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Durante três dias turbulentos em junho de 1828, a cidade do Rio de Janeiro experimentou um incidente singularmente violento: uma revolta militar em larga escala liderada por mercenários irlandeses e alemães descontentes, e reprimida com a ajuda de africanos e escravos afro-brasileiros.

A história começou em 1826, quando o imperador Dom Pedro I despachou um oficial irlandês do exército brasileiro – o coronel William Cotter – para sua Irlanda natal, com o propósito de recrutar um batalhão de estrangeiros para reforçar suas tropas na guerra em curso com a nascente República Argentina.

Definindo o empreendimento como uma “colonização agrícola” – no intuito de contornar as restrições ao recrutamento de irlandeses em exércitos estrangeiros –, Cotter reuniu rapidamente uma força de 3.100 irlandeses, mulheres e crianças.

Ao chegarem ao Rio, os emigrantes receberam um ultimato: para receber as terras prometidas, todos os irlandeses aptos teriam que se alistar no Exército Imperial Brasileiro por quatro anos.

Indignada, a maioria se recusou a obedecer e foi deixada à míngua, com rações escassas, em quartéis improvisados. Algumas centenas, no entanto, cederam, iniciando uma rixa amarga com seus companheiros migrantes.

Quando mercenários alemães descontentes se revoltaram contra a punição brutal de um membro de seu próprio batalhão, seus camaradas irlandeses se juntaram a eles em uma arruaça desenfreada de três dias de destruição da cidade e seus habitantes.

Após um período de inação das autoridades (em uma cidade desprovida de tropas regulares para reprimir a rebelião), um batalhão cerimonial foi convocado às pressas e, auxiliado por milicianos locais e escravos armados, empurrou os mercenários de volta para seus quartéis e os bombardeou até a submissão.

Os sobreviventes irlandeses da revolta foram reunidos e enviados de volta para casa em uma jornada que a maioria nunca completaria. Dentro de três anos, o imperador abdicaria de seu trono, sua autoridade fatalmente corroída pelos recrutas que ele tinha buscado para sua salvação.