BNDigital

Cultura Pop | Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos

30 jan 2022

Artigo arquivado em Cultura Pop
e marcado com as tags Biblioteca Nacional, Ebal, História em Quadrinhos, Secult

O Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos é comemorado em 30 de janeiro em homenagem à primeira história em quadrinhos brasileira, publicada em 1869. Naquele ano, o autor da tirinha ilustrada, o cartunista ítalo-brasileiro Angelo Agostini, lançava “As Aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte”.

A data é celebrada desde 1984,cinquenta anos após a inauguração do primeiro suplemento juvenil de quadrinhos como um marco simbólico, assim definiu a Academia Brasileira de Letras e a Associação Brasileira de Imprensa. A homenagem é igualmente prestada pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo, que, junto ao Prêmio Angelo Agostini, incentiva profissionais dedicados às histórias em quadrinhos brasileiras.

Em princípio, as tirinhas ilustradas eram repletas de caricaturas guardando seu tom satírico e ao mesmo tempo de crítica política e social. Amplamente publicadas pela “Revista Ilustrada", fundada também por Angelo Agostini, “Vida Fluminense”, entre outras publicações. Parte inspiradas pelas charges de Manuel Araújo Porto-Alegre com sua revista humorística “A Lanterna Mágica”.

O segmento infantil recebe destaque já no século XX com a revista“Tico-Tico”, considerada a primeira revista em quadrinhos no Brasil, contando com a participação de grandes caricaturistas como J. Carlos, Alfredo Storne o próprio Angelo Agostini.

A partir da década de 1930 se inicia no Brasil a publicação de quadrinhas exclusivas para jornais correntes como “O Globo”, que lança “O Gibi” e“A Noite” com as publicações “O Lobinho” e “O Mirim”.A popularidade das tirinhas é tamanha que o suplemento se estende para a faixa juvenil através do lançamento de Zorro e Flash Gordon, produção de ficção científica que conquistou o público por gerações.

Dali em diante os títulos só multiplicaram. Dezenas de revistas do gênero foram lançadas. A Editora Brasil América Ltda, a EBAL, referência no segmento, é resultado da circulação dashistórias em quadrinhos de diferentes formatos e tratamento gráfico, fruto do investimento do jornalista russo naturalizado no Brasil, Adolfo Aizen, considerado o fundador das HQs no Brasil e do argentino César Civita, proprietário da Editora Abril.

Mandrake, Dick Tracy, Superman, Pato Donald e títulos brasileiros como Mazzaropi, Oscarito e Grande Otelo, Fred e Carequinha e O Capitão Z faziam a alegria da garotada, que se dividia entre thrillers de aventura e comédias de tipos, eternizadas nas figuras do caipira e do palhaço. As décadas de 1960 e 1970 são marcadas pelos sucessos do cartunista Ziraldo com a Turma do Pererê e Maurício de Souza, criador do fenômeno Turma da Monica, consumida até hoje pelos pequenos.

Para além das sagas infanto-juvenis, outros nichos de ficção despertam a curiosidade dos leitores, especialmente os títulos licenciados da DC Comics e Marvel Comics sinalizando a influência americana entre os veículos de comunicação no Brasil.Apesar da predominância de títulos estrangeiros, “Os Trapalhões em Quadrinhos” publicada pela Editora Bloch e Grupo Abril alcançou vendagem expressiva noseu período de produção (1980-1990).

Apesar da trajetória e os esforços das editoras em incentivar HQs brasileiras, as últimas décadas tem demonstrado pouca consistência no gênero. Bienais de quadrinhos são algumas das iniciativas para aquecer o mercado. Porém, pelas últimas décadas são os mangás japoneses que tem dominado a preferência do público. No entanto, com as mídias digitais a produção de HQs, em especial de mangás brasileiros tem crescido e conquistado visibilidade, vencendo inclusive prêmios na categoria, particularmente o “Brazil Manga Awards” promovido pela Editora JBC.

(Seção Iconografia)


Hemeroteca Digital: Revista Tico Tico de 15 de agosto de 1906.