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Albrecht Dürer

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Albrecht Dürer


Gravador, desenhista e pintor, nasceu em Nuremberg, maior centro de produção gráfica da Alemanha, em 21 de maio de 1471. Terceiro dos 18 filhos de um ourives, demonstrou desde cedo habilidade para o desenho e o manuseio do buril. Fez experiências com a água-forte e a ponta-seca, tornando-se aprendiz do pintor Michael Wolgemut com apenas 13 anos de idade. Estudou gravura no ateliê do importante impressor alemão Anton Koberger. Já na adolescência, demonstrou grande interesse pelas gravuras de Martin Schongauer. Foi um artista erudito, apaixonado pelo Renascimento. Possuía profundo conhecimento da matemática e da literatura clássica greco-romana, tendo demonstrado interesse também pela filosofia e a arqueologia. Após completar sua formação, iniciou um período de viagens. Visitou Florença, Bolonha e Veneza (1494), onde
viveu durante um ano e meio (1505), entrando em contato com a rica produção de gravuras italianas. Também viajou para os Países Baixos (1520–1), quando estudou profundamente teorias sobre a proporção humana, a geometria e as fortificações, e escreveu poesia e sobre teoria da arte. Grande humanista, foi empregado pelo imperador Maximiliano i. Tinha profundo interesse pela natureza e pelos animais, retratando-os em diversas gravuras. Numa de suas viagens, contraiu malária, falecendo em sua cidade natal no dia 6 de abril de 1528, aos 57 anos.

Sua obra inclui sessenta telas, mais de cem gravuras em metal, cerca de 250 xilogravuras e mil desenhos, além de três livros impressos. Dois deles foram publicados em vida: Instrução para medições à régua e ao compasso, de 1525, e Tratado sobre fortificações, de 1527. O livro Sobre a proporção do corpo humano saiu logo após sua morte, em 1528. Entre as mais célebres obras produzidas pelo Dürer, destaca-se O Apocalipse, série de 15 xilogravuras dramáticas, consideradas uma das maiores criações da arte alemã. Tal obra trouxe ao artista de 27 anos de idade riqueza e fama em toda a Europa, tendo sido publicada em latim e alemão em Nuremberg em 1498.

A publicação se mostrou inovadora, já que até então as gravuras em livros ilustrados eram pequenas e apareciam no meio dos textos. Dürer subverteu a ordem de importância das informações, tendo o trabalho do artista passado a preponderar sobre o texto, impresso no verso das gravuras. As imagens gravadas por Dürer para essa obra, identificadas por seu monograma, baseiam-se em antigas representações do Apocalipse presentes nas versões então correntes nas bíblias impressas da época.

Entre as mais completas gravuras realizadas por Dürer a buril, encontra-se Adão e Eva (1504), obra em que ele, fazendo uso da medida áurea e utilizando a régua e o compasso na constituição das figuras segundo o estilo utilizado na Antiguidade clássica, traduz seu profundo interesse pelo estudo das proporções humanas. Adão e Eva foram inspirados nas esculturas de Apolo de Belvedere e Vênus, tendo sido entalhados em seus contornos com linhas delicadas, para depois serem detalhadamente preenchidos. A gravura exibe variedade de tons e texturas, além de sutis gradações de sombra e de luz.

Embora seu foco esteja nas figuras, a autêntica arte para Dürer está contida na natureza representada com maestria em seus mínimos detalhes. A inclusão de símbolos adicionais cria interesse visual por toda a gravura, a exemplo da serpente, personificação da desobediência e da provocação a Deus; do galho na mão de Adão, que representa a árvore da vida; e de vários animais, como o papagaio, a cabra no topo do penhasco, o rato, o gato, o coelho etc., presentes nesta belíssima gravura, sugerindo forte carga simbólica.
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