BNDigital

Periódicos & Literatura

< Voltar para Dossiês

Revista nova (SP 1907)

por Maria Ione Caser da Costa
Revista nova é o título de publicação editada em março de 1907, na cidade de São Paulo, quando esta passava de província à metrópole. Sua designação numérica inicia com o ano 1, número 5, pois dá sequência à numeração do antigo título: Imprensa Academica.

Em destaque emoldurado na capa do primeiro exemplar da Revista nova, lê-se a seguinte informação: “Rogamos aos exmos. collegas transcrevam o summario, e noticiem que a ‘Imprensa Academica’, a contar deste numero, toma o titulo de ‘Revista Nova’, sendo, entretanto, escrupulosamente observado o seu primitivo programma”.

No acervo da Biblioteca Nacional constam, além do fascículo descrito acima, os números 6 e 7, publicados nos meses de maio e agosto de 1907. E os números 8 e 9, publicados respectivamente em janeiro e fevereiro de 1908.

O título que antecedeu a Revista nova ainda não foi digitalizado pela Biblioteca Nacional. A coleção completa está preservada no acervo e pode ser consultada na Coordenadoria de Publicações Seriadas. São os números de 1 a 4, publicados entre os meses de maio e dezembro de 1906.  Seu título completo é A Imprensa acadêmica: revista mensal.

A Revista nova era voltada para a arte com conteúdo cultural e literário. Seu diretor foi Villalva Junior, e foi impressa pela Typographia Maré, Monti & Comp., localizada na rua da Caixa d’Agua 1-E.  “Typographia á tracção elétrica - Maré, Monti & Comp” é como foi designado o nome da tipografia no primeiro fascículo.  A redação e a administração da Revista nova estavam localizadas na rua das Palmeiras, número 78.

O valor para venda do fascículo avulso era de 1$000, e as assinaturas valiam 3$000, 6$000 ou 12$000, para as assinaturas trimestral, semestral ou anual, respectivamente.

Como informado na capa do primeiro exemplar os editores da Revista nova, seguiriam o programa do título que a antecedeu, A Imprensa acadêmica, não fazendo, entretanto, qualquer menção a ele na nova revista. Na página onde normalmente os editores dialogam com seus leitores, dando informações do que pretendem publicar, encontra-se um artigo em homenagem ao Dr. Miranda de Azevedo (1851-1907), médico, jornalista, político e historiador, que havia falecido no dia 02 de março.

Com dezoito páginas cada exemplar, a Revista nova foi diagramada em duas colunas. Recebeu ilustrações de gravuras, desenhos a nanquim, diagramas e letras capitulares em estilos diferenciados.

A partir do número oito, a revista passa a ser editada também no Rio de Janeiro, com escritório na rua do Ouvidor, 124.

A Revista nova teve como colaboradores Affonso de Carvalho, Alvares de Azevedo (1831-1852), Flexa Ribeiro (1883-1971), João Vampré (1868-1949), Mario Pahim (1877-1958), Raul Pompéa (1863-1895), Rocha Pombo (1857-1933), Rodrigues Dória (1857-1938), Silva Passos, Tito Franco (1829-1899), Vicente de Carvalho (1866-1924), Candido de Carvalho e Carlindo Lellis (1879-1945). O soneto a seguir de Rufino Tavares, foi publicado na página seis do exemplar de número oito, publicado em janeiro de 1908.

 

A uma visão loira

Não sei quem és, não sei (que assim falle, consente)

Nunca ouvi murmurar o teu nome, Senhora,

Nem te conheço a côr aos olhos: simplesmente,

Sei que és linda e, que alem de linda, és muito loura.

 

Foi capricho, talvez. Certo é, que, de repente,

Me pediste, sorrindo, uns versos; tentadora,

Nos cabelos a luz da alvorada tremente

Trazias, quando o sol, lento, irrompe lá fora...

 

De um carinhoso amôr, guardo a lembrança perto...

- Visão de alguém que tinha os cabelos doirados

E inspirou-me da estrofe o fulgido concerto.

 

Vendo-te loira, assim, recordo os tempos idos...

São teus os versos, pois, que aqui deixo gravados,

- Echos de um coração docemente partido!

 

Parceiros