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< Voltar para DossiêsRevista fluminense: semanario brasileiro – hespanhol
por Maria Ione Caser da Costa
A Revista fluminense: semanario brasileiro - hespanhol foi publicada no Rio de Janeiro, então capital federal, em dezembro de 1893.
O acervo da Hemeroteca Digital não contempla o exemplar de lançamento. Sua coleção é formada pelos números 2 e 3. O número 2, foi publicado no dia 16, e o terceiro no dia 23 de dezembro de 1893. Ambos possuem 8 páginas, sem qualquer ilustração, e foram diagramadas em duas colunas, separadas por um fio simples.
Na última página estão impressas propagandas de empresas parceiras, e, dentre elas consta o anúncio da gráfica responsável pela diagramação da revista. Nesse local o título está impresso com a mesma fonte da capa, porém com outro subtítulo: Revista fluminense: semanario artístico, litterario e recreativo.
Na ausência do exemplar de lançamento, não é possível apresentar o programa que os redatores elaboraram para elaborar a publicação, entretanto, com a leitura do segundo exemplar, pode-se saber que o periódico foi muito bem aceito. Com o título “A nossa recepção” os responsáveis pela publicação assim se manifestam:
No texto está um agradecimento à “colônia hespanhola, a quem muito prezamos”, e o reconhecimento que desde o início do projeto de criação da revista, deram “o valioso concurso das suas assignaturas”. Finalizam o texto despedindo-se: “Á todos um apertado amplexo”.
A redação da publicação estava localizada no número 38 da rua do Senado. Além da Revista fluminense, o local também recebia assinaturas de jornais ilustrados, publicados na Espanha, e executavam trabalhos tipográficos e litográficos para os interessados.
A publicação apresenta textos nos dois idiomas. As primeiras páginas em língua portuguesa e as últimas, que denominam “Seccion española”, todos os textos e poemas estão na referida língua.
Revista fluminense contou com dois redatores, um brasileiro: J. Albino Cabral, e outro espanhol: José Calan Ragel. O número avulso era vendido por 200 réis. Os valores das assinaturas eram de 10$000 para a anual, 6$000 para a semestral e a trimestral valia 3$500.
A publicação contou com vários colaboradores, dentre eles Alberto de Oliveira, A. Cesar, Felipe Perez, Francisco Silva, J. Albino Cabral, J. Cabralino, Juan Lopez Hurtado, Plagiographo, Raymundo Correia, Salvador Selles (1848-1938) e Dr. Zeca Lino. Com um viés literário, em suas páginas podem ser encontrados contos, poesias, crônicas e logorítimos, em língua portuguesa e hispânica.
A seguir selecionamos dois poemas: “Soneto” de J. Cabralino, e “A um ser infimo” de Salvador Selles.
Soneto (J. Cabralino)
Tudo quanto ha de bello sobre a terra Tudo quanto rescende á essencia pura, Tudo quanto ha de meiga e de doçura No teu todo gasil junto se encerra!
Tudo o que o ceu occulta, de ventura, E que no espaço azul peregrino erra É’s tu somente que possues na terra De mago encanto e santa formosura.
Vendo-te – é ver-se a densa da belleza, Ouvindo-te – é ouvir-se uma sereia, Fallar-te – é fallar-se á uma princesa...
Sentir-te o olhar, esse olhar que enleia, Que subjuga e vence com presteza,
E morrer-se de amor na doce teia!...
A um ser ínfimo (Salvador Selles)
Llora por tu pequeñez y tus destinos Recordando los genios seculares
Que hacen surgir de los nocturnos mares Mundos de resplendores matutinos;
Eses genios de paz evangelinos Redimen universos á millares, Desejando sacratísimos altares
En las estampas de sus piés divinos.
Lloras tu pequeñez...; pues no la llores, Que á pesar de tus sombras, tus errores, Tus vícios, tus instintos sanguinarios.
Sobre esta esfera superior, tú mismo, Tú fuiste un redentor en el abismo:
Mira, mira á lo lejos tus Calvarios!
O acervo da Hemeroteca Digital não contempla o exemplar de lançamento. Sua coleção é formada pelos números 2 e 3. O número 2, foi publicado no dia 16, e o terceiro no dia 23 de dezembro de 1893. Ambos possuem 8 páginas, sem qualquer ilustração, e foram diagramadas em duas colunas, separadas por um fio simples.
Na última página estão impressas propagandas de empresas parceiras, e, dentre elas consta o anúncio da gráfica responsável pela diagramação da revista. Nesse local o título está impresso com a mesma fonte da capa, porém com outro subtítulo: Revista fluminense: semanario artístico, litterario e recreativo.
Na ausência do exemplar de lançamento, não é possível apresentar o programa que os redatores elaboraram para elaborar a publicação, entretanto, com a leitura do segundo exemplar, pode-se saber que o periódico foi muito bem aceito. Com o título “A nossa recepção” os responsáveis pela publicação assim se manifestam:
Somos immensamente gratos pelo acolhimento benevolo dado pela imprensa e pelo publico ao nosso modesto periodico.
Á imprensa fluminense, agradecemos por não ter deixado passar despercebido o nosso apparecimento, quando as suas vistas e os seus patrioticos e ingentes esforços estão voltados para a Patria que se debate angustiosa com a revolução que tantas miserias nos causa.
No texto está um agradecimento à “colônia hespanhola, a quem muito prezamos”, e o reconhecimento que desde o início do projeto de criação da revista, deram “o valioso concurso das suas assignaturas”. Finalizam o texto despedindo-se: “Á todos um apertado amplexo”.
A redação da publicação estava localizada no número 38 da rua do Senado. Além da Revista fluminense, o local também recebia assinaturas de jornais ilustrados, publicados na Espanha, e executavam trabalhos tipográficos e litográficos para os interessados.
A publicação apresenta textos nos dois idiomas. As primeiras páginas em língua portuguesa e as últimas, que denominam “Seccion española”, todos os textos e poemas estão na referida língua.
Revista fluminense contou com dois redatores, um brasileiro: J. Albino Cabral, e outro espanhol: José Calan Ragel. O número avulso era vendido por 200 réis. Os valores das assinaturas eram de 10$000 para a anual, 6$000 para a semestral e a trimestral valia 3$500.
A publicação contou com vários colaboradores, dentre eles Alberto de Oliveira, A. Cesar, Felipe Perez, Francisco Silva, J. Albino Cabral, J. Cabralino, Juan Lopez Hurtado, Plagiographo, Raymundo Correia, Salvador Selles (1848-1938) e Dr. Zeca Lino. Com um viés literário, em suas páginas podem ser encontrados contos, poesias, crônicas e logorítimos, em língua portuguesa e hispânica.
A seguir selecionamos dois poemas: “Soneto” de J. Cabralino, e “A um ser infimo” de Salvador Selles.
Soneto (J. Cabralino)
Tudo quanto ha de bello sobre a terra Tudo quanto rescende á essencia pura, Tudo quanto ha de meiga e de doçura No teu todo gasil junto se encerra!
Tudo o que o ceu occulta, de ventura, E que no espaço azul peregrino erra É’s tu somente que possues na terra De mago encanto e santa formosura.
Vendo-te – é ver-se a densa da belleza, Ouvindo-te – é ouvir-se uma sereia, Fallar-te – é fallar-se á uma princesa...
Sentir-te o olhar, esse olhar que enleia, Que subjuga e vence com presteza,
E morrer-se de amor na doce teia!...
A um ser ínfimo (Salvador Selles)
Llora por tu pequeñez y tus destinos Recordando los genios seculares
Que hacen surgir de los nocturnos mares Mundos de resplendores matutinos;
Eses genios de paz evangelinos Redimen universos á millares, Desejando sacratísimos altares
En las estampas de sus piés divinos.
Lloras tu pequeñez...; pues no la llores, Que á pesar de tus sombras, tus errores, Tus vícios, tus instintos sanguinarios.
Sobre esta esfera superior, tú mismo, Tú fuiste un redentor en el abismo:
Mira, mira á lo lejos tus Calvarios!