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Revista fluminense: semanário, noticioso, litterario, scientifico, recreativo, etc, etc, etc.

por Maria Ione Caser da Costa
O periódico A Revista   fluminense, foi lançado em novembro de 1868, trazendo o seguinte subtítulo: semanário, noticioso, litterario, scientifico, recreativo, etc, etc, etc. Teve Pedro Orsini Grimaldi Pereira do Lago como proprietário e também colaborador.

O semanário foi impresso pela Typographia de Quirino & Irmão, que estava localizada na rua da Quitanda, nº 27, no Rio de Janeiro.

Os valores cobrados nas assinaturas para a “Côrte e Nictheroy” custavam 12$000 para as anuais, 6$000 para as semestrais e 3$000 a trimestral. Para as províncias as assinaturas aumentavam para 16$000, 8$000 e 4$000 respectivamente para anual, semestral ou trimestral. Os valores deveriam ser pagos adiantadamente, “como é de costume”, sendo as assinaturas adquiridas na tipografia ou “nas principaes livrarias da côrte”.

O longo texto de apresentação do novo periódico, assinado por “A redação”, recebeu como título “Introdução” e esclarece a importância do jornalismo para o crescimento do país como nação civilizada. Eis um excerto:

 
A missão do jornalismo, que em toda a parte é desempenhada com mais ou menos proficiencia, é a missão mais nobre a que póde aspirar o homem, quando elle se compenetra que a imprensa foi o primeiro vagido que deu o progresso

em seu nascimento, e há de ser o seu ultimo suspiro quando se debata nos paroxismos da civilisação que em sua decrepidez retrograde e morra em seculos que hão de vir.

Os fructos do pensamento que o jornalismo espalha no coração dos povos, são doces ao paladar da virtude, e acres, mas salutares ao do vicio e da prostituição dos costumes. [...]

Porque a imprensa é o pharol que indica ás náos sociaes os escolhos do oceano da vida, e aponta-lhes com segura verdade o porto de salvação. [...]

Como o iris colorido, que transparece com a luz dos céos, a Revista Fluminense, pois, apparece no horisonte das lettras animada pela esperança do bom acolhimento d’este publico.

Dar á todas as classes em geral, e particularmente á honestidade das famílias um meio de deleitavel instrucção e de ameno recreio, é no que se resume o programma d’este jornal.

A poesia e o romance dar-se-hão as mãos com as maximas, os proverbios e os pensamentos moraes, edificantes e religiosos; a historia e a biographia, com as noticias diversas e contemporaneas; as anedoctas e as lembranças espirituosas, com as charadas, os enigmas e os problemas, etc., etc.

De conformidade com o seu espirito, a Revista Fluminense pois, franquêa com prazer suas columnas a todas as pessoas, que saibão, queirão e possão honral-a com seus artigos, poesias, etc.; prometendo ser fiel e perseverante o quanto lhe fôr possivel no desempenho da obrigação que contrahe desde este momento em que recebe o baptismo da luz.

Na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional podem ser consultados os 12 exemplares da coleção. O último foi publicado em janeiro de 1869. Apesar de trazer no subtítulo a informação de ser um semanário, os fascículos não registram o dia da publicação, somente mês e ano. Foram lançados quatro exemplares em novembro, quatro em dezembro de 1868 e cinco exemplares em janeiro de 1869. Todos possuem 8 páginas divididas em duas colunas separadas por um fio simples. Não apresentou ilustração.

O semanário apresentou   algumas   colunas   fixas: “Profissionais Liberaes”, “Sciencias” e “Da Autoridade dos Evangelhos”. Publicou poemas, enigmas, charadas, contos, crônicas e notícias gerais.

Revista fluminense reúne a maioria de seus artigos na área literária. Publica também artigos religiosos de cunho cristão e artigos científicos.

Na última página do número 12, o periódico encerra suas atividades: “com este numero finda o 1º trimestre da assignatura da Revista Fluminense. Não podendo o proprietario deste jornal continuar á testa de sua redacção, e em virtude de contracto que vem de celebrar com o proprietario do jornal Revista da Semana, os Srs. assignantes continuarão, como até agora, a receber semanalmente as suas folhas.”

Seus colaboradores foram D. Anna de Menezes, A J. Gonçalves Lima, F. M. Mello e Oliveira, Grimaldi, L. M. Pecegueiro, M. Frayssinous, M. Boutigny, Dr. M. J. Rodrigues, Pérsico, Rosini e Zero. A seguir um poema de Grimaldi com o título “Soneto”.

 

Soneto

Tal como a grata lua que decóra

De luz a parda nuvem que, surgindo,

Vem no vasto horisonte sacodindo

Prantos saudosos que a procella chora;

 

Ou como a negra sombra que descóra,

E nas azas opacas vai fugindo

Apenas os primeiros vem fulgindo

Raios brilhantes da rosada aurora:

 

Assim ao te avisar de novo, Elysa,

A dôr da atrós saudade desfallece,

E de prazer meu pranto se deslisa.

 

Quando a luz de teus olhos me apparece

Tudo em torno de mim se divinisa,

Tudo quanto soffreu minh’alma, esquece!

 

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