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O Sacy

por Maria Ione Caser da Costa

Vindo a lume na cidade de São Paulo, no dia 08 de janeiro de 1926, tendo como fundador e diretor Cornelio Pires, e na função de gerente, Vicente Ancona, O Sacy foi um semanário ilustrado, que se dedicava a ironizar os episódios políticos e sociais da época. O cartunista Voltolino, nome artístico de João Paulo Lemmo Lemmi, era o responsável pelos desenhos bem humorados que ilustraram um longo período de existência da publicação, traçando em suas páginas uma crônica daquele período da história.


Propriedade de ‘O Sacy, Ltda’, seu número avulso era vendido por $400. As assinaturas anual e semestral custavam 20$000 e 12$000, respectivamente. Foi composto e impresso no Estabelecimento Graphico Ferrari & Losasso, Th. Bayma, 2-C-E, e sua redação e administração funcionava na Ladeira Dr. Falcão, n. 2, sala 13, terceiro andar. A partir do décimo nono exemplar, passa a ser composto e impresso pela Typographia dos Irmãos Ferraz, localizada à Rua Vergueiro, 48A. Os números 55 e 56, dois últimos exemplares da coleção encontrada na Biblioteca Nacional, de 21 de janeiro e de 04 de fevereiro de 1927, respectivamente, foram impressos na Secção de Obras do Diário da Noite.


Cornelio Pires, seu editor e fundador, apresentou no primeiro editorial, subdivido em tópicos, quais foram suas intenções ao idealizar o periódico:


Lançamos hoje “O Sacy”, modesto e folgazão, com um programma de cabra escovado.


- “O Sacy” não é governista; é e não é opposicionista.


- “O Sacy” é e não é amigo de seus amigos, sendo e não sendo inimigo de seus inimigos.


- “O Sacy” é e não é brasileiro: pois tendo nascido em S. Paulo, nas vizinhanças do “Abaixo O’ Piques”, mandará menos que as hostes, formidavelmente dominadoras, do sempre acatado Mestre JuóBananére. [...]


- “O Sacy”, haja o que houver, se Deus quizer, garante no minimo, um anno de publicidades, para não lesar seus milhares de assignantes.


Após um ano de matérias irreverentes, e, com a ajuda de caricaturistas, a criação de personagens que se tornaram populares, no final daquele ano, Cornelio Pires vende os direitos da revista para Antônio Salgado e Menotti Chiarugi, com a promessa de continuar colaborando com a revista. No exemplar de número 52, lançado no dia 31 de dezembro, se despede com as seguintes palavras:


Agradeço a todos que me auxiliaram, assignantes, leitores e anunciantes.


A cada colaborador um abraço e a cada caricaturista dois abraços!


Em meio da jornada tombou Voltolino, o nosso querido e optimoVoltolino, o inegualavel e inimitável caricaturista. [...]


Peço aos meus amigos que continuem a dispensar ao meu querido “O Sacy” o mesmo auxilio até hoje generosamente dispensado.


Voltolino, um dos mais notórios caricaturistas da imprensa paulistana, participou ativamente na criação da revista, nela colaborando até o numero 31, de 06 de julho de 1926. A ilustração da capa do exemplar seguinte à sua morte, publicado em 13 de julho, bem como o editorial apresentam a notícia da morte do desenhista:


Faz hoje oito dias que foi sepultado Voltolino, um dos maiores caricaturistas brasileiros, talvez o maior delles, pois criou o “seu” traço, inconfundível e inimitável.


Ninguem como elle era capaz de, em dois rabiscos, apanhar o traço caricatural ou ridículo do individuo.


Vários foram os momentos e acontecimentos que O Sacy teve a oportunidade de divulgar em suas páginas. Como exemplo de colunas encontradas no semanário, destacamos: Artigo sem fundo, Os Nossos concursos poéticos, Sacy charadista, Sacy Caipira, Sacy desportivo, O Retrato grafológico e Camarins e camarotes.


São muitos os colaboradores de O Sacy, que quase sempre, assinavam seus textos com pseudônimos: Affonso Schmidt, Alpheu Canniço, Batiengolli, Brucha, Ego, Elio Reis, Luciano Gualberto,  Luis Pachola, Manduca, Sá-Cy, O Sacy, Sacy-curuçá,  Sacy-Velho, Sud, Sacy Botucudo, F. X. de Novaes, José Ferreira Lima (poeta sertanejo), Cesidio Ambrogi, Catulle Mendes e Vicente Ancona. O diretor Cornelio Pires utilizava os pseudônimos de Fidêncio ou Vadosinho Cambará.


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