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Música | Henrique Foreis Domingues, o Almirante, a mais alta patente do rádio

22 dez 2021

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Há 41 anos o rádio perdia a sua mais alta patente: Henrique Foreis Domingues, o Almirante, cantor compositor e radialista que ficou famoso pela produção de programas radiofônicos de grande popularidade e qualidade.

O apelido, Almirante, recebeu quando serviu à Reserva Naval, na época que começou na música ao lado do compositor Braguinha. Juntos formaram o grupo “Flor do Tempo” que depois transformou-se no “Bando dos Tangarás”, no qual participavam Braguinha, o violonista Álvaro Miranda, Henrique Brito e Noel Rosa, de quem foi intérprete de vários sambas como “O orvalho vem caindo”, e a quem, mais tarde, dedicou um programa e uma biografia “No tempo de Noel Rosa”. O primeiro sucesso de Almirante como compositor foi “Na Pavuna”, disco em que foi registrada, na gravação, a batida da percussão, uma raridade na época.

O programa de maior sucesso foi o Incrível! Fantástico! Extraordinário! Era baseado em histórias sobrenaturais que assombravam os ouvintes. Histórias macabras como entrevistas fúnebres, velas acesas em capela abandonada, fenômenos de levitação. Até o presidente Café Filho tinha medo de escutar o programa sozinho.

Mas a maior contribuição de Almirante foram os programas em que divulgou assuntos diversos ligados à música popular nas rádios Philips, Transmissora, Nacional, Record, Tupi, Globo e Club do Brasil.Programas como “Curiosidades Musicais” (1935), “A canção Antiga” e “Tribunal de melodias” (1941), “História do Rio pela música” (1942), “História das orquestras e músicos” (1944), “Carnaval antigo”(1946), “O pessoal da velha guarda” (1947), entre tantos outros.

Nestes programas Almirante era um historiador da música popular que expressava seus estudos e pesquisas pela rádio. Pesquisou temas variados do folclore como cantigas de capoeira, reisados e maracatus e ampliou isto para a origem do samba urbano, das escolas de samba, da nova música urbana surgida da década de 1920. Seus programas eram verdadeiros documentários musicais. Seus programas combinavam a preocupação com o caráter documental e o caráter patrimonial de preservação da memória, defendendo o registro das manifestações musicais antes que se perdessem.

O resultado de suas pesquisas foi a constituição de um acervo especializado em música popular de fundamental importância e que se tornou, após a sua doação, em uma das coleções fundadoras do Museu da Imagem e do Som.

(Seção de Iconografia)


Revista do Rádio, 1951.