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14 de julho | Inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

14 jul 2020

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Os 111 anos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Um dos mais importantes e belos teatros brasileiros, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, localizado na Cinelândia, Centro da cidade, foi inaugurado em 14 de julho de 1909. Completando seus 111 anos, em 2020, essa majestosa obra arquitetônica contém pinturas elaboradas por Eliseu Visconti, Henrique Bernardelli e Rodolfo Amoedo, bem como esculturas de Rodolfo Bernardeli, artistas de renome à época de sua construção.

Eliseu Visconti é o artista com maior quantidade de obras presentes na ornamentação do teatro, tendo executado as pinturas do pano de boca, do teto sobre a plateia e friso sobre o palco, e do foyer do teatro, pinturas que são consideradas obras-primas da arte decorativista no Brasil. Rodolfo Amoedo foi responsável por oito pinturas nas paredes laterais das rotundas do foyer, sendo de Henrique Bernardelli, por sua vez, a autoria das pinturas dos tetos das duas rotundas (Jornal Illustrado). Uma das peculiaridades do prédio, entretanto, é o restaurante Assirius, em seu subsolo, por sua decoração em estilo assírio (O Malho).

Foi inaugurado durante a prefeitura de Souza Aguiar (1906-1909), embora a obra tenha sido iniciada no governo de Pereira Passos (1902-1906), no processo de reurbanização da então Capital da República que, com a abertura da Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, procurou dar um ar europeu, mais especificamente parisiense, à cidade. O Theatro Municipal funcionaria não só como peça de arquitetura urbana, mas também como polo de concentração cultural, oferecendo seu espaço para apresentação de peças, óperas, ballets e artistas nacionais e internacionais.

Imaginada desde meados do século XIX, a ideia de um teatro nacional, com uma companhia artística estatal, teve no ator e encenador João Caetano (1808-1863) um de seus maiores incentivadores. No entanto, somente ao final do século, com a atuação do dramaturgo Arthur Azevedo (1855-1908) que levou a discussão sobre a construção de um teatro aos jornais de sua época, a ideia passou a se concretizar. Azevedo, infelizmente, veio a falecer sem constatar da conclusão da obra, nove meses antes da data da inauguração (A Pacotilha).

Em 1903, o Prefeito Pereira Passos abriu uma concorrência pública para a escolha do projeto arquitetônico, concurso para o qual foram recebidas sete propostas. Após empate entre os dois primeiros projetos selecionados - Aquilla, que seria “secretamente” do engenheiro Francisco de Oliveira Passos, filho do prefeito, e Isadora, do arquiteto francês Albert Guilbert, vice-presidente da Associação dos Arquitetos Franceses - optou-se pela fusão dos dois premiados, pela semelhança de traços inspirados na Ópera de Paris.

A construção do prédio começou em 2 de janeiro de 1905, com a colocação da primeira das estacas madeira de lei, das 1180 sobre as quais o prédio está erguido. Sua pedra fundamental foi lançada em 20 de maio daquele ano e, além dos artistas renomados mencionados anteriormente, foram recrutados artesãos europeus para a criação dos vitrais e mosaicos. Ao ritmo acelerado, com mais de 250 operários trabalhando em dois turnos, em pouco mais de um ano a vultuosidade da construção já podia ser visualizada.

Inaugurado cerca de quatro anos depois do início das obras, pelo então Presidente Nilo Peçanha e pelo Prefeito Souza Aguiar, em 14 de julho de 1909, mesma data de comemoração da Revolução Francesa, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro teria capacidade para 1.739 espectadores, oferecendo espetáculos que prometiam dar destaque às artes nacionais. O primeiro espetáculo encenado foi a ópera Moema, de Delgado de Carvalho (Música). O edifício seria o primeiro dos que comporiam, anos mais tarde, corredor cultural da praça da Cinelândia, juntamente como o prédio da Biblioteca Nacional (1910) e do Museu Nacional de Belas Artes (1937).

Administrado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, apesar de sua denominação ser Theatro Municipal, atualmente o teatro é dirigido pela Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que tem Aldo Mussi Teixeira como presidente e André Heller-Lopes como diretor artístico.
Além dos espetáculos das temporadas líricas, encenados especialmente pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e pelos Coro e Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o teatro conta ainda com exibição de companhias internacionais de ballet, ópera e peças teatrais. Bem como, durante as décadas de 1940 a 1980, o espaço era utilizado para as comemorações carnavalescas (O Cruzeiro), abrigando foliões nos elegantes concursos de fantasias das festas do Reinado de Momo (A Cigarra).

O Theatro, que passou por várias reformas e teve a capacidade de público aumentada para 2.252 lugares, entrou em processo de restauração, durante os anos de 2007 a 2010, para os festejos de comemoração de seu centenário, tendo sido totalmente restaurado ao estilo original, ao custo de mais de 70 milhões de reais. A restauração das paredes revelou obras feitas há mais de 80 anos, cobertas por anos de reformas e poeira. Mas, sem dúvida, as melhores surpresas foram encontrar um friso sobre o proscênio original, escondido num vão entre duas paredes acima da boca de cena, e uma passagem secreta. Para resgatar o dourado nos ornamentos do teatro, nos adornos e detalhes da fachada e da cúpula, foram utilizadas 219 mil folhas de ouro, importadas da Alemanha, além de 57 toneladas de cobre, e 1 500 novas luminárias e com mais de cinco mil lâmpadas.

Seu esplendor retornou com sua reinauguração, em 27 de maio de 2010, e faz-se necessário destacar que atualmente, em seu rol de atividades organizadas com a qualidade e a reconhecida excelência de seu corpo artístico, há espetáculos para todos os públicos, aproximando os cidadãos de sua cultura, inclusive a preços populares e para todas as faixas-etárias.

Explore os documentos:

Imagens do Theatro em periódicos

Illustração Brasileira

Brazil-Theatro

Iconografia sobre o Theatro

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Obras de Pereira Passos na Brasiliana Fotográfica


Foto da construção