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Império do Brasil | D. Pedro II na Exposição do Centenário da Independência dos Estados Unidos em 1876

04 jul 2020

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e marcado com as tags Dom Pedro II, Exposição Universal da Filadélfia, Independência dos EUA, Ulysses Grant

D. Pedro II chegou aos Estados Unidos, acompanhado por D. Teresa Cristina Maria e sua comitiva, em 15 de abril de 1876. Apesar de não ter sido uma viagem oficial como Imperador, Dom Pedro de Alcântara, como preferia ser chamado, percorreu diversos Estados, visitou muitas cidades. Durante sua estadia de quase três meses, tornou-se uma figura bastante popular no país.

O principal motivo da ida de D. Pedro aos Estados Unidos foi a Exposição Universal da Filadélfia – a Centennial Exhibition, que celebraria o Centenário da assinatura da Declaração de Independência. A Exposição foi inaugurada em 10 maio e se estendeu até 10 novembro de 1876. Foram construídos mais de 200 edifícios no Fairmount Park, representado os Estados americanos e diversos países, dentre os quais o Brasil.

O Imperador havia sido convidado pelo Presidente Ulysses Grant para participar da cerimônia de abertura da Exposição – oficialmente denominada “International Exhibition of Arts, Manufactures and Products of the Soil and Mine”. D. Pedro II e D. Teresa Cristina Maria acompanharam o Presidente Ulysses Grant e sua esposa Julia Dent Grant nos festejos. Durante a solenidade de inauguração houve a demonstração da máquina Corliss Steam Engine, um grande gerador que fornecia energia para outros equipamentos no Pavilhão de Máquinas (Machinery Hall); o Presidente Grant e D. Pedro acionaram o motor. D. Teresa Cristina participou com a Sra. Grant da abertura do Pavilhão das Mulheres.

D. Pedro retornou diversas vezes à Exposição Universal da Filadélfia nos meses de junho e julho, percorrendo todos os pavilhões. Dentre as novidades mostradas ao público estavam o telefone de Alexander Graham Bell e a máquina de escrever Remington. D. Pedro havia conhecido Graham Bell alguns dias antes, e quando este estava demonstrando sua nova invenção, D. Pedro participou da experiência: “Meu Deus, isto fala!”, exclamou admirado ao ouvir pelo receptor do telefone a voz de Graham Bell, que estava à distância com o transmissor. O Imperador foi o primeiro a comprar ações da empresa Bell Telephone Company, e um dos primeiros a possuir telefone residencial, no Palácio de Petrópolis, poucos anos mais tarde.

A participação brasileira na Exposição Universal da Filadélfia foi bastante significativa. A Comissão Organizadora Brasileira foi presidida pelo Conde d'Eu, com a colaboração do Visconde de Bom Retiro e do Visconde de Jaguari. O Brasil foi um dos poucos países a construir um pavilhão exclusivo, além de possuir seções especiais nos grandes pavilhões. A Seção Brasileira no Pavilhão Principal (Main Building) foi construída em estilo mourisco, lembrando o palácio de Alhambra. Foi construído também um pavilhão onde era servido o café brasileiro.

O Brasil expôs produtos agrícolas, tais como café, açúcar, algodão, tabaco, erva-mate. A Seção Brasileira no Pavilhão Agrícola (Agricultural Hall) foi toda decorada com algodão. Havia produtos tropicais, minerais, itens manufaturados como mobiliário, vestuário, peças de artesanato, material bélico. Foram expostos também obras de arte: pinturas, esculturas e fotografias, tais como quadros dos pintores Pedro Américo e Vitor Meireles, e trabalhos de importantes fotógrafos, como Marc Ferrez, Joaquim Insley Pacheco, Felipe Augusto Findanza e outros.

O Brasil participou oficialmente de cinco Exposições Universais ou Internacionais no século XIX: Londres (1862), Paris (1867 e 1889), Viena (1873) e Filadélfia (1876). Essas grandes exposições eram verdadeiros “espetáculos da modernidade”, onde eram divulgadas as novidades das ciências, cultura, técnica e arte, símbolos do progresso das sociedades industrializadas.

Selecionamos algumas imagens da Centennial Exhibition pertencentes ao acervo da Biblioteca Nacional. As fotografias em papel albuminado foram feitas pela Centennial Photographic Company, e fazem parte da Coleção Biblioteca Fluminense. As litogravuras são de Louis Aubrun. Os desenhos a nanquim são de Hermann Joseph Schwarzmann e Frank Furness. As ilustrações são do jornal O Novo Mundo : Periodico Illustrado do Progresso da Edade, de maio de 1876.



Fotografia do Pavilhão do Café do Brasil

Fotografia do exterior do Pavilhão do Brasil

Fotografia mostrando o estilo mourisco da Seção Brasileira no interior do Pavilhão Principal

Fotografia da Seção Brasileira no interior do Pavilhão da Agricultura, mostrando a decoração feita com algodão

Litogravura com vista exterior do Pavilhão Principal da exposição

Litogravura com vista exterior do Pavilhão de Máquinas

Litogravura com vista exterior do pavilhão da agricultura

Desenho arquitetônico feito por Schwarzmann da fachada principal do Pavilhão do Brasil

Desenho arquitetônico feito por Schwarzmann mostrando a lateral do Pavilhão do Brasil

Desenho feito por Furness mostrando a decoração feita com algodão da Seção Brasileira no Pavilhão da Agricultura

Motor Corliss sendo acionado pelo Presidente Grant e por D. Pedro, ilustração no jornal O Novo Mundo

Ilustrações no jornal O Novo Mundo mostrando a Imperatriz no Pavilhão das Senhoras, e o Presidente Grant declarando aberta a Exposição

O Presidente Grant e o Imperador percorrendo o Pavilhão Principal, ilustração no jornal O Novo Mundo

Ilustração no jornal O Novo Mundo mostrando o interior do Pavilhão Principal, com destaque para a Seção do Brasil