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Literatura | Tennessee Williams, um fino psicólogo da cultura americana de seu tempo

01 mar 2021

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Tennessee Williams dispensa maiores comentários. Suas peças, com personagens tirados da vida real, com os problemas e misérias da condição humana, mas elevados a um clima poético de grande beleza, são das mais importantes do teatro moderno (Clóvis Garcia. O Cruzeiro).

Nessa descrição, Clóvis Garcia referia-se a Thomas Lanier Williams III (1911-1983), ou Tennessee Williams - nome que escolheu em homenagem ao estado americano, aos 26 anos (O Cruzeiro) -, dramaturgo estadunidense, vencedor do prêmio Pulitzer de Teatro por duas de suas obras: A Streetcar Named Desire (1948) e Cat on a Hot Tin Roof (1955) - com traduções em português: Uma rua chamada pecado, ou ainda Um bonde chamado desejo, e Gato em teto de zinco quente, respectivamente.

Williams começou sua carreira ainda na juventude quando, a partir dos desajustes familiares, sentidos especialmente pelo convívio com o pai alcoólatra e abusivo, a irmã esquizofrênica e a mãe depressiva, passou a escrever para dar vazão aos sentimentos de angústia sofridos então. Traça, assim, retratos profundamente humanos, aprofundando os dramas do romance clássico e expondo as minúcias do sofrimento cotidiano, dos traumas, preconceitos e questões psicológicas. Um retrato do que era impronunciável, para a altamente conservadora e puritana sociedade estadunidense da década de 1940. Entretanto, engana-se quem imagina que suas peças descambem puramente para o que é desagradável, ou repulsivo. Nelas sobressaem as imagens poéticas, como elementos aglutinantes da própria essência humana: a dor, a poesia, a paixão, o sonho. Segundo a crítica de teatro de Rio, Tennessee amaria suas personagens, as quais viviam da ilusão, da fantasia e aspiravam por algo melhor.

Estão presentes, em suas obras, as influências do dramaturgo e escritor russo Anton Tchekhov (1860-1904) - uma de suas maiores inspirações -, aspectos psicológicos, como os delineados pelos estudos freudianos, além da escrita poética que lhe era peculiar. "Escrever é uma purificação daquilo que está doente em alguém. Tem sido essa a minha cura", teria dito Williams em certa ocasião, segundo o Jornal do Commércio.

The Glass Menagerie, de tradução À Margem da Vida (no teatro) e Algemas de Cristal (no cinema), um de seus primeiros sucessos, enfoca a vida de uma jovem, reclusa em seu quarto e refém de seus próprios ideais, uma personagem inspirada na vida de sua irmã (Carioca). A Scena Muda traz uma sinopse da obra a partir de depoimentos do próprio autor, ressaltando os caminhos e os dilemas pelos quais passou, durante a composição da peça. A Streetcar Named Desire, transposta para o cinema, teve como atriz principal Vivian Leigh que imprimiu, no filme, performance única, contracenando com Marlon Brando (Carioca).

No Brasil, a estreia de suas peças se deu ainda no ano de 1948 e, desde então, consagrados atores como Paulo Autran, Nuno Leal Maia, Walmor Chagas, Cacilda Becker, Tônia Carreiro, Tereza Raquel, Natália Timberg, dentre outros, encenaram traduções das obras de Williams (Revista da Semana).

Apesar de sua carreira premiada onde obteve, além dos Prêmios Pulitzer já citados, o Prêmio New York Drama Critics' Circle, por suas peças The Glass Menagerie (1944) eThe Night of the Iguana (1961), assim como o Tony Award de melhor peça, por The Rose Tattoo (1952) , nem sempre suas obras foram aceitas: na África do Sul, no ano de 1958, época do governo do Primeiro Ministro Hendrick Werwoerd - considerado o idealizador do regime de Apartheid no país -, a leitura das criações de Tenneesse Williams, bem como de Guy de Maupassant, Émile Zola, dentre outras 3000 obras, de autores diversos, foram censuradas sob pena de prisão para o caso do "delito" ser flagrado (Cruzeiro).

Tennessee Williams, assumidamente homossexual, dialogava com a comunidade gay, tendo colaborado para revistas como a Gay Sunshine (Pasquim), recebendo , por sua atuação, a Medalha Presidencial da Liberdade, pelo presidente Jimmy Carter, em 1980. Em decorrência de sua homossexualidade, Williams e pessoas próximas a ele foram violentamente atacados onde morava, em Key West (Manchete). Profetizando sua morte, no ano de 1979, afirmava ter apenas dois anos de vida e, por isso, trabalhava incessantemente, produzindo textos e peças (Manchete). Viveu quatro anos mais, vindo a falecer asfixiado, no dia 25 de fevereiro de 1983, devido a uma obstrução de vias respiratórias por uma tampa de medicamento que teria sido engolida acidentalmente (Manchete).

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