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Periódicos & Literatura

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O Album

por Maria Ione Caser da Costa
A revista O Álbum foi uma publicação lançada no Rio de Janeiro, então capital da República, em janeiro de 1893. Circulou, com algumas interrupções até 1895. Teve o poeta, contista e dramaturgo Arthur Azevedo (1855-1908) como diretor, e como agente geral, o poeta e jornalista Francisco de Paula Ney (1858-1897). O escritor e jornalista Valentim Magalhães (1859-1903), substituiu Arthur Azevedo nos números 21, 22 e 23, como pode ser confirmado nos exemplares 21 e 24 , quando este se ausentou para realizar uma viagem à Bahia.

As interrupções na circulação da revista aconteceram entre os meses de outubro de 1893 e abril de 1894 e de junho a setembro de 1894, coincidindo com os incidentes da Revolta da Armada.

O periódico foi impresso por H. Lombaerts & Cia. , litografia que funcionava na rua dos Ourives, número 7, Rio de Janeiro. Henrique Lombaerts (1845-1897) era impressor-litógrafo e um apaixonado por revistas de arte.

“Cavaco preliminar” é o título que Arthur Azevedo dá ao texto que apresenta seu periódico.

O Album publicará chronicas theatraes e do sport, romances, contos, phantasias, versos, etc., além de ligeiros artigos commentando os factos mais salientes do dia, com exclusão dos políticos, a que será completamente alheio. Entre os seus collaboradores figuram os primeiros nomes da nossa litteratura.

O hebdomadário não postava ilustrações ou charges, a cada número trazia impresso um retrato de pessoa ilustre no campo literário ou artístico, de modo geral, acompanhado de um esboço bibliográfico, como explica o editor:

Cada numero trará, fora do texto, um retrato de pessoa notavel, constituindo assim o Album, no fim de algum tempo, uma interessante galeria, na qual figurarão, em curiosa promiscuidade, todas as classes sociaes.
Parece-nos que na epoca de renovação que atravessamos, neste surgir constante de novas physionomias, nesta volatisação social de velhas figuras do segundo imperio, uma folha d’este genero terá mais tarde o seu valor documentario.


A lista dos notáveis retratados em O álbum é enorme: Carlos Gomes, Machado de Assis, Ismênia dos Santos, João Lopes, Furtado Coelho, Alcindo Guanabara, Monsenhor Brito, Joaquim Abílio Borges, Assis Pacheco, Martins Júnior, Alfredo Barcelos, Abdon Milanez, Olavo Bilac, Henrique de Mesquita, Ermelinda de Sá, Moreira Sampaio, Cândido Barata Ribeiro, Antônio Azeredo, José Carlos de Carvalho, Henrique Chaves, Eduardo Garrido, Domingos Freire, Antônio Dias Ferreira, Comendador Ribeiro de Carvalho, Abel Parente, Luiz Murat, Xisto Bahia, Afonso Celso, Cardoso de Meneses, Luís Gomes, Ferreira de Araújo, Francisco Portela, Valentim Magalhães, Antônio Jannuzzi, Fontoura Xavier, João Rosa, Henrique de Sá, Luís Cruls, Epitácio Pessoa, Augusto Rosa, João Batista Capelli, Artur Napoleão, João Clapp, Visconde de Alvarenga, Costa Sena, Francisco Vale, Cassiano do Nascimento, Silva Araújo, Moniz Freire, Marino Mancinelli, Alfredo Madureira, Coronel Lacerda, Lamounier Godofredo, Aluísio Azevedo e Leonor Rivero. A título de informação, pode ser observado que dos cinquenta e cinco biografados, apenas três são mulheres.
Nota-se a ausência de propagandas ou qualquer tipo de publicidade na publicação, confirmando a informação que finaliza o editorial de lançamento: “a empreza d’este periodico dispõe de recursos que lhe asseguram, pelo menos, um anno de existência, independentemente do auxilio publico”.

A coleção da Biblioteca Nacional está completa, formada pelos 55 números publicados, cada um deles com oito páginas. A paginação era continuada, formando um volume ao final de um ano de publicação com os 52 números lançados.

Os exemplares medem 24cm X 32cm, trazendo na parte superior da primeira página o título da revista, em letras no formato arredondado. As letras são ornamentadas com, um fino caule, e suas folhagens contorcidas. Observa-se também na letra A, o desenho de uma pena, alegoria das artes das letras. Acima do título, separado por um fio gráfico simples, a designação indicativa do mês e ano de cada fascículo e a data de publicação.

Logo abaixo do título, os nomes do diretor e agente geral, seguido da informação: “publica-se todas as semanas em dias indeterminados. O preço da assignatura é de 24$000 por série de 52 numeros, e de 12$000 por série de 25 numeros. Numero avulso 500 réis”. A partir do sétimo exemplar a venda é estendida também aos estados, e o valor cobrado é de 25$000 para a série de 52 números e 13$000 para a série de 25 números. Não existe informação sobre o valor de venda avulsa.

A venda avulsa era feita somente em quatro locais: “Livraria Lombaerts, rua dos Ourives n.7. Livraria Encyclopedica de Fauchon e Comp., rua do Ouvidor n. 125. Livraria Lachaud, rua Nova Ouvidor ns. 16 e 18. Companhia Photographica Brasileira, rua Gonçalves Dias n. 40”.

O tratamento gráfico das matérias e poemas é fino e cuidadoso. A mancha gráfica de todas as páginas é emoldurada com fios duplos simples, paralelos, com o fio do interior apresentando em cada canto uma filigrama composta em linhas curvas.

Muitos foram os colaboradores que participaram da publicação. A. C. de Menezes, Adelina Amélia Lopes Vieira, Adelino Fontoura, Adolfo Caminha, Alberto de Oliveira, Alfredo Bastos, Alfredo de Magalhães, Aluisio Azevedo, Alvares de Azevedo Sobrinho, Americo Moreira, Anibal Falcão, Arthur Andrade, Arthur Barreiros, Antonio Lima, Arthur Guimaraes, Avelar Filho, Belzebut, Bernardo de Oliveira, C. Bruneto, Cunha Mendes, Emilio de Menezes, Ezequiel Ramos Junior, Francisca Julia da Silva, Georgina Teixeira, Guimaraes Passos, Inês Sabino, Juan Gutierrez, Julio Cesar da Silva, Julio Salusse, Leônidas e Sá, Lucio de Mendonça, L. de M., Luiz Cassiano Junior, Luiz Murat, Luiz Rosa, M. V., Machado de Assis, Marcos Valente, Maria Clara da Cunha Santos, Martins Junior, Moreira Sampaio, Olavo Bilac, Osório Duque Estrada, Padre Correia de Almeida, Pardal Mallet, Paula Ney, Paulo Augusto, Pedro Rabelo, Plácido Junior, Raul Braga, Soares de Souza Junior, Temístocles Machado, Valentim Magalhães, Valério Mendes, Virgilio Várzea, Zalina Rolim, dentre vários outros.

Arthur Azevedo utilizou, como era seu costume, diferentes pseudônimos nas várias seções que escreveu entre eles: A.A.; A.; Eloi, o herói; Gavroche; Petrônio; Cosimo; Juvenal; Dorante; Cractchi; Passos Nogueira; Frivolino; X.Y.Z; Batista, o trocista; Amarante e O Licenciado Cosme Velho.

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