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“O natural seria viver por amor à vida.”
[Veríssimo, Érico. Manchete, 1971, p. 96].

Érico Lopes Veríssimo (1905-1975), mais conhecido como Érico Veríssimo, foi um dos mais populares escritores brasileiros do século XX. Versátil, publicou obras infantis, romances, contos, colaborou com vários jornais brasileiros, traduziu obras, ministrou cursos e palestras nos Estados Unidos - a convite do Departamento de Estado daquele país [O Cruzeiro] -, divulgando a cultura brasileira. Uma de suas maiores obras, Incidente em Antares, com seu realismo fantástico, completa 50 anos de lançamento, neste ano de 2021.

Iniciou sua carreira, ainda na década de 1920, elogiado no jornal A Federação como um escritor promissor. Seu primeiro romance, intitulado Clarissa (1933), teve trechos publicados naquele jornal [A Federação] e, quando lançado em livro, vendeu cerca de sete mil exemplares em cinco anos. Seus romances Música ao Longe e Caminhos Cruzados ganhariam os prêmios Machado de Assis [O Cruzeiro] e Graça Aranha [Careta], respectivamente, em 1935 - no mesmo ano em que foram lançados.

Segundo artigo publicado na revista Fon Fon, em 1938: “Érico Veríssimo já se tornou o romancista predilecto [sic] dos leitores brasileiros. Um livro seu não demora nas livrarias”. Assim, a cada ano emplacava mais um best seller. Em outro comentário sobre o autor, na mesma revista, salienta-se que Veríssimo “sempre que nos mostra um mundo tão vivo e tão cru, um mundo terrível para se viver, apresenta outra face da vida, cheia de belleza [sic], de encanto e de sentimentos puros […]”, evidenciando, dessa maneira, uma das chaves para o sucesso do autor [Fon Fon].

Considerada uma obra prima, a trilogia O Tempo e o Vento (1949-1962) reúne a história do Rio Grande do Sul em torno dos personagens Ana Terra e Rodrigo Cambará e teve adaptação em novela, no ano de 1967, e minissérie, no ano de 1985, além de ter sido inspiração para o cinema, nos filmes Um Certo Capitão Rodrigo (1970) [Manchete], Ana Terra (1971) [Manchete] e O Tempo e o Vento (2013) [O Município].

Olhai os lírios do campo (1938), outro sucesso do autor, foi traduzido para o espanhol e publicado na Argentina com o título Mirad los lirios del campo [O Cruzeiro]. Foi, também, adaptado para o cinema portenho com direção de Ernesto Arancibia, em 1947 [O Cruzeiro].

Das obras infantis, destacam-se As aventuras do Avião Vermelho (1936), que foi adaptado para o cinema no ano de 2014, Os Três Porquinhos Pobres (1936), O Urso com música na barriga (1938), dentre outras. As historinhas, parafraseando vários dos contos de Grimm, Hans Christian Andersen, e outras fábulas, encantam crianças de todas as idades.

Entretanto, sem qualquer sombra de dúvidas, o realismo fantástico concebido por Veríssimo para a obra Incidente em Antares (1971), é um de seus grandes legados para a literatura fantástica nacional. Aclamado pela crítica e pelo público, recém lançado, ocupou primeiro lugar na lista de livros mais vendidos [Manchete]. A obra, cujo tema permanece atual 50 anos após seu lançamento, gira em torno de uma revolta de mortos diante de uma greve de coveiros, em Antares - uma cidade imaginária localizada no ambiente da América Latina -, e desnuda os dilemas sociais vivenciados pelos Estados de então, envolvidos em um clima de crises políticas e ditaduras.

Faleceu em 1975, vitimado por um infarto. Contudo, deixa um vasto legado: suas obras foram traduzidas para idiomas como norueguês, russo, romeno, polonês, alemão, indonésio, japonês, além dos tradicionais inglês, francês e espanhol. Chegou a ser um dos escritores brasileiros mais lidos em Portugal - ao lado de Jorge Amado, Manuel Bandeira e Graciliano Ramos [Manchete] -, e seu filho Luiz Fernando Veríssimo, é considerado, hoje, um dos maiores escritores brasileiros.

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