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A ilha mítica de Hy Brasil compõe o imaginário irlandês há séculos. Presumia-se que estava situada próxima à costa sudoeste da Irlanda, quase sempre escondida por uma densa neblina que, a cada sete anos, desaparecia, revelando montanhas e cidades povoadas por seres sobrenaturais.

Hy Brasil também representava uma terra de puro deleite na mitologia grega, bem como a ilha dos abençoados procurada por São Brandão. O escritor Lope García de Salazar, ao reescrever a lenda do Santo Graal no século XV, substituiu a ilha de Avalon pela de Hy Brasil, a última morada de Artur. A partir do século XIV, a ilha passou a ser representada por cartógrafos ilustres, até que foi reduzida a uma rocha e, por fim, excluída dos mapas do alto almirantado britânico no século XIX.

Acreditava-se na existência de mais de uma ilha com nomes semelhantes. A Jnsola de Braçil, cujo nome derivava da palavra Brasil e se referia à madeira de tingimento vermelho, estaria situada nos Açores. Outra, próxima à Irlanda, conhecida por O’Brasil, Hy Brasil ou Breasail, teria sido batizada em homenagem a St. Breasail, ou St. Bresal, venerada figura da mitologia irlandesa.

Algumas dessas lendas colocam parcialmente em xeque a origem do nome dado pelos portugueses ao território sul-americano, que viria da madeira pau-brasil. Essa ideia foi compartilhada pelo irlandês Roger Casement, Cônsul britânico no Brasil durante sete anos. Em suas palavras,

 

por mais estranho que possa parecer, o Brasil não deve o seu nome à abundância de certa madeira pau-brasil, mas à Irlanda. Acredito que a honra de nomear o grande país sul-americano pertence seguramente à Irlanda e a uma antiga crença irlandesa.

Curiosamente, em um dos contos de viagens marinhas da mitologia celta, a descrição de uma ilha fabulosa na qual havia jogos e música, e as pessoas eram sempre felizes e saudáveis, corresponde a características comumente atribuídas a esta vasta nação – hoje conhecida como Brasil.