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200 anos da independência | Estátua equestre de Pedro I

28 set 2021

Artigo arquivado em 200 anos da Independência
e marcado com as tags Biblioteca Nacional, Dom Pedro I, Independência do Brasil, Monumentos, Secult

No contexto das comemorações da Independência do Brasil, foi inaugurada, em 1862, a estátua de D. Pedro I na antiga Praça da Constituição, atual Praça Tiradentes, primeira escultura pública do Brasil.

A estátua foi realizada em Paris pelo escultor Louis Rochet (1813-1878), a partir do projeto do professor da Academia Imperial de Belas Artes João Maximiliano Mafra (1823-1908).

O projeto de construção da estátua em homenagem a D. Pedro I surgiu em 1825, foi o resultado de um processo que passou pela nomeação de uma comissão promotora da imagem em 1839 e 1853 até a instalação de um concurso público para seleção do projeto em 1855 e o lançamento da pedra fundamental em 1855 e a inauguração em 1862. O ritual de construção da imagem acompanhou a fase de consolidação da monarquia no Brasil.

A estátua de D. Pedro foi um monumento ícone para a criação e perpetuação da memória da constituição da nação brasileira. Nela estavam todos os elementos iconográficos fundamentais de representação da monarquia tropical brasileira: os brasões das vinte províncias simbolizando a unidade do império, a representação do país como indígena, correspondendo aos quatro grandes rios brasileiros (Amazonas Madeira, São Francisco e Paraná), o Brasil americano, mas também monárquico e português, na figura protagonista de D. Pedro com a declaração de independência na mão. Significativa da continuidade entre o passado e o futuro, o monumento registra os momentos em que a monarquia constrói a nação na figura da trajetória do seu fundador: nascimento, casamento, Dia do Fico, aclamação como imperador, coroação, ratificação da primeira constituição.

A narrativa fixada na imagem da escultura inspirava-se no quadro de François-René Moreau (1807-1860) da década de 1840 que retratava a proclamação da independência por D. Pedro I em cima do cavalo e que foi reinterpretada por Pedro Américo (1843-1905) no quadro “O grito do Ipiranga” em 1888. A cena fixou no imaginário brasileiro a narrativa histórica sobre a independência reforçada pela ideia da união do território sob um único comando político, a defesa da monarquia constitucional mobilizando o culto a nação onde o índio aparece idealizado como símbolo da nação recém emancipada e a escravidão silenciada.

(Seção de Iconografia)


BANCHIERI, Manoel. []. Rio de Janeiro, RJ: [s.n.], [1862]. 1 foto, papel albuminado, p&b, 23 x 32 cm.