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Orson Welles é reputado como um talentoso artista, tendo se destacado tanto no rádio quanto no cinema e no teatro. “Cidadão Kane”, lançado em 1941, foi um dos seus filmes mais aclamados, sendo apontado como uma obra-prima e considerado um marco na história do cinema. Seu nome completo era George Orson Welles, tendo nascido em Kenosha, Wisconsin (EUA), em 06 de maio de 1915. Os pais faleceram quando ainda era criança, e com o tempo passou a dedicar-se às artes, estudando pintura e, mais tarde, passou a atuar, formando em 1937, sua própria companhia de teatro.

Dotado de personalidade firme e de uma voz marcante, Welles foi convidado pela CBS, Columbia Broadcasting System, a produzir episódios que seriam exibidos no programa The Mercury Theatre on the Air. A série compunha-se de adaptações radiofônicas transmitidas semanalmente. Em 1938, próximo ao início da Segunda Guerra Mundial, no dia 30 de outubro, véspera do “Dia das Bruxas”, foi divulgado um episódio de Halloween, dirigido e narrado pelo próprio Orson Welles, em forma de noticiário, utilizando-se de características próprias desse estilo.

O início da narração deu-se com a interrupção da programação para um comunicado importante: a cidade de Grover's Mill, no estado de Nova Jersey, estava sob ataque alienígena. Toda a transmissão tinha um tom de veracidade, entrevistas com autoridades e testemunhas, gritos, barulhos estranhos, como os de uma invasão seguida de resistência, gerando um embate bélico foram recursos utilizados. A diferença do preparo entre os invasores e a força militar, o nervosismo dos repórteres, que tudo acompanhavam, eram elementos que traziam apreensão aos ouvintes. A alternância entre a programação normal e os boletins sobre a presença de um corpo cilíndrico de onde saía um monstro com tentáculos (tal qual o romance de G. H. Wells, em Londres do séc. XIX) aumentava ainda mais a tensão, contribuindo para dar credibilidade à narrativa.

Todavia, tratava-se de uma adaptação de um dos romances de ficção científica de Herbert George Wells, “A Guerra dos Mundos”, publicado em 1898. H. G. Wells foi um dos fundadores desse estilo literário, consagrando-se com obras como “A Máquina do Tempo” (1895), “O Homem Invisível” (1897). Wells possuía uma excepcional percepção e visão, criando histórias de ataque e tentativa de controle alienígenas, manipulação genética, ameaça nuclear, com uma tecnologia avançada para época. Era um visionário. Sua obra foi adaptada com maestria por O. Welles.

Durante décadas acreditou-se que a “Guerra dos Mundos” noticiada por O. Welles havia causado pânico, aglomerações e fugas. Entretanto, após estudos e análises de jornais da época, de cartas endereçadas a Welles e à Comissão Federal de Comunicações constatou-se que toda a repercussão descrita até então, não se sustentava. Fora fruto de um sensacionalismo da própria imprensa.

No entanto, é inquestionável a projeção alcançada por Orson Welles, que acabou assinando contrato com RKO Radio Pictures (empresa produtora e distribuidora de filmes), para três filmes e com total liberdade para conduzi-los. Inaugurava-se uma fase em sua carreira, que além de atuar, passou a ser diretor, produtor e roteirista em filmes de longa-metragem.

Todo esse acontecimento projetou o uso das transmissões radiofônicas para outro patamar, sendo capazes não só de divulgar notícias ou de entreter, mas também de influenciar os ouvintes, difundindo ideias e alterando a percepção da realidade, algo que nenhum meio de comunicação e divulgação impressos havia conseguido até então. Abriu-se um leque de possibilidades tecnológicas que alteraria também a literatura e o cinema.

Sobre o tema:

EDIÇÃO MARAVILHOSA. Rio de Janeiro: Editora Brasil-América, 1948-1961. Mensal.

HENRIQUE Alvim Corrêa, ilustrações para a "Guerra dos Mundos" de H. G. Wells.

OS DIAS que abalaram o mundo: II. São Paulo: Barsa Planeta, [2008?]. 12 discos digitais .

RÁDIO e pânico 2: a guerra dos mundos, 75 anos depois : novos estudos brasileiros sobre o programa mais famoso da história da mídia e seus desdobramentos.

RÁDIO e pânico: A guerra dos mundos, 60 anos depois. Florianópolis: Insular, 1998.
WELLS, H. G. A guerra dos mundos. Rio de Janeiro, F. Briguiet, 1953. : [s.n.]. 238 p


Diário da Noite (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/221961_01/39135

http://memoria.bn.br/DocReader/221961_01/39618

http://memoria.bn.br/DocReader/221961_01/44655

http://memoria.bn.br/DocReader/221961_01/44661

http://memoria.bn.br/DocReader/221961_01/44686


Diário de Notícias (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/32352

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_01/32353


Correio Paulistano (SP)

http://memoria.bn.br/DocReader/090972_08/27782

http://memoria.bn.br/DocReader/348970_03/66432


Revista da Semana (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/025909_03/11795

http://memoria.bn.br/DocReader/025909_03/21961


A Manhã (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/116408/12718

http://memoria.bn.br/DocReader/116408/15488

http://memoria.bn.br/DocReader/116408/30855

http://memoria.bn.br/DocReader/116408/41603

http://memoria.bn.br/DocReader/116408/45338


A Noite (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/348970_04/30390

http://memoria.bn.br/DocReader/348970_04/56774

http://memoria.bn.br/DocReader/348970_04/56912


Jornal do Brasil

http://memoria.bn.br/docreader/030015_05/44219

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/27706

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/68727

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/85164


Manchete (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/004120/118417

http://memoria.bn.br/DocReader/004120/132644


Diário de Pernambuco (PE)


Diário da Noite (RJ).