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Memória | Construção da primeira ferrovia brasileira, a Estrada de Ferro Mauá

29 jan 2021

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A Estrada de Ferro Mauá foi a primeira ferrovia construída no Brasil, graças à iniciativa de Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá.

Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889) foi o maior empreendedor brasileiro do século XIX. Foi comerciante, empresário, político, armador, banqueiro, responsável por grandes obras para o progresso do país, tais como: criação do primeiro estaleiro do país, em Niterói; exploração com barcos a vapor dos rios Amazonas e Guaíba; instalação da iluminação pública a gás na cidade do Rio de Janeiro; instalação do cabo submarino telegráfico entre o Brasil e a Europa; e outras. Era defensor da abolição da escravatura e da valorização da mão de obra. Em 30 de abril de 1854 recebeu o título de Barão de Mauá, e em 26 junho 1874 Visconde de Mauá. Atualmente é considerado Patrono do Ministério dos Transportes.

Aqui temos um retrato do Barão de Mauá publicado no periódico O Brasil Illustrado em 1855.


Aqui temos outro retrato do Visconde de Mauá, já idoso, publicado na Revista Illustrada em 1889.

Em abril de 1852 ele conseguiu a concessão do Governo Imperial para construção e exploração de uma ferrovia desde o Porto de Estrela, no fundo da Baía da Guanabara, até Fragoso, na Raiz da Serra. Sua intenção era subir até Petrópolis, e posteriormente alcançar Minas Gerais e São Paulo. Em maio ele fundou a Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. Em junho recebeu concessão para explorar uma linha de navegação pela Baía de Guanabara desde a Prainha (atual Praça Mauá) na Corte até Estrela (atual Magé), fazendo a integração dos transportes marítimo e ferroviário.

Em 29 de agosto de 1852 teve início a construção da primeira ferrovia brasileira. A cerimônia de lançamento da pedra fundamental foi um grande evento, estando presentes o Imperador D. Pedro II, a Imperatriz D. Teresa Cristina e muitas autoridades. A festa aconteceu na fazenda do Comendador Albino José de Sequeira, em Inhomirim.

Os trabalhos foram conduzidos pelos engenheiros ingleses William Bragge (1823-1884), Robert Milligan (1827-1876) e Joseph Cliffe. A obra enfrentou uma série de problemas: desmoronamentos provocados por fortes chuvas, surtos de febre, inexistência de mão-de-obra especializada.

A inauguração da E. F. Mauá ocorreu em 30 de abril de 1854. Nesse dia, o Imperador concedeu a Irineu Evangelista de Sousa o título de Barão de Mauá. O trecho inicial construído, ligando o Porto de Mauá a Fragoso, tinha 14,5 km de extensão. Em 1856 a ferrovia foi prolongada até a Raiz da Serra (Vila Inhomirim), chegando a ter 16,3 km. A subida por cremalheira até Petrópolis ocorreu apenas em 1886, quando a ferrovia já fazia parte da E. F. Príncipe do Grão Pará. Em 1890, passou a ser propriedade da E. F. Leopoldina.

Até 1867 a E. F. Mauá obteve lucros mas, após a construção da E. F. D. Pedro II e da Estrada União Indústria, suas atividades entraram em declínio. Ao longo do século XX ela foi sendo desativada e abandonada. Atualmente resta apenas um pequeno trecho com tráfego de trens, entre as estações Piabetá e Vila Inhomirim, sendo administrado pela SuperVia.

Em 1954, ocasião do seu centenário, a Estrada de Ferro Mauá foi declarada Monumento Histórico Nacional, e foi tombada pela Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Estas fotografias (estereogramas em papel albuminado) foram feitas pelo fotógrafo alemão Revert Henrique Klumb na década de 1860; apresentam a Estação Mauá e a Raiz da Serra de Petrópolis, e pertencem à Coleção D. Teresa Cristina Maria.

(Seção de Iconografia)