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Música | Zé Keti, o revitalizador do samba

16 set 2021

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Zé Kéti, personagem fundamental na escrita da música popular brasileira, foi não só um grande artista de composições antológicas como “Máscara Negra”, “Diz que fui por aí”, “Acender as Velas”, “Malvadeza Durão”, entre outras tantas pérolas, mas um embaixador do samba.

Em meados da década de 1950 e início dos anos 1960 o samba estava perdendo para a Bossa Nova. Foi Zé Kéti um dos responsáveis pelo encontro da moçada da zona sul com o samba de morro. O local de encontro, o Zicartola, restaurante de Cartola e Dona Zica, onde músicos e artistas de todas as áreas, jornalistas, a intelectualidade e a burguesia carioca se divertiam em noitadas de música e ideias. Ele era o produtor musical da casa. Lá conheceu Nara Leão, que gravou seu grande sucesso “Diz que fui por aí”, no seu primeiro disco solo “Nara”. O disco era composto por obras de compositores da Bossa Nova e de representantes do samba de morro. Foi lá também que nasceu a ideia da produção, por Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, do Show Opinião em 1965, inspirado na música de Zé Kéti sob o mesmo título. O país acabara de entrar numa ditadura militar e o refrão do samba era o ponto alto do show: “Pode me prender/ Pode me bater/ Podem até deixar-me sem comer/ Mas eu não mudo de opinião/ Daqui do morro eu não saio não”. O samba foi feito sob a inspiração das primeiras remoções das favelas para os conjuntos habitacionais na periferia da cidade do Rio de Janeiro, no governo de Carlos Lacerda, no início dos anos de 1960. O samba virou um hino contra a ditadura militar. Colocou “ A voz do morro”, nome de seu samba famoso e do grupo que inspirou tantos outros, nas ruas, e, como diz na sua letra, em “milhões de corações brasileiros”.

(Seção de Iconografia)