Periódicos & Literatura
< Voltar para DossiêsO Recreativo: publicação quinzenal
por Maria Ione Caser da Costa
O periódico O Recreativo: publicação quinzenal foi lançado no Rio de Janeiro em primeiro de maio de 1879 e editado pela Typographia Lobão, que estava localizada na rua do Hospício, 147, atualmente chamada de rua Buenos Aires.
O segundo exemplar foi publicado no dia 23 de maio daquele ano e veio com o subtítulo ‘orgão litterario’.
Para o endereço da tipografia deveriam ser encaminhadas as reclamações e os pedidos de assinaturas. A assinatura mensal valia 500 rs.
Na Biblioteca Nacional existem somente os dois primeiros exemplares que podem ser consultados através da Hemeroteca Digital. Nossa pesquisa não encontrou informação sobre a continuidade desse título em qualquer outra biblioteca ou repositório.
Voltada unicamente para a literatura, seus editores, que não se apresentam em parte alguma da publicação, têm o desejo de que o povo brasileiro possa apreciar a literatura, e afirmam que o assunto política não será tratado em suas páginas. Segue o editorial:
Foi diagramado com quatro páginas cada exemplar, e as páginas são divididas em duas colunas separadas por um fio simples. Não apresenta ilustração. Seu conteúdo é composto por crônicas, folhetins, poesias e contos. Nas seções Miscellanea, são apresentadas charadas e adivinhações. Outras seções: Lenda, Folhetim, Variedades e Fantasia.
Carlos A. C. Burlamaqui, Elias Berthet, José Francisco de Macedo Junior, Maria Peregrina de Souza e Pedro Zaccone são os nomes dos colaboradores que aparecem nas páginas de O Recreativo. Escolhemos a poesia de Maria Peregrina de Souza que copiamos a seguir.
Lenda
ORIGEM DO CANNAVIAL
Princesa:
Avante meu palafrem
Que já pouco tens que andar
O cavalleiro me espera
Não me devo demorar
La campeia o torreão
Que bello é seu campear
Avante, pagem, avante
Vai a busina tocar.
Atalaia
Quem buscais, Senhora, aqui
Que assim fazeis buzinar
Princeza
Cavalleiro mora aqui
Aqui deve de morar
Corre fama que estas torres
As ganhou a batalhar.
Atalaia
O cavalleiro está fóra
Mas não deve de tardar
Foi ao castello d’além
Com dama linda casar.
Princesa
Ó malfadada princesa
Ó desgraçada sem par
Que em desleal cavalleiro
Te quizeste confiar
E paços reaes deixaste
Para aqui vir acabar
Palavras não erão ditas
E a princesa a expirar
- Grão tropel – Grande alarido
E o cavalleiro a chegar.
Cavalleiro
A princesa aqui sem vida
Oh! desgosto de matar
A alma tenho partida
Vou de remorsos finar.
Ó Senhora minha esposa
Faz-nos ambos enterrar
Junto da borda do mar.
Palavras não eram ditas
E o cavalleiro a expirar.
Forão os dois enterrados
Com enterro de pasmar
Em sepultura sozinha
Nas praias da beira-mar.
E sobre a campa chorou
A viúva, a bom chorar.
Das cinzas assim regadas
Cannas se virão brotar,
Depois tristes ais soarão
Com seu triste balouçar.
E o amor atraiçoado,
E o desgosto de matar.
O cannavial solitário
Ficou sempre a memorar.
O segundo exemplar foi publicado no dia 23 de maio daquele ano e veio com o subtítulo ‘orgão litterario’.
Para o endereço da tipografia deveriam ser encaminhadas as reclamações e os pedidos de assinaturas. A assinatura mensal valia 500 rs.
Na Biblioteca Nacional existem somente os dois primeiros exemplares que podem ser consultados através da Hemeroteca Digital. Nossa pesquisa não encontrou informação sobre a continuidade desse título em qualquer outra biblioteca ou repositório.
Voltada unicamente para a literatura, seus editores, que não se apresentam em parte alguma da publicação, têm o desejo de que o povo brasileiro possa apreciar a literatura, e afirmam que o assunto política não será tratado em suas páginas. Segue o editorial:
Coagidos pela necessidade de engrandecer a literatura, que neste paiz é pouco apreciada, e, levados pelo desejo de agradar aos nossos leitores, fizemos sahir á luz o – Recreativo, jornal litterario.
Certos da nossa insufficiencia para levarmos ao cabo este projecto, que tão útil seria, se entre este povo brasileiro um jornal litterrario não representasse o papel de uma victima entre os algozes, esforçar-nos-hemos por merecer a benevolencia do pequeno numero de pessoas que aprecião a literatura.
O Recreativo, pois, desempenhará sua missão litteraria, sem tratar dos negócios políticos.
Foi diagramado com quatro páginas cada exemplar, e as páginas são divididas em duas colunas separadas por um fio simples. Não apresenta ilustração. Seu conteúdo é composto por crônicas, folhetins, poesias e contos. Nas seções Miscellanea, são apresentadas charadas e adivinhações. Outras seções: Lenda, Folhetim, Variedades e Fantasia.
Carlos A. C. Burlamaqui, Elias Berthet, José Francisco de Macedo Junior, Maria Peregrina de Souza e Pedro Zaccone são os nomes dos colaboradores que aparecem nas páginas de O Recreativo. Escolhemos a poesia de Maria Peregrina de Souza que copiamos a seguir.
Lenda
ORIGEM DO CANNAVIAL
Princesa:
Avante meu palafrem
Que já pouco tens que andar
O cavalleiro me espera
Não me devo demorar
La campeia o torreão
Que bello é seu campear
Avante, pagem, avante
Vai a busina tocar.
Atalaia
Quem buscais, Senhora, aqui
Que assim fazeis buzinar
Princeza
Cavalleiro mora aqui
Aqui deve de morar
Corre fama que estas torres
As ganhou a batalhar.
Atalaia
O cavalleiro está fóra
Mas não deve de tardar
Foi ao castello d’além
Com dama linda casar.
Princesa
Ó malfadada princesa
Ó desgraçada sem par
Que em desleal cavalleiro
Te quizeste confiar
E paços reaes deixaste
Para aqui vir acabar
Palavras não erão ditas
E a princesa a expirar
- Grão tropel – Grande alarido
E o cavalleiro a chegar.
Cavalleiro
A princesa aqui sem vida
Oh! desgosto de matar
A alma tenho partida
Vou de remorsos finar.
Ó Senhora minha esposa
Faz-nos ambos enterrar
Junto da borda do mar.
Palavras não eram ditas
E o cavalleiro a expirar.
Forão os dois enterrados
Com enterro de pasmar
Em sepultura sozinha
Nas praias da beira-mar.
E sobre a campa chorou
A viúva, a bom chorar.
Das cinzas assim regadas
Cannas se virão brotar,
Depois tristes ais soarão
Com seu triste balouçar.
E o amor atraiçoado,
E o desgosto de matar.
O cannavial solitário
Ficou sempre a memorar.