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Vida pública

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Vida pública

Enquanto Lisboa se erguia dos escombros do Terremoto de 1755, ganhando novos prédios e avenidas, D. Maria foi aclamada. Em Portugal os reis eram Aclamados, não coroados. No terreiro do Paço, em Lisboa foram construídos palanques e camarotes para a aristocracia. Mas o povo entrou em delírio com milhares de pessoas aplaudindo a rainha e invadindo a galeria onde a cerimônia foi realizada. D. Maria encarava o poder com naturalidade e, enquanto o povo e os cortesãos festejavam, ela aceitava modestamente suas responsabilidades como parte de um trabalho cotidiano. Com impressos e versos, os portugueses também comemoraram a alegria de tê-la no poder.

O casal já estava habituado às “festas reais” pois, por ocasião de seu casamento, elas ocorreram em todo o Império. Para celebrar, o Rio de Janeiro festejou por três dias. Em Vila Rica, uma procissão e um Te Deum impressionaram pela quantidade de ouro exibida nas vestes dos participantes, inclusive escravos. Ou quando do nascimento do Príncipe da Beira, D. José Francisco, o primogênito: com fogos, procissões, corridas de touros, música, o povo aplaudia seus reis.  Os aniversários também eram celebrados “com muita magnificência”.

A presença da rainha podia não ser física, mas simbólica. Foi o que ocorreu quando da Inconfidência Mineira. A devassa contra os inconfidentes ocorreu entre maio e junho de 1789 e o alferes Silva Xavier, conhecido como Tiradentes foi preso. Lembrando-se das execuções que assistiu nos tempos em que Pombal mandava em Portugal, D. Maria se pronunciou contra a pena de morte, salvo em situação excepcional. Por isso, todos foram punidos com degredo, menos o chefe da conspiração condenado à força. Na igreja de Nossa Senhora do Carmo foi rezada uma missa solene com o retrato da rainha, instalado no arco do cruzeiro. Ela representava a paz que desejava para a colônia.

A vida pública de D. Maria e D. Pedro também consistia em viajar dentro de seu Reino. Iam à Caldas tomar banhos medicinais ou à Tapada da Vila Viçosa. Salvaterra de Magos era um destino habitual assim como Belém.  Caçavam na Lagoa da Albufeira ou frequentavam as corridas de cavalos em Queluz. Nessas andanças, encontravam gente do povo com quem conversavam, sem cerimônias. O casal frequentava o teatro onde assistia óperas italianas e ainda havia o “Beija-mão”, quando se abriam as portas do palácio para que os cidadãos se aproximassem da soberana para beijar-lhe as mãos.