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Oasis: periodico litterario e noticioso: órgão do Gremio Litterario “Le Monde Marche”

por Maria Ione Caser da Costa
Oasis: periodico litterario e noticioso foi publicado pela primeira vez, no dia 15 de novembro de 1894 no estado do Rio Grande do Norte. Era órgão de uma agremiação literária, o Grêmio Literário Le Monde Marche.

Le Monde Marche foi o primeiro grêmio literário surgido em Natal, e, de acordo com seus sócios, teve como norte “ter sempre como insígnia, em todas as suas empresas, a miraculosa palavra – Instrucção, - a mais salutar, a mais santa e mais divinisada nos paizes civilisados do grande Universo”. Voltada para a produção literária potiguar, teve como responsáveis uma “Commissão de Redação” composta pelos senhores Benvenuto de Oliveira, J. Prospero e Carlos L’Eraistre.

A “Comissão de Redação” esteve à frente da publicação nos primeiros exemplares. A coleção da Biblioteca Nacional não está completa. Constam os três primeiros exemplares publicados em 1894 e do número 4 ao número 26, publicados em 1895. Existe uma grande falha na coleção, indo para o número 90, publicado em 1º de fevereiro de 1899, e finaliza com o número 122, publicado em 15 de julho de 1900. Portanto, faltam todos os fascículos de 1896, 1897e 1898. As pesquisas informam que o periódico teve uma vida longa, tendo publicado até 1904. Várias foram também as alterações de responsabilidade dos seus editores durante esse período.

Publicação quinzenal, tinha seu escritório e redação funcionando na praça André d’Albuquerque, n. 25, local onde também deveriam ser efetivados, com pagamento adiantado, os pedidos de assinaturas pelo valor de mil réis por trimestre.

O editorial explica a missão que os editores tomam para si.

Na vida de todos os povos, nos fastos de todas as historias, no percurso de todos os séculos, na continua successão de todas as épocas tem sido sempre nobre e altiva a missão da imprensa: Intrepida precursora de todos os tempos, a imprensa foi sempre o manancial perenne, d’onde dimina a verdadeira luz da instrucção. [...]
Compenetrados, pois da inestimável utilidade da imprensa, máxime para nós, sempre ávidos de luz e de saber, soltamos hoje às auras da publicidade o Oasis, que nada mais significa do que o produto de nosso acurado esforço, de nosso amor pela sagrada causa da instrucção. [...]
Litterario e noticioso, o Oasis, será completamente alheio ás questões politicas, sendo o seu objetivo principal a instrucção. [...]
Espinhosissima é a missão que hoje tomamos aos hombros, mas, firmes como estamos, no fiel cumprimento do nosso programma, esperamos sahir victoriosos da lucta a que neste momento nos empenhamos.
Eis em limitados traços o nosso programma.


De acordo com Benvenuto de Oliveira, estes eram os sócios efetivos do Gremio Litterario Le Monde Marche: José Rodrigues Leite, José Prospero de A. Fernandes, Urbano Avelino, José Domingues Porto, Benvenuto de Oliveira, João Paulo P. Arruda, Virgilio Benevides S. de Mello, Pedro de Alcantara Viveiros, Francisco Santas Cavalcanti, Alfredo Cerqueira Carvalho, Tobias Rocha, Gabriel Archanjo S. Iago, Augusto Carlos M. L’E. Filho, José Luiz Ferreira Nobre, Carlos Augusto L’Eraistre, Antonio Fernandes de Oliveira, José Bernardo de Medeiros Filho, Alfredo Augusto S. de Mello, Henrique Annes J. Pires, José Coêlho de Britto, Ovidio Fernandes de Oliveira, Juvenal Lamartine de Farias, Joaquim Ignacio Torres, Luiz Ignacio Fernandes de Oliveira, Elviro Dantas Cavalcanti, L. Emygdio Pinheiro da C. Filho, M. D. Cavalcante Sobrinho. Esta relação nominal foi colocada na página 4 do ano 1, n. 5 de 15 de janeiro de 1895, a partir de um anagrama com o nome do Grêmio.

Oasis publicou folhetins, crônicas, poemas e notícias gerais, sempre com um pensamento voltado para a educação e a instrução de seus leitores. Encerramos essa apresentação com o poema “Ilylio” de autoria de F. Palma disponibilizado na revista de número 7.

Idylio

O céo desprende
Lagrimas d’ouro
E os sylphos cantam,
N’um vago côro...

Depois nas vozes
Claras, dolentes,
Ouve-se ósculos
Puros, ardentes.

Murmura a vaga
No extenso mar,
E a lua dorme
Meiga a sonhar...

Do verde bodque,
Nos brandos ninhos:
Tudo – ternuras,
Tudo – carinhos!

Chora o orvalho
No seio brando
Das brancas flores,
Que estão sonhando.

Oh! Que perfumes
Exalam ellas!
Quanta doçura
No sonho d’ellas!...

Ergue-te, oh virgem,
Meu doce amor!
Escuta, escuta:
Serás a flor;

E eu, o lyrio
Para te amar;
Vamos querida,
Vamos sonhar...

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