Heitor Villa Lobos

Heitor Villa Lobos

Heitor Villa-Lobos

Nasceu no Rio de Janeiro em 1887, iniciando seus estudos com seu pai, que ensinou-lhe teoria musical, além de violoncelo e clarinete.

Villa-Lobos gostava do Rio boêmio, o Rio dos chorões. Com a morte de seu pai, em 1899, libertou-se aos poucos da austeridade familiar. Em 1903, terminou os estudos básicos no Mosteiro de São Bento. Sua mãe desejava que ele seguisse a carreira de médico, como a maioria dos jovens de sua idade, mas ele queria ser músico. Desobedecendo as ordens maternas, saía de casa e juntava-se aos grupos de choro, tocando violão em bares, festas e serenatas. Foi nessa época que o jovem compositor conheceu músicos famosos como Catulo da Paixão Cearense, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros, João Pernambuco.

No período que vai de 1905 até 1912, Villa-Lobos realizou suas famosas viagens pelo norte e nordeste do país.As experiências adquiridas nessas viagens resultaram, mais tarde, em um de seus trabalhos mais importantes, O Guia Prático, uma coletânea de canções folclóricas destinadas à educação musical nas escolas, pois ele as considerava ” as raízes da nossa nacionalidade”.

Em 1915, Villa-Lobos realizou, no Auditório do Jornal do Comércio, o primeiro concerto dedicado às suas composições. Por essa época, já tinha composto suas primeiras peças para violão Suíte Popular Brasileira, inúmeras peças para música de câmara, sinfonias e os bailados Amazonas e Uirapuru. Seus concertos passaram a ser alvos da crítica, que os considerava “modernos demais” para o público brasileiro. As reações negativas partiram principalmente dos críticos Vicenzo Cernicchiaro e Oscar Guanabarino, destacando-se este como o crítico mais reacionário da obra de Villa-Lobos e da música moderna em geral.

À medida que se apresentava em teatros no Rio e São Paulo, suas composições ganhavam notoriedade, passando a ser conhecido como um compositor “moderno e diferente”. Na verdade, Villa-Lobos destacava-se como um iconoclasta, um revolucionário que provocava um rompimento definitivo com a música acadêmica, ou “música papel”, como ele mesmo denominava. Em 1919, a Associação Wagneriana de Buenos Aires organizou um concerto de música de câmara brasileira. Villa-Lobos esteve presente com o Quarteto de Cordas Nº 2, sendo recebido muito bem pela crítica especializada do Jornal La Prensa. A partir daí, a carreira do maestro ganhou impulso e reconhecimento.

Em 30 de junho de 1923, Villa-Lobos viajou para Paris financiado por amigos do Rio, principalmente pelos irmãos Guinle. A intenção do compositor não era aprender com a vanguarda musical européia, e sim, mostrar seu trabalho e trocar informações. Com o apoio do pianista Arthur Rubinstein e Vera Janacópulos, famosa cantora brasileira residente em Paris, Villa-Lobos foi apresentado ao meio artístico parisiense, que vivia, nessa época, a euforia surrealista. Andre Breton lançaria no ano seguinte o Manifesto Surrealista, o poeta Paul Éluard revolucionava a literatura e Picasso renovava os conceitos das artes plásticas.

Devido à falta de recursos financeiros, Villa-Lobos retornou ao Brasil em final de 1924.

Em 1927, Villa-Lobos retornou à Paris acompanhado de sua esposa Lucília Guimarães, a fim de realizar novos concertos e iniciar negociações com o editor Max Eschig.

No final desse ano, dois concertos realizados na Salle Gaveau projetaram seu nome de forma definitiva no cenário musical europeu. Suas obras, na ocasião, foram apresentadas em audiência especial para o meio artístico parisiense, tendo, como intérpretes, alguns dos melhores músicos europeus: Rubinstein, TomásTéran, Aline Van Barentzen, entre outros. Regendo ele próprio a Colonne Orchestra e o Art Choral, Villa-Lobos foi muito aplaudido.

Com a vitória da Revolução de 30, Vargas passou a semear pelo país o tão sonhado sentimento de nacionalidade. Estava em seu auge o projeto modernista, que congregava intelectuais como Graça Aranha, Plínio Salgado e Mário de Andrade. Instaurado o Governo Provisório,Villa-Lobos foi convidado pelo interventor de São Paulo, João Alberto Lins de Barros, para apresentar seu plano de educação musical. Em 1931, com apoio do governo paulista, iniciou a Excursão Artística Villa-Lobos.

De volta ao Rio em 1932, numa cerimônia realizada na Universidade do Rio de Janeiro, Villa-Lobos anunciou seu programa cultural, que atacava os professores de música e criticava o futebol e o rádio. Suas idéias ganharam destaque e geraram muita polêmica.

A convite do Secretário de Educação Anísio Teixeira, Villa-Lobos assumiu a direção da SEMA (Superintendência de Educação Musical e Artística). A partir de então, a maioria de suas composições se voltou para a educação musical nas escolas. Em 1933, foi organizada a Orquestra Villa-Lobos, com fins educativos e cívicos.

O ensino e a prática do canto orfeônico nas escolas se destacaram como o principal objetivo do projeto educacional de Villa-Lobos.

Em 1936, Villa-Lobos foi convidado para apresentar seu plano educacional no I Congresso de Educação Musical de Praga, sendo o único representante da América Latina. Durante essa viagem, escreveu à sua esposa Lucília pedindo a separação. A partir de então, assumiu seu romance com Arminda Neves de Almeida, que tornou-se sua companheira por toda a vida.

Em 1944/45, Villa-Lobos viajou aos Estados Unidos para reger as orquestras mais famosas da América, como a Boston Symphony Orchestra e a New York City Symphony. Em Nova York, o maestro brasileiro foi homenageado pela comunidade artística norte-americana no Waldorf Astoria. Na recepção estavam presentes os maiores expoentes da música mundial: Duke Ellington, Benny Goodman, Toscanini, Copland, Stokowski, entre outros. A partir desse momento, a carreira internacional de Villa-Lobos ganhou enorme impulso. Dois anos antes de sua morte, o maestro foi convidado pela Metro Goldwyn Mayer para compor a trilha musical do filme Green Mansions, cuja música ele intitulou “Floresta do Amazonas”. Realizou concertos em Roma, Lisboa, Paris, Israel, além de marcar importante presença no cenário musical latino-americano, com tournées pela Venezuela, Argentina e Chile.

Praticamente residindo nos EUA de 1957/1959, Villa retornou ao Brasil em janeiro de 1959 para as comemorações do aniversário do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Com a saúde abalada, foi internado para tratamento médico, vindo a falecer em novembro do mesmo ano.

Fonte: http://www.bn.br/fbn/musica/vlobos.htm