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Oasis: revista mensal

por Maria Ione Caser da Costa
Foi em julho de 1918, na cidade de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina que apareceu pela primeira vez a revista Oasis. Ao título acompanhava o subtítulo de revista mensal.

O responsável pelo lançamento foi José de Diniz - José dos Santos de Diniz Martins (1896-1962), que exercia a função de diretor. A redação esteve sob a responsabilidade de Altino Corsino da Silva Flores (1892-1983), que contava com a colaboração de Francisco Gonçalves da Silva Barreiros Filho (1891-1977), Othon da Gama Lobo d´Eça (1892-1965), João Batista Crespo (1887-1966) e Laércio Caldeira de Andrada (1890-1971)*.

Vários outros colaboradores também são encontrados nas páginas de Oasis. Dentre eles estão Juvêncio de Araújo Figueiredo (1864-1927), Delminda Silveira (1854-1932), José Arthur Boiteux (1865-1934), Luís Delfino dos Santos (1834-1910) e Oscar Rosas Ribeiro de Almeida (1864-1925).

Em 1920 esses escritores, convidados por José Arthur Boiteux (1865-1934) se uniram e fundaram a Sociedade Catarinense de Letras, e anos mais tarde, em 1924, se tornam imortais, ao fundarem a Academia Catarinense de Letras.

Logo abaixo do título, o expediente informava que “todos os negócios desta revista deverão ser tratados com o nosso diretor, José de Diniz. ” A seguir o editorial, que teve como título o nome da revista.

Por isso mesmo que é costume trazerem os jornaes e revistas uma plataforma – sempre desmentida com o dobrar dos tempos e das circunstancias, - deixamos nós de exarar aqui a nossa...
A despretensiosa revista que o leitor tem sob os olhos, nada é: entretanto, representa o fructo de uma grande boa-vontade, nesta terra já avesada a receber com um risinho trocista a tudo o que pretende alçar o vôo acima da mediania vulgar.
No meio de similhante deserto, Oasis nada mais deseja ser do que um pequeníssimo rincão de frescura e sombra, onde os caravaneiros do Espirito, ao descalvagarem os bambos e somnolentos domedarios em que quiserem attingir o inattingivel pais da Perenne Belleza, possam dessedentar-se e descansar, - olhando, como através dum sonho, as miragens que a luz cria e desfaz sobre o fulvo plaino do areal infinito...


Oasis foi muito bem diagramada em duas colunas e estas separadas por fio duplo. Foram utilizados arabescos na separação dos artigos e poemas. Quanto ao número de páginas, Oasis muito se diferenciou das publicações de sua época, que costumavam ter apenas quatro páginas. Os dois primeiros exemplares apresentaram 32 e 42 páginas respectivamente. Os números 3, 4 e 5 com 16 páginas cada. As revistas são ilustradas, realçando a comunicação com o leitor.

Nesse mensário foram publicadas anedotas, charadas, charges, contos, crítica literária, notícias dos esportes, poesias, uma página feminina com o título de “Frivolidades” e uma seção para crianças. A seção para crianças se apresenta como um outro periódico encartado dentro de Oasis. Tem nome próprio, O Nené: jornal das crianças, e cabeçalho próprio também.

Os originais da revista Oasis não fazem parte do acervo da Biblioteca Nacional. As páginas consultadas na Hemeroteca Digital fazem parte da coleção do acervo da Biblioteca Pública de Santa Catarina. Um convênio estabelecido entre as instituições permite que a BN divulgue a publicação.

A coleção é composta por cinco exemplares. O número 5 foi editado em novembro daquele ano. Não se tem qualquer informação sobre a continuidade da publicação.

A seguir um poema, o soneto invertido de João Crespo com o título “Seios...”

Seios...

Lembram, n’um vaso etrusco, as rosas de Malherbe,
No tempo em que a Paixão é um mal que não se sente
Tão de perto nos fere!... e a vida logo acerbe...

Si alguém, de longe, ostenta – o que é comum – e foge...
Querem rasgar da blusa a trama muito rente
Na eloquencia de um ai! – como os teus fazem hoje!

Crescem... – Na amphora exul do busto as pet’las brancas
Abre, cheia de viço, a Flor de azulejos veios
Que o meu amor cultiva... – Ah! quanta sêde estancas,
Assim, do vinho de Hébe eternamente cheios...

E quando, um bello dia, abre-se a flôr dos seios,
- Já não é tão menina! – ébria de amôr, arrancas
A blusa... o cóllo surge... e escuto-lhe os anseios
N’um crescendo orchestral de sensações mais francas.

* Ver foto dos responsáveis pela revista Oasis em http://memoria.bn.br/DocReader/890510/86

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