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História do Brasil| 22 de fevereiro de 1939: encontrado petróleo em Lobato, Salvador/BA |

28 fev 2022

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O Óleo de Lobato: encontrado petróleo na Bahia!

Atualmente, sabe-se que o petróleo - óleo de origem fóssil, extraído das profundezas terrestres e que hoje possui vários usos, desde indústrias bélicas, até construção civil e de bens de consumo - já era utilizado na Antiguidade Asiática, em especial o betume - no asfaltamento de ruas, lubrificação de utensílios, etc. A indústria petrolífera, entretanto, surgiu no século XIX, com o refino do óleo para uso como combustível, dentre outras utilidades.

Depois da preponderância asiática, mais precisamente, do Oriente Médio de onde destacamos o Azerbaijão pelo grande volume de suas reservas, os países americanos também encontraram o recurso. Canadá e Estados Unidos o encontraram em meados do século XIX. No Brasil, desde antes da década de 1930, havia suspeitas da existência de petróleo, em especial na região Nordeste. Tão logo a prospecção sobre o material e sobre sua extração, refino e comércio, foi iniciada, vemos surgirem notícias, em 1934 (O Paíz), em 1936 (Correio do Povo, A Offensiva), até que, finalmente, foi confirmada a possibilidade de extração, em fevereiro de 1939 , no bairro de Lobato, subúrbio ferroviário de Salvador, na Bahia (Vida Doméstica).

Um dos principais defensores da existência e da abundância do petróleo, no Brasil, foi um escritor muito influente, advogado, empresário, que não se deixou abalar com o pessimismo de alguns pesquisadores acerca da viabilidade do recurso, em terras brasileiras. Estamos falando de Monteiro Lobato1, o mesmo que escreveu as histórias do Sítio do Picapau Amarelo e que, além de ocupar-se da literatura, também incentivou, através de cartas e textos, as pesquisas sobre petróleo no Brasil. A famosa afirmação “O Petróleo é nosso!”, utilizada nas campanhas da na fundação das Petrobras (empresa brasileira de exploração do recurso, fundada no governo de Getúlio Vargas - década de 1950), teria sido proferida pelo autor, em uma de suas entrevistas para rádios brasileiras. Monteiro Lobato integrava o coro dos que defendiam a existência do óleo (Gazeta Popular), estabelecendo, inclusive, sociedade com empresas de prospecção, entre 1932 e 1937: Cia Petróleos do Brasil, Cia de Petróleo Nacional e Cia Matogrossense de Petróleo (A Nação). Em 1937, Lobato chegou a publicar algumas historinhas infantis, como O Poço do Visconde (Gazeta de Notícias), como forma de trazer para as crianças algumas informações sobre as riquezas do país. Nessa linha, O Tico-tico (http://memoria.bn.br/DocReader/153079/42861 e http://memoria.bn.br/DocReader/153079/45651) também apresenta informações para os pequenos entenderem a importância do produto.

Os sentimentos subsequentes à descoberta em Lobato, oscilavam entre celebração - pois a mesma representaria uma potencial independência econômica do Brasil, frente às constantes quebras e crises econômicas que abalavam artigos de exportação agrícola -, e dúvida - já que os primeiros cálculos estimavam poucos litros diários do recurso (A Cruz). Assim, em uma verdadeira romaria (A Noite), comitivas de políticos, cientistas, jornalistas e chefes de governo passaram a visitar Salvador, e o bairro de Lobato, para acompanhar o estabelecimento dos poços e demais maquinários de extração e refino do petróleo (Carioca, Nação Brasileira).

Outras críticas à exploração do petróleo giravam em torno das dúvidas sobre quem seria o responsável por tal. O jornal A Manha, em um curto editorial ainda em 1935, sinalizava que somente com o interesse dos “americanos do Norte”, é que a produção seria iniciada, restando aos brasileiros, quando muito, ganhos indiretos.

Do lado dos entusiastas, a cidade de Salvador, que já havia sido capital do Brasil em tempos coloniais, agora era apresentada como provedora de mais uma riqueza nacional (Vamos Lêr!, Vida Doméstica). Riqueza essa que serviu para as comemorações e abertura dos jogos universitários em Santa Catarina, quando foi utilizada para o acendimento da pira olímpica (Folha Acadêmica). Além disso, por ocasião da II Guerra Mundial, houve grande aumento da demanda pelo petróleo, o que pressionou o país a acelerar a exploração do recurso (Nação Brasileira).

As riquezas geradas pela exploração e comercialização do petróleo, entretanto, não se resumem aos bens de consumo: os royalties gerados, quando devidamente destinados às áreas da saúde, educação, por exemplo, podem promover distribuição de igualdade social, oferecendo à população uma compensação parcial pela exploração ambiental. Compensação essa que deve ser responsabilidade tanto do poder público, quanto da sociedade civil e das empresas de exploração do petróleo (Saúde em debate).

Em 2012, ainda eram encontradas jazidas do combustível fóssil na Bahia (Correio Braziliense, http://memoria.bn.br/DocReader/364568_20/794). Entretanto, depois de mais de setenta anos de exploração de petróleo na Bahia, e já influenciada pela descoberta de jazidas no pré-sal, a Petrobras declarou que iria suspender a perfuração e extração em solo baiano (Jornal do Commércio, http://memoria.bn.br/DocReader/364568_20/22718).

Explore outros documentos:

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O Óleo de Lobato – Encontrado petróleo na Bahia, em 1939 (O Cruzeiro)