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Literatura | 255 anos do nascimento do poeta Bocage

15 set 2020

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Manuel Maria Barbosa du Bocage, um dos principais poetas portugueses do século XVIII, nasceu em 15 de setembro de 1765 em Setúbal.

Após os estudos secundários, teve uma carreira militar agitada. Alistou-se no Regimento de Infantaria de Setúbal e pouco depois na Academia dos Guardas-Marinhas, desertando em 1784. Reintegrado ao serviço militar, foi enviado a Goa (Índia) em 1786 e nessa viagem passou brevemente pelo Brasil e por Moçambique. Mais tarde, insatisfeito com sua colocação em Damão, desertou novamente. Em 1789 encontrava-se em Macau (China), de onde regressou para Portugal.

Chegando a Lisboa em 1790, associou-se à Academia das Belas Letras, ou Nova Arcádia, adotando o pseudônimo arcádico de Elmano Sadino. Foi preso em 1797, pesando contra ele a autoria de “papéis ímpios, sediciosos e críticos”, além de ser “desordenado nos costumes”, nas palavras do Intendente Geral da Polícia, Diogo Inácio de Pina Manique. Seguiu-se um período de cárcere no Limoeiro e posteriormente de “correção” no Convento de São Bento e no Hospício das Necessidades, pelos membros da Congregação do Oratório.

Autor de poesias líricas, satíricas e eróticas, Bocage enveredou também pela tradução, atividade que exerceu de forma intensa especialmente a partir de 1800, embora seja uma vertente menos conhecida de sua obra multifacetada. Na Casa Literária do Arco do Cego, foi tradutor assalariado e verteu para a língua portuguesa obras em francês e latim: “Canto heroico sobre as façanhas dos portugueses na expedição de Trípoli”, de José Francisco Cardoso (1800); “Os jardins ou a arte de aformosear as paisagens”, de Jacques Delille (1800); “O consórcio das flores”, de Demétrius de Lacroix (1801) e “As plantas”, de Ricardo de Castel (1801). Devido ao encerramento das atividades da Casa Literária em 1801, o poema “A Agricultura” de Rousset, traduzido por Bocage, foi editado posteriormente.

O poeta faleceu em 21 de dezembro de 1805 em Lisboa. Um monumento em sua homenagem, obra do escultor português Pedro Carlos dos Reis, foi erigido graças à iniciativa dos irmãos Antonio e José Feliciano de Castilho e inaugurado em 1871 na cidade de Setúbal.

Seção de Iconografia


Monumento a Bocage (Setúbal, Portugal). Fotografia de Francisco Rocchini, Coleção D. Teresa Cristina Maria.