BNDigital

Livros de Aventura | Pimpinela Escarlate

20 out 2022

Artigo arquivado em Livros de Aventura
e marcado com as tags Baronesa De Orczy, Heróis Mascarados, Livros de Aventura, Pimpinela Escarlate, Secult

A ideia de uma “identidade secreta” usada por heróis contemporâneos, tenham superpoderes ou não, se popularizou a partir do início do século XX. Em grande parte, isso se deveu ao sucesso de uma série de romances históricos de aventura, escritos pela Baronesa Orczy.

Emma Magdolna Rozália Mária Jozefa Borbála Orczy de Orci, ou simplesmente Emma Orczy (Tarnaörs, Hungria, 1865 – Henley-on-Thames, Inglaterra, 1947), descendia da nobreza húngara. Ambos os avôs exerceram importantes cargos políticos, ao passo que seu pai era compositor. Emma era ainda criança quando os pais deixaram a Hungria e foram residir em diferentes capitais europeias, até se fixar em Londres, onde a jovem estudou em escolas de arte. Ali conheceu o ilustrador Henry Barstow, filho de um clérigo, com quem se casou em 1894. Viviam modestamente, pelo que Emma passou a fazer trabalhos de desenho e tradução a fim de aumentar a renda familiar.

Em 1899, após o nascimento do único filho do casal, Emma Orczy decidiu tentar a sorte como escritora. O primeiro livro, “The Emperor´s Candlesticks”, não foi bem sucedido; “In Mary´s Reign” (1901) teve melhor sorte, assim como a série de histórias de mistério que publicou na “Royal Magazine”. Um dos contos tinha como protagonista um nobre inglês, e Emma decidiu escrever um romance sobre o mesmo personagem. Submeteu o texto a vários editores, e nesse meio-tempo a história foi adaptada para o teatro. A estreia, em 1903, não teve grande repercussão; mas, após ter sido reescrita e relançada em janeiro de 1905, a peça se tornou um sucesso, com mais de 2.000 sessões em quatro anos e legiões de espectadores. Isso contribuiu para que o livro, lançado no mesmo ano, se tornasse um best-seller e encorajasse a autora a lançar sequências e obras correlatas, o que fez ao longo de várias décadas.

O romance é ambientado em 1792, nos primeiros anos da Revolução Francesa. Seu protagonista, Percy Blakeney, é um aristocrata inglês de aspecto inofensivo e distraído, como muitos heróis e super-heróis fingem ser na vida cotidiana. Na realidade, Percy, sob o disfarce de Pimpinela Escarlate” (“The Scarlet Pimpernel”, alusão a uma flor), é nada menos que o líder de um grupo que se dedica a resgatar aristocratas sentenciados à morte pela guilhotina. Suas peripécias ao longo desse e dos demais volumes atestam que é um grande espadachim, mestre dos disfarces e da fuga, além de “competir consigo mesmo” pelo amor da esposa, Marguerite. O primeiro livro e alguns dos seguintes foram traduzidos em vários idiomas, e logo o Pimpinela Escarlate chegava às telas do cinema.

Veja o anúncio da obra, publicada no Brasil na Coleção Para Todos, da Cia. Editora Nacional (O Malho, 1931). Várias sequências foram lançadas na época, mas coleções posteriores de clássicos de aventura, como a da Ediouro, reeditaram apenas o primeiro livro.

Leia sobre o filme levado às telas por Harold Young em 1934, com Leslie Howard e Merle Oberon nos papéis principais (Cinearte, 1935).

Além dos muitos livros da série Pimpinela Escarlate e de outras novelas históricas e românticas, a Baronesa Orczy publicou coletâneas de contos, numa das quais, “Lady Molly of Scotland Yard” (1910), apresenta uma das primeiras mulheres detetives da Literatura, Molly Robertson-Kirk. As doze histórias são narradas por sua assistente, Mary Granard (impossível não fazer um paralelo com os livros de Arthur Conan Doyle, protagonizados pela dupla Holmes e Watson, que tinham começado a ser publicados em 1887). Outra coletânea de Emma Orczy reúne contos publicados na “Royal Magazine” sob o título “The Old Man in the Corner”. Esses trabalhos fizeram relativo sucesso na época, e alguns vêm sendo redescobertos. Nenhum, porém, se tornou tão conhecido quanto o Pimpinela.

Estudiosos modernos acreditam que o personagem tenha servido de modelo para outros heróis sob disfarce, como o Zorro e o Super-Homem. A declaração foi corroborada em entrevista por Stan Lee, um dos maiores criadores da Marvel, segundo o qual o Pimpinela Escarlate “foi o primeiro personagem que poderia ser chamado de super-herói”. E, tal como muitos heróis, mascarados ou não, suas histórias foram transpostas não apenas para o cinema, mas também para os quadrinhos.

Veja uma versão quadrinizada da obra (O Mundo Ilustrado, 1953).