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Império do Brasil | Viagem de D. Pedro II aos Estados Unidos em 1876 – Observatório Draper

05 dez 2020

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Astronomia era um dos temas que despertava o interesse do Imperador D. Pedro II. Em sua viagem aos Estados Unidos ele visitou observatórios astronômicos em diversas cidades. Em julho de 1876, D. Pedro visitou os cientistas John William Draper e seu filho Henry Draper, que haviam construído um observatório em sua propriedade em Hastings-on-Hudson, próxima a Nova Iorque.

John William Draper (1811-1882) nasceu na Inglaterra e migrou para os Estados Unidos quando tinha 20 anos. Foi um importante cientista e atuou em diversas áreas: medicina, filosofia, botânica, química, história, fotografia, e publicou vários livros e artigos nessas áreas. Foi também professor de diversas disciplinas na Universidade de Nova York. Em 1831 casou-se com Antônia Caetana de Paiva Pereira Gardner, filha de Daniel Gardner, médico da corte de João VI, que havia nascido no Brasil.

John W. Draper foi um dos fundadores da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque (New York University Medical School) em 1841. Foi o primeiro presidente da Sociedade Americana de Química (American Chemical Society) em 1876, e foi eleito para a Academia Nacional de Ciências (National Academy of Sciences ) em 1877.

Suas pesquisas em fotoquímica possibilitou melhorias no processo da fotografia, que havia sido criada por Louis Daguerre em 1839. Também tornou-se um dos pioneiros da astrofotografia. Draper conseguiu produzir a primeira fotografia nítida do rosto humano em 1840, e também a primeira fotografia detalhada da Lua.

Assim como seu pai, Henry Draper (1837-1882) também foi médico e astrônomo. Com 13 anos já auxiliava seu pai na produção de microfotografias. Em 1859 tornou-se médico do Hospital Bellevue, e em 1866 foi nomeado reitor da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque. Em 1867 casou-se com Mary Anna Palmer, que muito colaborou em seus trabalhos de astronomia. Tornou-se também um dos pioneiros da astrofotografia, e em 1873 renunciou à medicina para dedicar-se às pesquisas de astrofísica e astrofotografia.

Fotografia (albuminada) da Lua feita por Henry Draper em 3 de setembro de 1863 em seu Observatório, utilizando o “Silvered Telescope 15 1/2 inches”. Pertence à Coleção D. Teresa Cristina Maria.

Em 1863 Draper obteve fotografias de alta qualidade da Lua, como a que destacamos aqui. Foi o primeiro a fotografar o espectro de uma estrela, de uma nebulosa e de um cometa: em 1872 fotografou a estrela Vega, em 1880 a Nebulosa de Orion, e em 1881 a cauda e a cabeça do Cometa de Tebbutt.

Henry Draper recebeu vários prêmios, diplomas e medalhas. Foi membro de diversas academias e sociedades científicas e fotográficas. Recebeu uma medalha do Congresso por dirigir a expedição dos EUA para fotografar o trânsito de Vênus em 1874. A cratera Draper na Lua foi batizada em sua homenagem.

Após a morte de Draper, sua viúva Mary Anna Palmer Draper fundou o Henry Draper Memorial, que financiou diversas pesquisas na área de fotografia astronômica, e também a publicação do Catálogo Henry Draper, dentre outras obras. A Medalha Henry Draper é concedida pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (National Academy of Sciences – NAS) para contribuições notáveis em astrofísica.

O edifício do Observatório Henry Draper foi designado Marco Histórico Nacional em 1975, e atualmente abriga a Sociedade Histórica Hastings-on-Hudson (Hastings Historical Society).

(Seção de Iconografia)


Fotografia (albuminada) da Lua feita por Henry Draper em 3 de setembro de 1863 em seu Observatório, utilizando o “Silvered Telescope 15 1/2 inches”. Pertence à Coleção D. Teresa Cristina Maria.