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Pallium: revista de arte

por Maria Ione Caser da Costa
Em setembro de 1898, é lançada na cidade de Curitiba, Pallivm: revista de arte. No latim, o v faz as vezes de u. Sob a responsabilidade de Silveira Netto (1822-1942) e Julio Pernetta (1869-1921), a publicação foi impressa nas Officinas Typographicas da Livraria Economica, de propriedade de Aníbal, Rocha & Cia, localizada na rua Quinze de Novembro 43, capital paranaense.

Além do endereço da tipografia, uma nota indicava endereços vinculados diretamente aos editores, para troca de informações: “Toda a correspondência para o Pallivm deve ser dirigida a Silveira Netto, Praça do Rosário n.3; e Julio Pernetta, rua Pedro Yvo, n. 11; nesta capital”.

O regime republicano recém-proclamado, imprimia uma movimentação cultural, especialmente fomentada por meio da imprensa. Foi um período em que muitos títulos de periódicos foram lançados. Alguns tinham vida longa. A maioria, entretanto, tinha uma vida efêmera. Este é o caso de Pallivm. Sua coleção é composta por quatro exemplares, lançados em duas fases: os números 1, 2 e 3, de setembro a novembro de 1898, respectivamente, e o número 4 em agosto de 1900.

No acervo da Biblioteca Nacional não existem os originais da publicação, mas uma edição fac-similar editada pela Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte do Paraná, editada em 1982.
A publicação pretendia ser mensal, sem um número fixo de páginas, como pode ser conferido em nota publicada no exemplar número 4, ao pé da página 13. Este único número lançado na segunda fase da revista não apresenta o subtítulo nem a tipografia responsável.

O nome Pallivm, de origem grega, tem sua tradução para “toalha de altar”. Palavra que remete ao anseio pelo vocabulário litúrgico, mas de um misticismo anticlerical, que explorava temas da morte, do diabo, da luxúria.

O destaque gráfico do nome da revista corrobora a ideia: na capa, o título da revista tem em seus caracteres tipográficos um desenho que lembra ossos sobrepostos e o pingo da letra “i” é representado por uma caveira. Isto ocorre nos três exemplares da primeira fase, que medem 27 x 19 cm. O exemplar da segunda fase foi impresso em tamanho menor: mede 22 x 16 cm e a capa não tem a mesma diagramação das anteriores.

Não há editorial. A primeira página, trás, logo abaixo do título e subtítulo da revista o poema “Azar” de Emiliano Pernetta. O poema está diagramado na parte central das três primeiras páginas. O conteúdo dos quatro exemplares da coleção é voltado para a poesia, podendo ser encontrado também algum texto em prosa.

Em todas as páginas são encontrados elementos decorativos, uma ornamentação como um “pano de fundo”, que não prejudica a leitura do texto, que permanece em primeiro plano. Estas ornamentações são desenhos de elementos da natureza interpolados com desenhos de esfinges, pirâmides, bustos e uma abundância de volutas que aparecem inclusive na decoração dos números da página.

Participaram como colaboradores de Pallivm: Antonio Austregésilo, Antonio Braga, Carlos D. Fernandes, Cruz e Souza, Cunha Mendes, Dario Vellozo, Dias da Rocha Filho, Domingos Nascimento, Emimiano Pernetta, Euclides Bandeira, Gustavo Santiago, Ismael, Martins, Julio Pernetta, Leoncio Correia, Nestor de Castro, Nestor Victor, Romario Martins, Santa Ritta e Silveira Netto. Um grupo de poetas que também participaram de uma série de outras revistas, dentre elas O Cenáculo editada no Paraná, que também pode ser consultada neste dossiê.

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