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A Escola: semanario illustrado scientifico, literario e noticioso

por Maria Ione Caser da Costa

No dia 21 de outubro de 1915, uma quinta-feira, aparece o primeiro número de A Escola, com o subtítulo de semanario illustrado scientifico, literario e noticioso.  Com “redacção, administracção e officinas” localizada no número 211 da rua General Câmara, no Rio de Janeiro, o número avulso era vendido ao preço de $400, no Rio, e a $500, no interior. A assinatura semestral custava 10$ e anual, 18$. Uma pequena nota esclarecia que as assinaturas poderiam ser “tomadas em qualquer época do anno”. A periodicidade era semanal, excetuando-se o de número cinco que teve um intervalo de 15 dias, em relação ao anterior.


Os diretores proprietários d’A Escola foram: Dionysio Silveira de Souza, Augusto Müller de Carvalho, Augusto Malta e Alcino de Oliveira Senna. “As relações commerciaes desta revista estão a cargo de seu diretor-gerente Augusto Müller de Carvalho”.


Cada exemplar tem em média 36 páginas, não apresentando, entretanto, numeração. As páginas iniciais e finais, assim como as segunda, terceira e quarta capas estão compostas por publicidade: Loteria O Lopes, Chapelaria Castro & Filho, “Sabão em forma líquida” Aristolino, Casa União-cyclista especializada em automóveis e bicicletas, Bota Fluminense oferecendo “borzeguins de casemira, gazpea de pellica e envernizada”, entre outros. Os anúncios aparecem emoldurados, alguns com ilustrações.


Todas as capas obedecem à mesma temática: mulheres angelicais cercadas de flores e véus. A impressão é em sépia variando a tonalidade. O retrato emoldurado é sempre de uma ilustre “professora estimada no magistério público primário”.


A Escola é fartamente ilustrada: fotos de pessoas que se destacaram nas “letras e na instrucção” e personalidades das mais diversas áreas, fotos de pontos turísticos (o bondinho do Pão de Açúcar), caricaturas e charges. Uma variedade de técnicas e possibilidades de impressão que sugerem uma tipografia de padrão industrial, naquele início de século XX. Seu primeiro editorial, Echos, é uma profissão de fé aos avanços dos negócios em torno da imprensa:


Eis-nos, enfim, apparecidos. Surgindo na vasta liça da publicidade periodica, trazemos como os cavalleiros antigos, a convicção do enthusiasmo que desperta a vida social. Todas, ou quase todas as manifestações da actividade humana, em nosso meio, encontrarão echo em nossa collunas sempre abertas aos esforços de uma parte do genio collectivo nacional.


Notícias e flagrantes das mais diferentes situações do cotidiano, novidades culturais, matérias relativas a estabelecimentos de ensino espalhados pelo Brasil. Crônicas, piadas, moda, medicina, belas artes, são temas sempre presentes nas páginas da revista. Uma coluna denominada “Poesia” é composta em letras decoradas e moldura. Uma revista destinada ao público em geral, com uma gama de colaboradores que vai do intelectual renomado aos “estudantes de todos os nossos estabelecimentos de ensino”.


Alguns dos colaboradores: Astrogildo Borges; Baby; Charles Bernnard; Corina Lage; Fábio Luz; Heráclito de Queiróz; Horácio Campos (1902-1964); Hortência Pyrrho; J. Quental; João da Aga; L. de Assis; Leôncio Correia (1865- 1950); Lili Vaz; Mario de Alencar (1872-1925); Nilo Antônio de Figueiredo; Rolim da Paz, A. Mello, Adelino Magalhães. Alguns assinam com pseudônimos: Brutus, Zezinho, K. Lado, Valerius, Ruy Barbo, Jacy, M. & Lio,  Tempestade, Pirralho, Veterano, Adhemar, Pinga Fogo.


A coleção da Biblioteca Nacional é formada pelos cinco primeiros números, não se tendo notícias da continuidade na publicação do título.

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