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Mês da Leitura | Hans Christian Andersen e o Dia Internacional do Livro Infantil

11 abr 2022

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O Dia Internacional do Livro Infantil foi instituído em 1967 pelo IBBY – sigla do Conselho Internacional sobre Literatura para Jovens – com o intuito de despertar o amor pela leitura desde os primeiros anos. A data 02 de abril foi escolhida por ser o aniversário de Hans Christian Andersen, cujos contos de fadas vêm encantando várias gerações de pequenos (e não tão pequenos) leitores.

Nascido nos subúrbios de Odense, Dinamarca, filho de um sapateiro e de uma lavadeira, Andersen (1805 – 1875) foi uma criança frágil, dotada de imaginação vívida e de uma sensibilidade que o acompanharia durante toda a sua vida. Nas autobiografias que escreveu em 1832 e 1846, ele relatou sua infância pobre, na qual se divertia fabricando bonecos e fantoches e imaginando histórias. Sonhava, também, tornar-se um cantor, o que o levou a Copenhagen para tentar iniciar uma carreira. Lá começou a escrever peças teatrais, mas todas foram rejeitadas pelos produtores. Por outro lado, tornou-se protegido de um dos diretores do Teatro Real, adquiriu educação formal e começou sua carreira literária.

As primeiras publicações de Andersen foram poemas, um relato de viagem e a autobiografia romanceada “A História de Minha Vida”. Em 1835, ele publicou um livreto que chamou de “Contos Contados para Crianças” e que continha, entre histórias menos conhecidas, a deliciosa “A Princesa e a Ervilha”. Tal como acontecera, anos antes, com os irmãos Grimm, Andersen foi censurado pelo seu estilo, julgado coloquial demais para a época, e pela moral de alguns contos, que alguns consideraram inadequada para crianças. No entanto, o público infantil adorava tanto as histórias quanto o seu autor, e ele acabou fazendo sucesso com esse tipo de narrativa. Não deixou de escrever para adultos, mas passou a publicar livros infantis todos os anos, sempre perto da época de Natal. “A Sereiazinha”, “Os Sapatinhos Vermelhos”, A Nova Roupa do Imperador” e “O Patinho Feio”  são apenas alguns dos contos que lhe asseguraram fama e reconhecimento.

Várias características diferenciam os contos de Andersen da obra de Perrault e da dos Irmãos Grimm. Ao contrário deles, o dinamarquês não apenas deu uma forma ao material folclórico já difundido em várias versões orais e literárias como criou histórias autorais, com personagens mais complexos do que os heróis e heroínas dos contos de fadas tradicionais. Alguns, como o Patinho Feio, são tidos como uma espécie de “alter ego” do menino pobre e sensível, que ao longo da vida continuou a se considerar incompreendido e injustiçado. Já personagens como a Sereiazinha e a Pequena Vendedora de Fósforos passam por grande sofrimento físico e espiritual, que reflete o princípio cristão de transcender a dor e renunciar às recompensas terrenas para buscar as de outro mundo. De qualquer forma, nos contos de Andersen, assim como nos tradicionais, o Bem sempre acaba por triunfar contra o Mal e a adversidade, reforçando os valores que o escritor afirmava ser seu desejo sublinhar nas histórias.

Os contos de Andersen circularam no Brasil em edições europeias, e só se popularizaram a partir das versões de Figueiredo Pimentel incluídas nos volumes da série Bibliotheca infantil, da Editora Quaresma, iniciada em 1894. Monteiro Lobato também adaptou e publicou os contos do autor dinamarquês a partir da década de 1930. Hoje são muitas as edições, adaptações e releituras, inclusive para outras mídias, que reafirmam o nome de Andersen como um dos maiores expoentes do conto de fadas literário.



Em 1930, a revista “O Cruzeiro” dedicou uma página às comemorações do 125º. aniversário de Andersen na Dinamarca.