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Peccados

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Peccados

Peccados

DESPINDO-A

Laura, das tuas carnes delicadas,
alvas, como alva espuma,
quero arrancar as roupas perfumadas,
uma por uma.

Quero nas minhas mãos cada colchete,
rápido, vèr saltando,
as barbatanas finas do collete
desapertando.

Quero sob a baptiste do corpinho
a nítida frescura
ver d'essa tez de lyrios e de arminho,
setínea pura.

Ver as saias cahirem pelo solo,
em flocos, mansamente,
e, palpitando, teu nervoso collo
bater tremente.

Ver teus seios de cutis fina e lisa,
rósea da cor dos jambos,
quando arrancares, lépida, a camisa
saltarem ambos.

E, nua emfim, ver o teu corpo claro,
n'um rápido momento,
surgir formoso n'um divino e raro
deslumbtamento.

Fique somente o alvor sobresahindo
das magestosas pernas,
as tuas negras meias te cingindo,
ciosas, ternas...

Como um manto de noites de tormentas
sobre as espáduas tuas
role o cabello em ondas opulentas
nas formas nuas!

Lânguida, então, ó minha doce amante,
faz teu corpo perfeito
reclinar-se despido e triumphante,
no fofo leito...

Deixa do amor os sensuaes harpejos
nos teus bellos contornos
vibrar meu lábio em carinhosos beijos
lentos e mornos...

Que, então, febrentos, em supremo arranco,
em sublimes anceios,
palpitem, rijos, com teu corpo branco
teus hirtos seios...

E, quando, emfim, se consumar dos gosos
a fúria enfebrecida,
cinge-me ainda em sonhos venturosos
desfallecida...

Págs. 135-137