BNDigital

200 anos da Independência | Maria Quitéria, heroína da luta de Independência do Brasil

21 ago 2021

Artigo arquivado em 200 anos da Independência
e marcado com as tags Biblioteca Nacional, Maria Quitéria, Secult

Maria Quitéria de Jesus (1792-1853), a baiana, filha de um proprietário de terras do sertão da Bahia que,ao invés de fiar e esperar um bom casamento, resolveu fugir de casa, se travestir de soldado com as roupas de seu cunhado e lutar contra as tropas portuguesas pela independência do Brasil.

Disfarçada de soldado Medeiros, sobrenome de seu cunhado, Maria Quitéria sabia atirar muito bem, montar a cavalo e lutar com bravura. Tanto que, mesmo após de ser descoberta no seu disfarce, continuou lutando e chegou a ser condecorada como primeiro cadete pelo general Labatut. Um decreto imperial lhe conferiu as honras de Alferes de Linha e foi condecorada com a Insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro.

Quando foi a corte para ser condecorada por D. Pedro, conheceu Maria Graham (1785-1842), preceptora da princesa Maria da Glória e amiga de Imperatriz Leopoldina. Maria Graham ficou muito impressionada com aquela mulher de cabelos curtos, inteligência fina e que fumava charutos após a refeição, pouco ortodoxa para a época. Ao escrever “Journal of a voyage to Brazil and residence there, during part of the years 1821, 1822, 1823”, Maria Graham dedica uma passagem do livro a Maria Quitéria. A imagem que ilustra este post pertence a este livro, publicado em 1824. A obra constitui um testemunho importante sobre o Brasil no processo de independência visto sob a lente feminina, que se impõe no seu relato. A imagem da mulher patriótica, da heroína brasileira na figura de Maria Quitéria ficou marcada nesta representação iconográfica. Um século depois, a gravura foi utilizada como matriz para a produção de um novo retrato, confeccionado por Domenico Failutti (1872-1923), a pedido de Affonso Taunay, para figurar no salão do Museu Paulista durante os festejos do centenário da Independência em 1922.

(Seção de Iconografia)

FINDEN, Edward Francis; EARLE, Augustus. Dona Maria de Jesus. London [Londres, Inglaterra]: Longman&Co. & J. Murray, 1824. 1 grav, água-tinta, p&b, 22,7 x 16,7 cm em papel 27,4 x 22 cm em papel 37,5 x 28,6 cm.