Literatura | As faces de Monteiro Lobato através do Acervo e da Hemeroteca Digital da FBN
por Raquel Ferreira
06 jul 2021
e marcado com as tags JecaTatu, Monteiro Lobato, Secult, Sítio do Pica-Pau Amarelo
Batizado José Renato Monteiro Lobato (1882-1948), alterando depois seu nome para José Bento Monteiro Lobato, o escritor paulista, nascido em Taubaté - vindo de uma linha de fazendeiros que remonta aos tempos coloniais (O Cruzeiro) -, é referência brasileira em Literatura Infantil e tal é a sua importância que o dia 18 de abril, data de seu nascimento, é dedicado a comemorar-se o Dia Nacional do Livro Infantil. Sua trajetória profissional é ampla: jornalista, tradutor, autor de livros infantis e adultos, atuou ainda como empresário do meio editorial, proprietário rural, advogado e procurador.
Muitas são as críticas as suas obras de literatura infantil, pois, por ser um homem do século XIX, trazia uma visão de mundo atualmente problematizada. Entretanto, as críticas não inviabilizam o conjunto de sua obra, sendo ele um dos autores mais lidos e comentados até os dias de hoje, algo que se pode notar através de sua extensa fortuna crítica que conta com análises de Borges da Fonseca (Diário da Manhã), Amadeu Amaral (Panoplia), incontáveis notas editoriais na imprensa periódica, das quais ressaltamos O Furão, Correio do Norte, e O Município, artigo em que surge como referência para comentar-se a importância da leitura de jornais nas escolas (O Município).
Autor versátil, várias de suas fábulas e contos foram publicadas em jornais brasileiros, trazendo críticas muito bem elaboradas sobre as mazelas sociais existentes no país. Encontramos, em O Arealense, a fábula Os animais e a peste, uma discussão muito atual sobre as relações de desiguais entre poderosos e miseráveis. A Bahia Illustrada, apresenta o conto O Imposto único, uma reflexão contundente sobre o peso que o Estado exerce sobre os cidadãos mais pobres. O Estado de Florianópolis, nos traz O Velho, o Menino e a Mulinha, uma crítica às interferências alheias nas decisões pessoais de cada um. Sem contar o famoso Jeca Tatu, personagem que representaria o sertanejo paulista, em sua rusticidade e simplicidade (Illustração Pelotense), e que inspiraria, até mesmo, a criação de um periódico (Jeca Tatu).
Bibliotecária e Pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional, Ana Lúcia Merege, em um de seus artigos publicados sobre Monteiro Lobato, na BN Digital, nos conta um pouco sobre outra das facetas de Lobato: ao mesmo tempo em que escrevia, lançou-se no ramo editorial, um sonho acalentado desde longa data (Monteiro Lobato Editor). A indústria editorial brasileira, incipiente, ganha fôlego a partir da empreitada de Lobato (O Cruzeiro), que viria a publicar livros de autores como, Cornélio Pires (Diário da Manhã), Ribeiro Couto (Revista Souza Cruz), Paulo Setúbal, dentre outros.
Monteiro Lobato & Cia, como foi batizada a sua primeira editora nos anos 1920, também publicou as obras de autoria de seu proprietário. Nasceria, a partir dali, a famosa série Sítio do Picapau Amarelo - que, entre os anos 1970 e 1980, as crianças conheceram também através de uma das mais conceituadas séries brasileiras de televisão (O Cruzeiro) -, tendo como primeira obra "A Menina do Narizinho Arrebitado". Designado como 'livro escolar', o título foi remetido aos estados para a distribuição em escolas (Diário da Manhã). Ainda de acordo com a Pesquisadora Ana Merege, que também foi uma das curadoras da Exposição Monteiro Lobato, o Homem, os Livros, na FBN em 2019, as estratégias de venda montadas por Lobato incluíam, além da venda direta, uma novidade: a venda por consignação. Montando uma parceria com vários comerciantes e livreiros no país, cobriu mais de mil pontos de venda para as publicações da editora.
Em 1925, a editora inicial passava por dificuldades. Para superar a crise e evitar falência total, Monteiro Lobato e Octalles Marcondes Ferreira, seu sócio, abriram a Companhia Editora Nacional. Nessa empresa, dedicariam-se a publicar, especialmente, livros didáticos.
Lobato também atuou como tradutor de obras de Lewis Carroll (O Cruzeiro), C. Collodi (O Cruzeiro), Jack London (O Cruzeiro), entre outros autores, dendicando-se, majoritariamente, aos livros infantis. Caminhava, assim, ladeado por suas próprias palavras: "Dar aos meninos bons livros, adequados à idade, é o melhor meio de formar homens" (O Cruzeiro).
Nas palavras de M. De Abreu (Hoje), Monteiro Lobato é um dos paladinos mais convictos do nacionalismo; si não é um dos mais convictos, é, inilludivelmente, o maior vulto dessa campanha [sic]. Abreu, em seu artigo, convida, dessa maneira, o leitor a ter atenção para não cair em uma leitura superficial sobre as artimanhas dos brasileiros, retratadas por Lobato com ironia e sarcasmo em seus textos, características essas presentes em todas as faixas etárias, condições sociais, riqueza ou pobreza.
Monteiro Lobato faleceu em 4 de julho de 1948 (O Cruzeiro). Em seu centenário, comemorado no ano de 1982, vários foram os eventos que relembraram a trajetória do escritor brasileiro (O Cruzeiro).
Explore documentos:
Manuscritos
Carta a Coelho Neto
Carta a Lima Barreto
Cartas a Nelson Werneck Sodre
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mss1353583.jpg
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Acervo Digital
Livro A Menina do Narizinho Arrebitado
Livro Jeca Tatu
Artigos BN Digital
Merege, Ana Lúcia. 'Morte de Monteiro Lobato".
Hemeroteca Digital
Arealense
http://memoria.bn.br/DocReader/306746/2502
http://memoria.bn.br/DocReader/306746/2748
Bahia Illustrada
The Brazilian Review
O Cruzeiro
http://memoria.bn.br/DocReader/003581/7148
http://memoria.bn.br/DocReader/003581/8007
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http://memoria.bn.br/DocReader/003581/84664
O Dia
Diário da Manhã
O Estado de Florianópolis
Illustração Pelotense
Jeca Tatu
A Nota
O Jovem Monteiro Lobato (O Cruzeiro)
Muitas são as críticas as suas obras de literatura infantil, pois, por ser um homem do século XIX, trazia uma visão de mundo atualmente problematizada. Entretanto, as críticas não inviabilizam o conjunto de sua obra, sendo ele um dos autores mais lidos e comentados até os dias de hoje, algo que se pode notar através de sua extensa fortuna crítica que conta com análises de Borges da Fonseca (Diário da Manhã), Amadeu Amaral (Panoplia), incontáveis notas editoriais na imprensa periódica, das quais ressaltamos O Furão, Correio do Norte, e O Município, artigo em que surge como referência para comentar-se a importância da leitura de jornais nas escolas (O Município).
Autor versátil, várias de suas fábulas e contos foram publicadas em jornais brasileiros, trazendo críticas muito bem elaboradas sobre as mazelas sociais existentes no país. Encontramos, em O Arealense, a fábula Os animais e a peste, uma discussão muito atual sobre as relações de desiguais entre poderosos e miseráveis. A Bahia Illustrada, apresenta o conto O Imposto único, uma reflexão contundente sobre o peso que o Estado exerce sobre os cidadãos mais pobres. O Estado de Florianópolis, nos traz O Velho, o Menino e a Mulinha, uma crítica às interferências alheias nas decisões pessoais de cada um. Sem contar o famoso Jeca Tatu, personagem que representaria o sertanejo paulista, em sua rusticidade e simplicidade (Illustração Pelotense), e que inspiraria, até mesmo, a criação de um periódico (Jeca Tatu).
Bibliotecária e Pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional, Ana Lúcia Merege, em um de seus artigos publicados sobre Monteiro Lobato, na BN Digital, nos conta um pouco sobre outra das facetas de Lobato: ao mesmo tempo em que escrevia, lançou-se no ramo editorial, um sonho acalentado desde longa data (Monteiro Lobato Editor). A indústria editorial brasileira, incipiente, ganha fôlego a partir da empreitada de Lobato (O Cruzeiro), que viria a publicar livros de autores como, Cornélio Pires (Diário da Manhã), Ribeiro Couto (Revista Souza Cruz), Paulo Setúbal, dentre outros.
Monteiro Lobato & Cia, como foi batizada a sua primeira editora nos anos 1920, também publicou as obras de autoria de seu proprietário. Nasceria, a partir dali, a famosa série Sítio do Picapau Amarelo - que, entre os anos 1970 e 1980, as crianças conheceram também através de uma das mais conceituadas séries brasileiras de televisão (O Cruzeiro) -, tendo como primeira obra "A Menina do Narizinho Arrebitado". Designado como 'livro escolar', o título foi remetido aos estados para a distribuição em escolas (Diário da Manhã). Ainda de acordo com a Pesquisadora Ana Merege, que também foi uma das curadoras da Exposição Monteiro Lobato, o Homem, os Livros, na FBN em 2019, as estratégias de venda montadas por Lobato incluíam, além da venda direta, uma novidade: a venda por consignação. Montando uma parceria com vários comerciantes e livreiros no país, cobriu mais de mil pontos de venda para as publicações da editora.
Em 1925, a editora inicial passava por dificuldades. Para superar a crise e evitar falência total, Monteiro Lobato e Octalles Marcondes Ferreira, seu sócio, abriram a Companhia Editora Nacional. Nessa empresa, dedicariam-se a publicar, especialmente, livros didáticos.
Lobato também atuou como tradutor de obras de Lewis Carroll (O Cruzeiro), C. Collodi (O Cruzeiro), Jack London (O Cruzeiro), entre outros autores, dendicando-se, majoritariamente, aos livros infantis. Caminhava, assim, ladeado por suas próprias palavras: "Dar aos meninos bons livros, adequados à idade, é o melhor meio de formar homens" (O Cruzeiro).
Nas palavras de M. De Abreu (Hoje), Monteiro Lobato é um dos paladinos mais convictos do nacionalismo; si não é um dos mais convictos, é, inilludivelmente, o maior vulto dessa campanha [sic]. Abreu, em seu artigo, convida, dessa maneira, o leitor a ter atenção para não cair em uma leitura superficial sobre as artimanhas dos brasileiros, retratadas por Lobato com ironia e sarcasmo em seus textos, características essas presentes em todas as faixas etárias, condições sociais, riqueza ou pobreza.
Monteiro Lobato faleceu em 4 de julho de 1948 (O Cruzeiro). Em seu centenário, comemorado no ano de 1982, vários foram os eventos que relembraram a trajetória do escritor brasileiro (O Cruzeiro).
Explore documentos:
Manuscritos
Carta a Coelho Neto
Carta a Lima Barreto
Cartas a Nelson Werneck Sodre
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Acervo Digital
Livro A Menina do Narizinho Arrebitado
Livro Jeca Tatu
Artigos BN Digital
Merege, Ana Lúcia. 'Morte de Monteiro Lobato".
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Bahia Illustrada
The Brazilian Review
O Cruzeiro
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O Dia
Diário da Manhã
O Estado de Florianópolis
Illustração Pelotense
Jeca Tatu
A Nota
