BNDigital

História do Esporte | As Olimpíadas e o esporte nacional do Japão

02 ago 2021

Artigo arquivado em História do Esporte
e marcado com as tags Olimpíadas, Secult, Sumô, Tokyo Olympics

Em 23 de julho de 2021, iniciaram-se os Jogos Olímpicos de Tóquio, atrasados em cerca de um ano pela pandemia de coronavírus. Menos de uma semana antes, em 18 de julho de 2021, encerrava-se o Torneio de Sumô de julho em Nagoya. São realizados seis torneios ao ano, sempre nos meses correspondentes aos números ímpares (janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro). Cada torneio dura quinze dias, e cada dia os lutadores, chamados de rikishi (de riki, "força", e shi, "guerreiro"), lutam uma vez. O vencedor é o que possuir mais vitórias.

Ao final do torneio, alguns são rebaixados; outros, promovidos. Uma semana depois de encerrados os Jogos Paralímpicos (em 05 de setembro), terá início o próximo Torneio de Sumô, desta vez na Arena de Sumô Ryôgoku, em Tóquio.

O sumô profissional, chamado em inglês de Grand Sumo e em japonês de Ôzumô, não é, ainda, um esporte olímpico. Os rikishi seguem uma disciplina bastante rígida de treinamento e alimentação; são figuras públicas e há enorme repercussão de seus pronunciamentos e atitudes em público. Quanto ao sumô, boa parte de suas regras e dos elementos presentes nas lutas até hoje remontam a séculos, possuindo significado religioso - por exemplo, a vestimenta usada pelos árbitros e o sal lançado pelos rikishi antes de entrarem no dohyô, o círculo de combate, para purificação.

O esporte nacional do Japão, em sua rica performance ritualística, não é restrito a cidadãos japoneses. Há muitos estrangeiros entre os rikishi, muitos deles galgando espaços de destaque, como os mongóis Hakuhô, Harumafuji e Kakuryû, o georgiano Tochinoshin e o nosso brasileiro Kaisei (Ricardo Sugano). Tradicionalmente, o sumô praticado fora do Japão, sem os elementos rituais, é considerado sumô amador.

Imagem extraída do livro "K. B. S. Foto Series on Japanese Life and Culture vol. I - Sports"

Algumas vezes, porém, o Ôzumô saiu do Japão para apresentações em outros países. No Brasil, tivemos, por uma semana, a presença dos rikishi no Ginásio do Ibirapuera, em junho de 19901. O telhado que cobre o espaço da luta, que remete a um templo xintoísta, e o dohyô foram trazidos do Japão. De fato, eles fazem parte do sumô profissional - nenhuma apresentação estaria completa sem eles.

Se estes elementos de natureza cultural são tão importantes, determinantes da própria prática do sumô profissional, é impossível imaginá-lo como esporte olímpico algum dia? Não necessariamente. Há praticantes de sumô como esporte em associações no mundo inteiro. Embora no Ôzumô não haja diferença por categorias de peso, no sumô dito amador essa divisão existe, como para as outras lutas e artes marciais. No Brasil, temos a Confederação Brasileira de Sumô, que divulga e promove o esporte. Seu presidente de honra, Sr. Hatiro Shimomoto, há cerca de vinte anos criou a modalidade de sumô feminino no Brasil "com a intenção de tornar o sumô esporte Olímpico", como registrado na página da Confederação.

Quanto tempo até que isto aconteça? Não aconteceu em 2021, mas talvez aconteça na próxima Olimpíada. O sumô tem fãs no mundo inteiro para isso.