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A Juvenilia

por Maria Ione Caser da Costa

Na capital pernambucana surgia, a 15 de dezembro de 1875, um pequenino periódico. Ela aparece composto em 12 páginas, medindo apenas 15cm x 22cm. Traz como designação numérica o indicativo de “anno I, numero I”, indicando uma filiação ao periodismo, mas com uma especificidade que iria indicada no  seguinte texto introdutório:


“Estas paginas são destinadas a formar um livro, na maior parte escripto sobre assumptos diverssos, e não uma miscellanea dedicada às famílias. Em um paiz em que as lettras pouca ou nenhuma vulgarisação tem tido, apesar do apparecimento espontâneo de vocações litterarias, certamente é temeridade a publicação de uma revista.”


Diagramada como livro, a publicação trazia em seu conteúdo textos críticos e descritivos em formato de cartas, sobre a grandeza da natureza. Uma seção denominada “Vallisneria” e outra, “Cartas physiologicas”, de um certo J. Moleschott, com tradução de A. Cazelles. Encontramos apenas a assinatura do literato, nascido no Rio de Janeiro, Rangel de São Paio (João Zeferino Rangel de São Paio 1838-1893), que se preocupava em traduzir o conhecimento científico para os termos leigos, para assim, torná-los acessível a todas as pessoas.


Editado pela Typographia Mercantil, existe na Biblioteca Nacional apenas este exemplar que finaliza com um poema de E. de Carvalho , que leva o nome da publicação:





A Juvenilia

Avante, mocidade! Ao sol da intelligencia
ergueu-se do futuro a esplendida visão!
Tem para vós um livro, o livro da sciencia,
e aponta-vos sorrindo o templo da razão!

Tendes uma missão: cumpri-a. É pelo estudo
que alcançareis, mais tarde, as forças, a constancia
Para vós a sciencia é o poderoso escudo
que vos defenderá das trevas da ignorancia.

Dareis assim ao mundo , o mais sublime exemplo
do estudo e do trabalho ardente, fraternal!
Abriu-se para vós da intelligencia o templo!
Vinde beber a luz da crença e da moral!

Nunca desanimeis. Segui vosso destino,
seduzidos, emfim, da glória pela imagem!
Mocidade, marchai! Vós sois o peregrino
que chegará, por certo, ao termo da romagem.

Avante, mocidade! Ao sol da intelligencia
ergueu-se do futuro a esplêndida visão!
Sorrindo vos promette os louros da sciencia,
e os cantos immortaes da nova geração!

1875

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