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Acervo da BN | 20 de maio de 1900, lançamento do periódico Revista da Semana

20 maio 2021

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A Revista da Semana era um periódico de variedades, uma revista de informação, arte, cultura e humor. Inaugurada em 1900, circulou até 1959. Foi criada por Álvaro de Tefé, filho do Barão de Tefé, e pertenceu ao Jornal do Brasil, vindo nele encartado como suplemento até 1915. Foi uma espécie de bisavó da Revista de Domingo do Jornal do Brasil.

Era uma das revistas ilustradas mais conceituadas do país. Seu primeiro número, de 20 de maio de 1900, que aparece reproduzido neste post, traz uma reportagem fotográfica sobre a festa do IV Centenário do Descobrimento do Brasil, aparecendo em destaque o Monumento do Descobrimento do Brasil, de Rodolfo Bernadelli, na Praça da Glória. A imagem, uma fotografia, inaugurava a fotogravura na imprensa ilustrada nacional.

A Revista da semana foi pioneira na utilização de novos processos fotoquímicos. Álvaro de Tefé morou muitos anos na Europa e trouxe as novidades gráficas de lá. Inaugurou uma nova forma de usar a fotografia consolidando a publicação da fotografia na imprensa. Como anunciava no seu primeiro número, a revista procurava dar “em excelentes gravuras, copiadas de fotografias, o que deva excitar a curiosidade pública”. A gravura não era mais só produzida pelos artistas a bico de pena, nem fixada nos jornais pela litogravura obtida a partir da fotografia.

Utilizavam um novo processo: a gravura se transformava no clichê obtido pelo processo de autotipia. Isto possibilitava imprimir, gravar no papel imagens obtidas por fotografias e transpostas a partir de fotografias. A revista também foi pioneira na utilização de clichês de tricomia conseguindo a impressão colorida. Os recursos que utilizava lhe deram medalha de ouro na exposição de novos lançamentos da imprensa em Turim, em 1911. As reportagens fotográficas eram o seu forte, sendo a mais reconhecida a cobertura da Revolta da Vacina em 1904. Algumas fotorreportagens eram inusitadas, chegavam a reconstituir, em estúdio, cenas de crimes, a fim de ilustrarem as matérias.

Inspirada nas revistas francesas, a revista dedicava seus temas a literatura, as notícias do cotidiano, crônicas políticas, moda, esporte. Contava com colaboradores importantes no mundo das artes e da literatura. Era uma revista eclética, nela estava Menotti Del Picchia, que seria o polemista oficial do futurismo e Olavo Bilac, o poeta parnasiano. Também escreveram para a revista João do Rio, Pedro Lessa, Angel Guerra, Felix Pacheco. Nas ilustrações os fantásticos Raul Pederneiras e J. Carlos, Luis Peixoto, Bambino.

Em 1915 a Revista da Semana foi comprada por Carlos Malheiro Dias, Aureliano Machado e Artur Brandão e o seu perfil editorial mudou. Passou a assumir mais as temáticas associadas ao feminino, um exemplo foi a seção “Jornal das Famílias”, tratando de economia doméstica, decoração e todos os assuntos ligados ao lar. Possuía também a seção “Consultório da Mulher”, espaço reservado às respostas às cartas das leitoras. Em 1948, a revista passou a homenagear, em seus números as atrizes do cinema mundial. Seu último número foi em 3 de janeiro de 1959. A Biblioteca Nacional possui a série completa da revista.

(Seção de Iconografia)

REVISTA da Semana. Rio de Janeiro, RJ: Offic. da Revista da Semana, 1900-1959. il. (alg. color.), partit ; 38x27. (Hemeroteca Digital para consultar todos os fascículos)