Documentos Biográficos | Requerimento de Domingos Jozé de Souza solicitando alforria de seu filho
24 ago 2022Artigo arquivado em Série Documentos Biográficos
O “Projeto Documentos Biográficos: um retrato da vida cotidiana do Império (1808-1868)”, desenvolvido pela parceria entre a Fundação Biblioteca Nacional, o CONARQ e a UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, apresenta o requerimento de Domingos Jozé de Souza solicitando que lhe fosse concedida a alforria do filho que tivera com uma escravizada.
Domingos Jozé de Souza foi “creado de Vossa Magestade no emprego de fiel da Real Caza dos Arrojas”, onde serviu com honra estima, segundo declarou. Além disso, o suplicante relatou que por meio dos serviços prestados conheceu a escravizada Eugelica Roza e com ela teve um filho chamado de Joze Domingues, que foi batizado na Capela da Real Fazenda e que tinha agora cinco anos de idade. O requerente alegou não ter recursos para alforriar seu filho e por isso suplicava através deste requerimento que o Rei a concedesse. De acordo com o que consta no documento, a solicitação foi concedida.
O documento é datado de 1821, décadas antes do decreto de abolição, datado de 13 de maio de 1888. Apesar disso, tivemos movimentos abolicionistas ao longo do século XIX, que defendiam o fim do comércio de escravizados e da escravatura. Nesse contexto pré-abolição temos alguns escravizados obtendo sua carta de alforria, podendo ser a libertação gratuita ou paga. Entretanto, muitos senhores se aproveitavam e dificultavam as alforrias, mesmo as pagas: faziam exigências para a concessão da carta, alegavam que o escravizado deveria ser digno dela, ou seja, submisso. Importante destacar que a carta de alforria não significava o fim do trabalho escravo, pois muitos pagavam suas cartas por meio de serviços. A sociedade não acolheu os ex-escravizados, e as desigualdades sociais, o racismo e a exploração continuaram a acometer os negros no Brasil, mesmo após o processo de abolição.
O documento possui um bom estado de conservação, tem uma página e foi produzido no Rio de Janeiro, com a data de 21/04/1821. Para visualizar o documento, acesse o link da BN Digital: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mssc877_14.jpg
Referências:
Renata Linhares de Araújo, Graduanda em história pela UERJ
Guia de coleções da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional disponível:
https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/guia-colecoes-divisao-manuscritos-biblioteca-nacional.
Silva, Rodrigo Caetano. As Cartas de alforria: compras e concessões por livre e espontânea vontade. XXIX Simpósio Nacional de História ano 2017, ANPUH. Disponível: https://www.snh2017.anpuh.org/resources/anais/54/1501722337_ARQUIVO_ArtigoRevisado-AsCartasdeAlforria.pdf acessado 04/07/22
O preço da liberdade: As cartas de alforria da cidade de Sabará na última década de escravidão no Br acessado 04/07/22
Três grandes abolicionistas negros brasileiros - Mundo Educação acessado 11/07/22
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O documento é datado de 1821, décadas antes do decreto de abolição, datado de 13 de maio de 1888. Apesar disso, tivemos movimentos abolicionistas ao longo do século XIX, que defendiam o fim do comércio de escravizados e da escravatura. Nesse contexto pré-abolição temos alguns escravizados obtendo sua carta de alforria, podendo ser a libertação gratuita ou paga. Entretanto, muitos senhores se aproveitavam e dificultavam as alforrias, mesmo as pagas: faziam exigências para a concessão da carta, alegavam que o escravizado deveria ser digno dela, ou seja, submisso. Importante destacar que a carta de alforria não significava o fim do trabalho escravo, pois muitos pagavam suas cartas por meio de serviços. A sociedade não acolheu os ex-escravizados, e as desigualdades sociais, o racismo e a exploração continuaram a acometer os negros no Brasil, mesmo após o processo de abolição.
O documento possui um bom estado de conservação, tem uma página e foi produzido no Rio de Janeiro, com a data de 21/04/1821. Para visualizar o documento, acesse o link da BN Digital: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mssc877_14.jpg
Referências:
Renata Linhares de Araújo, Graduanda em história pela UERJ
Guia de coleções da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional disponível:
https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/guia-colecoes-divisao-manuscritos-biblioteca-nacional.
Silva, Rodrigo Caetano. As Cartas de alforria: compras e concessões por livre e espontânea vontade. XXIX Simpósio Nacional de História ano 2017, ANPUH. Disponível: https://www.snh2017.anpuh.org/resources/anais/54/1501722337_ARQUIVO_ArtigoRevisado-AsCartasdeAlforria.pdf acessado 04/07/22
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