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Cidade luz: edição quinzenal illustrada

por Maria Ione Caser da Costa
Com redação e administração na rua da Bahia, número 1065 em Belo Horizonte, Minas Gerais, uma das principais vias da capital mineira, veio à lume o periódico Cidade luz. O diretor presidente da publicação foi G. Machado, o diretor gerente foi Geraldo G. Nunes Coelho e J. C. Irineu de Araujo, o diretor-redator-chefe.

Seu subtítulo é edição quinzenal illustrada, e foi lançado a 15 de fevereiro de 1931. O que se pode notar folheando as páginas do único exemplar existente na Biblioteca Nacional é que seus editores se preocupavam com o crescimento da cidade, partilhando, deste modo, as noticias sociais e fragmentos literários.

Com um título grafado por dois sinais gráficos: ?! (o ponto de interrogação e o ponto de exclamação), eis o conteúdo do editorial:

Outra revista? Será possível? Numa cidade onde as Revistas se succedem umas ás outas, vivendo apenas a vida ephemera e curta de uma Primavera – a vida fugaz de uma manhã de verão, que os poetas de antanho reservavam ás rosas?
- Sim, é verdade. Vencendo o derrotismo de uns, o pessimismo de outros e a indifferença de quase todos, aqui estamos, modestamente, sem grandes pretensões e com muita boa vontade. E Bello Horizonte terá assim, quinzenalmente, um pequeno resumo de sua vida mundana, social e literaria.
Programma: presentear Bello Horizonte com uma Revista. Apenas isto. Nada mais.


A Biblioteca Nacional possui apenas este exemplar, que ainda não está digitalizado, podendo ser consultado na Coordenadoria de Publicações Seriadas.

Com vinte e oito páginas incluindo as capas, não numeradas, foi confeccionado com duas qualidades de papel: o miolo em papel acetinado, as seis primeiras e últimas páginas, incluindo as capas, são em papel jornal, estando mais danificadas.

Praticamente todas as páginas recebem ilustração em preto e branco, à exceção das primeira e última capas, que recebem matizes de azul e rosa. As ilustrações são fotos de ambientes internos e de paisagens. Desenhos com traços delicados ilustram as páginas que apresentam os poemas. Na capa a imagem de um homem em pé, num parapeito com colunas, admirando ao longe a luminosidade que se abre para a cidade.
As informações a seguir aparecem grafadas ao pé da página: nome da revista, número publicado e o valor de compra.

Cidade de luz foi vendida ao valor de 1$000. Não aparece valor de assinatura.

Dentre as notícias veiculadas em Cidade luz, destaque para duas: a primeira, publicada na página [19], lamenta a morte de Graça Aranha (1868-1931), “pela surpresa e brutalidade do golpe e pelo papel de relevo excepcional que elle representou para a nossa literatura”. Graça Aranha foi diplomata, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras. Na Semana de Arte Moderna que ocorrera em 1922, ele se destacou, sendo um dos organizadores. Seu falecimento deu-se no final de janeiro de 1931, e é possível supor que tivesse ocorrido no período em que os editores preparavam o número de lançamento da publicação.

A segunda notícia é sobre um grande concurso internacional de fotografia que aconteceu naquele ano. O “Concurso internacional Kodak ...sómente para amadores”. Ocupando as páginas centrais da revista, e com o título “Fama e fortuna”, os responsáveis pelo concurso indicam as condições e a relação de prêmios. “Com um simples instantaneo! Mil contos em premios. Mil oportunidades para V. S. ganhar.”

Este concurso foi muito divulgado no ano de 1931 por vários periódicos em nosso país. Dentre eles podemos citar alguns: Revista da semana, O Jornal, Diário da noite, Careta, O Cruzeiro, Correio da manhã e Fon Fon.

Colaboraram neste exemplar com poemas, notícias ou crônicas Caio Julio Cesar Vieira (P), Celso Licino (P), Eugenio Rubião, G. D., Guima Medo (P), Mario Martins (P), Silva Guahyba e Sylvia Patricia.

Um poema de Eugenio Rubião, publicado em Cidade luz pode ser lido neste dossiê, no item Personagens.

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