Música e Artes | The Beatles: os Reis do ieieiê
por Raquel Ferreira
06 abr 2021
Artigo arquivado em Música e Artes
e marcado com as tags Beatlemania, Fabulous Four, Top Five Bilboard
Afastem as cadeiras e aumentem o som que The Beatles, os Reis do Ie-Ie-Iê, chegaram! Contudo, engana-se quem imagina que suas performances eram como as de Elvis Presley (1935-1977), Chuck Berry (1926-2017) ou Bill Haley (1925-1981). Usando terninhos bem comportados - exatamente para se contraporem aos figurinos coloridos de Elvis -, com suas volumosas madeixas em desalinho, a prioridade desse fenômeno musical, das décadas de 1960 e 1970, era levar os fãs ao delírio através dos seus ritmos, e não de coreografias e requebrados - seus fãs, tanto mulheres quanto homens, podem ser enquadrados como beatlemaníacos, dado o entusiasmo com que se referiam ao grupo, provocando uma verdadeira febre. Help! (1965), hit do álbum de mesmo nome, retrata o estresse ocasionado por esse rápido sucesso do grupo.
Frontalmente direcionada ao público jovem, um mercado até então pouco explorado (Diário da Tarde), a banda priorizava letras românticas, compostas para sacudir o esqueleto, num rock que, herdeiro do blues e da country music, receberia influência de ritmos latinos, música popular, batidas indianas e árabes incorporando, a sua música, traços das culturas médio orientais e asiáticas. All my loving (1963), And I love her (1964), I wanna hold your hand (1964), She loves you - ieieieê! - (1964), Michelle (1965), All you need is love (1967), são alguns dos sucessos dos quatro gigantes de Liverpool, cidade portuária situada no noroeste da Inglaterra. Liderados por John Lennon (1940-1980) e Paul McCartney(1942) voz, piano e cordas, a banda contava ainda com Ringo Starr(1940) e George Harrison (1943-2001), na bateria e guitarra (Intervalo).
As décadas de 1950 e 1960 marcaram, de forma bastante significativa, as gerações que as vivenciaram. Eram sentidos, em praticamente todo o globo, os efeitos do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com retomada da industrialização no Ocidente, bipolarização geopolítica entre países capitalistas e socialistas, influenciados pelos embates entre Estados Unidos e União Soviética - hoje dissolvida e cuja liderança se processava pela gigante Rússia -, crescente luta pelos direitos civis de mulheres e negros - luta essa que, inspirada por figuras como Martin Luther King (EUA, 1929-1968), Malcom X(EUA, 1925-1965), Rosa Parks (EUA, 1913-2005), Nelson Mandela (África do Sul, 1918-2013), ganhou diferentes contornos a depender das sociedades que as tomavam para si.
Pinturas, esculturas, cinema, literatura, enfim, as artes de um modo geral, como podemos perceber, não passam incólumes por essas transformações e, na música, observamos a explosão cultural capitaneada por artistas como Little Richard (1932-2020), Chubby Checker (1941), além dos já citados anteriormente, Elvis, Bill Haley e Chuck Berry, colocando em xeque, com suas performances, os padrões de comportamento tradicionais: exacerbavam a sensualidade através dos ritmos, das coreografias, e das letras. Os britânicos do The Beatles também trariam suas contribuições e, além de confrontarem padrões comportamentais, instigariam questionamentos de viés político-social com letras como, Hey Jude(1968), Come Together(1969), Maxwell’s Silver Hammer(1969), Get Back (1970). Como outras bandas rock que surgem no mesmo contexto podemos citar, ainda, The Rolling Stones (1962), The Who (1964), The Doors (1965). Por esse comportamento tido como rebelde, The Beatles teve as exibições de músicas e filmes proibidas no México (Intervalo).
No Brasil, durante esse período, vemos o surgimento dos movimentos Bossa Nova (fim dos anos 1950), Jovem Guarda (década de 1960) e Tropicalista (fins da década de 1960) - dos quais podemos citar nomes como os de Tom Jobim (1927-1994), Vinícius de Moraes(1913-1980), João Gilberto (1931-2019), Nara Leão (1942-1989), Tim Maia (1942-1998), Roberto Carlos (1941), Erasmo Carlos (1941), Vanusa (1942-2020), Vanderléia(1946), Caetano Veloso (1942), Maria Bethânia(1946), Gilberto Gil (1942), Gal Costa (1945), e bandas como Renato e seus Blue Caps (1958) e Os Mutantes (1966) - alguns desses ícones da música pop e do rock nacional foram diretamente influenciados pelo som de The Beatles, inclusive lançando versões de suas músicas em português (Diário da Noite).
Não foram raras as confusões e suposições de plágio envolvendo os 4 de Liverpool. Los Sírex, banda espanhola criada no ano de 1959 chegou a supor que The Beatles teriam alçado vôo graças à semelhança com suas canções e trajes (Revista do Rádio). Por outro lado, a banda norteamericana The Beetles - notem a sutil diferença da grafia, com duas letras "e" - tentaram ganhar fama reproduzindo, abertamente, vestimentas e ritmos do grupo de Liverpool (A Divulgação).
Em 4 de abril de 1964, o grupo The Beatles chegou a ocupar as 5 primeiras posições na parada pop da Billboard Hot 100 - tabela padrão, divulgada pela revista norteamericana Billboard, contendo uma avaliação das 100 músicas mais vendidas em uma semana, e que foi parcialmente reproduzida aqui no Brasil pela Revista do Rádio. E o sucesso cresceria ano após ano: com mais de 330 composições, ao longo dos anos em que atuaram juntos, The Beatles é considerada a banda com maior número de vendas, tendo atingido a impressionante marca de 600 milhões de vendas certificadas, no mundo inteiro (Intervalo). No tempo do LP - Long Play ou disco de vinil, mídia anterior aos CDs, DVDs, e que hoje é peça de colecionadores e amantes do suporte (Manchete) - esses números representam um feito e tanto. Além disso, The Beatles se apresentaram mais de 1400 shows, mundo afora (O Pioneiro). Yesterday (1965), música de Paul McCartney, é considerada a música com mais regravações. Não havia tempo ruim: suas gravadoras lucravam imensamente, mesmo em contexto de crise econômica (Cinelândia). Além das músicas, The Beatles participaram de filmes, tornando-se um fenômeno no cinema (Cinelândia), bem como inspiraram desenhos animados (Cinelândia).
A popularidade dos fabulous four - ou fab four, como o quarteto também ficou conhecido -, projetou a imagem da Inglaterra mais do que a da própria Rainha Elizabeth II (A Cigarra). Devido ao sucesso, os integrantes do grupo chegaram a ganhar nomes de ruas no Reino Unido (O Pioneiro).
Apesar disso, por causa de desgastes internos, o grupo viveu um doloroso processo de dissolução. Rumores de que The Beatles seriam separados apareciam nas notícias (Jornal do Commércio), até que uma decisão judicial terminaria com o grupo (Jornal do Commércio). Os integrantes seguiriam suas carreiras solo, a partir de então, e John Lennon, junto com sua companheira Yoko Ono, comporia uma das músicas símbolo da geração dos anos 1970: Imagine (1971) (O Pioneiro). Paul McCartney seguiu se apresentando com Wings, banda formada por ele e sua esposa Linda McCartney, em 1971. Em 1980 acontece a tragédia: John Lennon foi morto a tiros por Mark David Chapman, em frente ao prédio onde o ex-Beatle residia (Manchete).
Ainda hoje, Paul McCartney e Ringo Starr compõem músicas e fazem shows. George Harrison faleceu em 2001, em decorrência de um câncer. As obras dos fab four são consideradas raridades, e antigas gravações e imagens do grupo, quando eventualmente encontradas, geram fortunas por ocasião de seu leilão (O Pioneiro).
Explore os documentos:
O Pioneiro
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Última Hora
Cinelândia
Diário da Tarde
Intervalo
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Revista do Rádio
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Jornal do Commercio
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A Cigarra
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The Beatles: Help! (Cinelândia)
Frontalmente direcionada ao público jovem, um mercado até então pouco explorado (Diário da Tarde), a banda priorizava letras românticas, compostas para sacudir o esqueleto, num rock que, herdeiro do blues e da country music, receberia influência de ritmos latinos, música popular, batidas indianas e árabes incorporando, a sua música, traços das culturas médio orientais e asiáticas. All my loving (1963), And I love her (1964), I wanna hold your hand (1964), She loves you - ieieieê! - (1964), Michelle (1965), All you need is love (1967), são alguns dos sucessos dos quatro gigantes de Liverpool, cidade portuária situada no noroeste da Inglaterra. Liderados por John Lennon (1940-1980) e Paul McCartney(1942) voz, piano e cordas, a banda contava ainda com Ringo Starr(1940) e George Harrison (1943-2001), na bateria e guitarra (Intervalo).
As décadas de 1950 e 1960 marcaram, de forma bastante significativa, as gerações que as vivenciaram. Eram sentidos, em praticamente todo o globo, os efeitos do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com retomada da industrialização no Ocidente, bipolarização geopolítica entre países capitalistas e socialistas, influenciados pelos embates entre Estados Unidos e União Soviética - hoje dissolvida e cuja liderança se processava pela gigante Rússia -, crescente luta pelos direitos civis de mulheres e negros - luta essa que, inspirada por figuras como Martin Luther King (EUA, 1929-1968), Malcom X(EUA, 1925-1965), Rosa Parks (EUA, 1913-2005), Nelson Mandela (África do Sul, 1918-2013), ganhou diferentes contornos a depender das sociedades que as tomavam para si.
Pinturas, esculturas, cinema, literatura, enfim, as artes de um modo geral, como podemos perceber, não passam incólumes por essas transformações e, na música, observamos a explosão cultural capitaneada por artistas como Little Richard (1932-2020), Chubby Checker (1941), além dos já citados anteriormente, Elvis, Bill Haley e Chuck Berry, colocando em xeque, com suas performances, os padrões de comportamento tradicionais: exacerbavam a sensualidade através dos ritmos, das coreografias, e das letras. Os britânicos do The Beatles também trariam suas contribuições e, além de confrontarem padrões comportamentais, instigariam questionamentos de viés político-social com letras como, Hey Jude(1968), Come Together(1969), Maxwell’s Silver Hammer(1969), Get Back (1970). Como outras bandas rock que surgem no mesmo contexto podemos citar, ainda, The Rolling Stones (1962), The Who (1964), The Doors (1965). Por esse comportamento tido como rebelde, The Beatles teve as exibições de músicas e filmes proibidas no México (Intervalo).
No Brasil, durante esse período, vemos o surgimento dos movimentos Bossa Nova (fim dos anos 1950), Jovem Guarda (década de 1960) e Tropicalista (fins da década de 1960) - dos quais podemos citar nomes como os de Tom Jobim (1927-1994), Vinícius de Moraes(1913-1980), João Gilberto (1931-2019), Nara Leão (1942-1989), Tim Maia (1942-1998), Roberto Carlos (1941), Erasmo Carlos (1941), Vanusa (1942-2020), Vanderléia(1946), Caetano Veloso (1942), Maria Bethânia(1946), Gilberto Gil (1942), Gal Costa (1945), e bandas como Renato e seus Blue Caps (1958) e Os Mutantes (1966) - alguns desses ícones da música pop e do rock nacional foram diretamente influenciados pelo som de The Beatles, inclusive lançando versões de suas músicas em português (Diário da Noite).
Não foram raras as confusões e suposições de plágio envolvendo os 4 de Liverpool. Los Sírex, banda espanhola criada no ano de 1959 chegou a supor que The Beatles teriam alçado vôo graças à semelhança com suas canções e trajes (Revista do Rádio). Por outro lado, a banda norteamericana The Beetles - notem a sutil diferença da grafia, com duas letras "e" - tentaram ganhar fama reproduzindo, abertamente, vestimentas e ritmos do grupo de Liverpool (A Divulgação).
Em 4 de abril de 1964, o grupo The Beatles chegou a ocupar as 5 primeiras posições na parada pop da Billboard Hot 100 - tabela padrão, divulgada pela revista norteamericana Billboard, contendo uma avaliação das 100 músicas mais vendidas em uma semana, e que foi parcialmente reproduzida aqui no Brasil pela Revista do Rádio. E o sucesso cresceria ano após ano: com mais de 330 composições, ao longo dos anos em que atuaram juntos, The Beatles é considerada a banda com maior número de vendas, tendo atingido a impressionante marca de 600 milhões de vendas certificadas, no mundo inteiro (Intervalo). No tempo do LP - Long Play ou disco de vinil, mídia anterior aos CDs, DVDs, e que hoje é peça de colecionadores e amantes do suporte (Manchete) - esses números representam um feito e tanto. Além disso, The Beatles se apresentaram mais de 1400 shows, mundo afora (O Pioneiro). Yesterday (1965), música de Paul McCartney, é considerada a música com mais regravações. Não havia tempo ruim: suas gravadoras lucravam imensamente, mesmo em contexto de crise econômica (Cinelândia). Além das músicas, The Beatles participaram de filmes, tornando-se um fenômeno no cinema (Cinelândia), bem como inspiraram desenhos animados (Cinelândia).
A popularidade dos fabulous four - ou fab four, como o quarteto também ficou conhecido -, projetou a imagem da Inglaterra mais do que a da própria Rainha Elizabeth II (A Cigarra). Devido ao sucesso, os integrantes do grupo chegaram a ganhar nomes de ruas no Reino Unido (O Pioneiro).
Apesar disso, por causa de desgastes internos, o grupo viveu um doloroso processo de dissolução. Rumores de que The Beatles seriam separados apareciam nas notícias (Jornal do Commércio), até que uma decisão judicial terminaria com o grupo (Jornal do Commércio). Os integrantes seguiriam suas carreiras solo, a partir de então, e John Lennon, junto com sua companheira Yoko Ono, comporia uma das músicas símbolo da geração dos anos 1970: Imagine (1971) (O Pioneiro). Paul McCartney seguiu se apresentando com Wings, banda formada por ele e sua esposa Linda McCartney, em 1971. Em 1980 acontece a tragédia: John Lennon foi morto a tiros por Mark David Chapman, em frente ao prédio onde o ex-Beatle residia (Manchete).
Ainda hoje, Paul McCartney e Ringo Starr compõem músicas e fazem shows. George Harrison faleceu em 2001, em decorrência de um câncer. As obras dos fab four são consideradas raridades, e antigas gravações e imagens do grupo, quando eventualmente encontradas, geram fortunas por ocasião de seu leilão (O Pioneiro).
Explore os documentos:
O Pioneiro
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Cinelândia
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Revista do Rádio
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Jornal do Commercio
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The Beatles: Help! (Cinelândia)