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Música | Herivelto Martins, um cronista musical de peso

08 fev 2022

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No último dia 30, Herivelto Martins faria 110 anos. Dono de uma vastíssima obra musical, foi também ator, arranjador e criador de espetáculos.

Fez enorme sucesso durante as décadas de 1930 a 1950. Começou como corista do conjunto Tupy. Sua primeira composição ”Da cor do meu violão”foi gravada pelo grupo. Logo depois iniciou a Dupla Preto e Branco, primeiro com Francisco Sena e, após o seu falecimento, ao lado de Nilo Chagas. A dupla virou o “Trio de Ouro” quando Dalva de Oliveira se tornou esposa de Herivelto e juntou-se aos dois. O Trio desfez-se temporariamente com a separação de Herivelto e Dalva e esta foi substituída por Noemi Cavalcanti e depois por Lourdinha Bittencourt.

Herivelto foi um cronista musical de peso. O morro, o carnaval, os personagens cariocas e as transformações da cidade foram inspirações para seus sambas. Alguns sambas tornaram-se imortais como “Ave Maria no Morro”, de uma plasticidade comovente, e “Praça Onze”, uma homenagem a um celeiro da história do samba do Rio de Janeiro que foi destruída para a construção da avenida Presidente Vargas.

Herivelto foi o compositor que mais escreveu sambas para a Estação Primeira de Mangueira. Seus sambas contavam a vida no morro e a sua relação com a vida no asfalto, como em “Saudosa Mangueira”: “sou do tempo que malandro não descia/ mas a polícia no morro também não subia”.
Herivelto dominava vários gêneros musicais: o samba, o samba-canção, o samba exaltação, mas ficou famoso mesmo quando protagonizou, junto com Dalva de Oliveira, a briga amorosa que mais rendeu pérolas ao cancioneiro popular. Da briga, quem ganhou foi o público.

(Seção de Iconografia)

Jornal do Brasil, 18 de setembro de 1992.