militar Benjamin Constant como fundador, do marechal Deodoro da Fonseca como o proclamador, o marechal Floriano Peixoto na posição de consolidador, e o então presidente, o advogado  Prudente de Morais como o pacificador.


A equipe de redação era formada por nomes civis e peseudônimos: Ernesto Mattoso; Lord Derby; M. de Ameida; M.S.; Alceste, E. M., Hermann XII, José Rufino, Zé Boato, E.M.F, que deixaram sua colaboração nas seções: Chronica, Theatros e..., Nicromancias, Miscellania, Brinde Nacional, Echos d’alem mar e Sport.


 

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