BNDigital

O cinema brasileiro em periódicos: 1896 – 1930

11 set 2013

Artigo arquivado em Análise documental

Este estudo foi preparado com base no acervo da Biblioteca Nacional para o Curso de Especialização em Arte Educação, no Unilasale – Instituto Superior de Educação La Salle, em 2005.

Abreviaturas

COPER – Coordenadoria de Periódicos

DIORA – Divisão de Obras Raras

A ilusão é completa e produz um efeito encantador.

O Cinematographo. Rio de Janeiro, 2 dez. 1905


INTRODUÇÃO

Há pouco mais de um século, em 1905, a imprensa brasileira registrava o fascínio causado pelas imagens em movimento nos cinematógrafos. O cinema engatinhava com técnicas rudimentares e energia elétrica deficiente. Mas o público se reconhecia nas fitas, visitava lugares nunca vistos. Essa sensação perturbadora de “ilusão completa” fez Rui Barbosa (1849-1923) declarar: “O cinema não tem fingimentos. Ali se vê a natureza na variedade infinita de todas as suas cenas”.1 Era a completa ilusão. Não imaginavam a gama de recursos que anos depois o cinema disporia para editar e modificar cenas que nos parecem reais. São críticas ainda pertinentes quando mergulhamos na tela e vivemos, cada um, a nossa ilusão.

A reação do público diante do surgimento do cinema no Brasil era a mesma observada em outras partes do mundo. A história do cinema brasileiro pode ser contada a partir dos acervos de imagens filmográficas ou bibliográfico-documentais. Em ambos os casos, muito se perdeu ao longo dos anos devido a dificuldades diversas de conservação. Temos, atualmente, acervos parcial ou totalmente indisponíveis e fitas das quais se aproveitam apenas fragmentos.

A maior parte dos filmes do final do século 19 e início do século 20 já não existe. Algumas instituições atuam no sentido de resgatar, restaurar e preservar, por intermédio de meios eletrônicos, antigos filmes, bem como a nova produção. Mas a lacuna pela inexistência dos primeiros filmes nacionais é fato. Partindo desta premissa, foi feito levantamento (entre periódicos e revistas) nas coleções da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), detentora de cerca de 60 mil títulos, um dos maiores acervos da América Latina.

Foram consultados 73 títulos e selecionadas 89 referências, que formam o cerne deste trabalho. O levantamento não se esgotou; a seleção das referências teve por objetivo fornecer informações básicas sobre algumas coleções existentes, entre as mais consultadas, bem como mostrar a abrangência e a dimensão do acervo da FBN.

Além das coleções dedicadas ao cinema, foram trabalhadas outras, com temas noticiosos e revistas sobre assuntos diversos. A escolha foi feita em função das cidades mais atuantes culturalmente no período, com consultas a periódicos disponíveis e representativos. Tais periódicos revelam o cinema não apenas como manifestação cultural da época, mas também situam a sociedade em vários contextos: social, político, econômico, seus usos e costumes. Recuperam a história do cinema e, com ela, aspectos da história do Brasil.

O período em questão – 1896 a 1930 – registra o surgimento dos primeiros aparelhos exibidores de imagens em movimento no Brasil até o final da segunda década do século 20, com o auge do cinema mudo, o surgimento do cinema sonoro e a criação do Estúdio Cinematográfico Cinédia (1930).

BREVE HISTORIA DO CINEMA NO BRASIL

Os avanços tecnológicos ocorridos no século XIX na Europa provocaram transformações no cotidiano da sociedade: telefone, rádio, telégrafo, cinematógrafo, eletricidade, carro a gasolina, entre outros, aproximaram pessoas, encurtaram distâncias entre países, facilitando a troca de informação.

Nesta sociedade em transformação nasceu o cinema como meio de animar representações gráficas, de dar vida e movimento a desenhos e fotografias. Ainda no século XIX, em várias partes do mundo, foram desenvolvidos aparelhos com os mais variados nomes e que davam a ilusão de movimento: animatógrafo, omniógrafo, cinetoscópio, biógrafo, vitascópio, cineógrafo, cinematógrafo. Entre os inventores dessa época, Thomas Edison (1887) teve sucesso com o cinetoscópio ou kinestoscópio, espécie de caixa em que apenas uma pessoa podia ver a imagem ampliada de fotos em movimento2. No Rio, o Jornal do Brasil de 9 de dezembro de 1894 já noticiava a exibição de uma briga de galos através do cinetoscópio.

Os inventores desse século foram impulsionados pela Revolução Industrial na Europa, que foi incentivada pela demanda de informação proporcionada pelo desenvolvimento industrial e científico. A captação de imagens ganhou forma, e muitos viram utilidade mais no auxílio à medicina e estudos científicos do que na indústria do entretenimento.

Texto de J. de M. Borges na Revista Moderna de 31 de agosto de 1898 comenta experiências de Marey e Demery com a cronofotografia – fixação fotográfica do corpo em movimento –, que possibilitou o avanço do cinema: “As experiências de Marey e Demery são muito curiosas. Com seus aparelhos que apanhavam muitas imagens por segundo foi feito o estudo do movimento de muitos animaes em marcha e tem toda a importância as photographias obtidas”.

O cientista Marey (1830-1904) dedicou-se a estudar o registro do movimento e é considerado um dos precursores do cinema3, antes mesmo de Thomas Edison.
Com o desenvolvimento dos aparelhos, surgiu o cinematógrafo e a massificação da diversão. O cinematógrafo, diferentemente do cinetoscópio, permitia que mais de uma pessoa desfrutasse da exibição de imagens em movimento. Coube aos irmãos Lumiére, em 28 de dezembro de 1895, em Paris, promover a primeira apresentação do aparelho em sessão pública, com exibição de cenas do cotidiano, em quadros curtos de um a dois minutos.

A novidade se disseminou pela Europa e logo chegou ao Brasil. Em 1896 o Jornal do Commercio do Rio de Janeiro publicou anúncios do cinematógrafo com quadros diversos. A sessão inaugural no Rio de Janeiro aconteceu em 8 de julho de 1896 e foi assunto da imprensa no dia seguinte.
A tecnologia causou surpresa ao público e os jornais anunciaram a “maraviha do século”, descrevendo em detalhes o aparelho, a técnica de projeção, sala, iluminação etc. Citando Flora Sussekind4, “a técnica era a verdadeira atração”, em detrimento das imagens exibidas e da produção.

Como os filmes eram feitos em um tamanho padrão e eram mudos, poderiam ser apresentados em qualquer país, bastando traduzir as legendas para o idioma do país onde estavam sendo apresentados5.

O cinematógrafo se popularizou e deixou de ser um divertimento de ruas e locais improvisados. As salas de teatro foram muito utilizadas, e outras foram construídas no início do século 20 de acordo com a arquitetura de teatros, pois imaginava-se o cinema uma variação do teatro, sem as especificidades deste.

A primeira sala para exibição regular do cinematógrafo no Rio de Janeiro foi inaugurada em 31 de julho de 1897, pelos empresários Paschoal Segreto e Cunha Sales. O Rio, entretanto, não seria a primeira cidade a exibir o cinematógrafo; a imprensa registrou apresentações em Manaus, no Amazonas, e em Petrópolis, no Rio de Janeiro, conforme publicado em O Imparcial de 13 de abril de 1897 e na Gazeta de Petrópolis, dia 29 do mesmo mês e ano.

Muitos ambulantes anônimos trabalharam na arte do cinematógrafo, em apresentações destinadas a camadas populares de migrantes do país, imigrantes europeus e trabalhadores de poucos recursos ou analfabetos. Misturavam-se às apresentações do cinematógrafo, exibições bizarras circenses, como o homem de quatro cabeças, espetáculos com animais, mágicas e ilusionismo.
A elite da sociedade, conforme registraram jornais da época, como O Álbum-RJ (1894), Don Quixote-RJ (1896-1897), freqüentava óperas e concertos em casas de espetáculos, entre elas o Lucinda, São Pedro, Theatro Lyrico, Apollo, Polytheama. Rio de Janeiro e São Paulo eram os principais pólos culturais.

A indústria do cinematógrafo, a partir de 1896, tão cedo iria parar de crescer; em 1899, o Salão Paris, de Paschoal Segreto, era um dos mais freqüentados e o que exibia, também, filmes nacionais. Segundo dados do Boletim 3 (2002) do Censo Cinematográfico Brasileiro, produzido pela Cinemateca Brasileira7, entre 1897 e 1906 foram produzidos 115 filmes nacionais. O escritor Paulo Emílio Salles Gomes8 considera pobre este período, tendo em vista os problemas com a eletricidade. A construção da Usina Hidrelétrica de Ribeirão das Lajes, em 1907, melhorou a distribuição de energia elétrica e pode ter sido um fator que estimulou a criação de novas salas de projeção e a produção de filmes. De acordo com o citado Boletim, em 1907 foram produzidos 41 filmes e, no ano seguinte, 182. A produção foi crescente até 1913; de 112 filmes, caiu para 57 em 1914. A Primeira Guerra Mundial afetou a importação de filmes no período.

O censo mostra recuperação a partir de 1922. Surgiram os ciclos regionais, diversas cidades despontaram no mercado como produtoras, a imprensa dedicou colunas em defesa do cinema nacional, como na revista Para Todos, na década de 1920, e foi lançada a revista Cinearte (1926). A transição do cinema mudo para o sonoro foi marcada pelo filme Acabaram-se os otários (1929). Em 1930, a indústria cinematográfica avançou com a criação da Cinédia, um dos maiores estúdios do Brasil, fundado por Adhemar Gonzaga.

Clássicos do cinema mudo fecharam a década de 1920: Brasa dormida (Humberto Mauro, 1928), Barro humano (Adhemar Gonzaga, 1929) e Limite (Mário Peixoto, 1930).

PASCHOAL SEGRETO

A Lei do Ventre Livre (1871), a Lei dos Sexagenários (1885) e, posteriormente, a Abolição da Escravidão (1888) provocaram uma política de substituição do trabalho escravo, por meio do incentivo à imigração. Com isso, muitos imigrantes tiveram ativa participação na cultura brasileira.
De acordo com dados da Prefeitura do Município de São Paulo (http://milpovos.prefeitura.sp.gov.br/noticia_interna.php?id=85&com=38&lan g=1), os italianos vieram em maior número – cerca de 950 mil pessoas – e foram encaminhados, na maioria, para São Paulo. Na primeira década do século 20, chegaram a constituir um quarto da população de São Paulo.

Entre os italianos, o mais conhecido na história do cinema brasileiro é Paschoal Segreto (1868-1920). Imigrante Italiano, ele chegou ao Brasil com a família em 1883, aos 15 anos de idade. Passou por dificuldades financeiras no início de sua vida no Brasil, mas, com sua percepção comercial, fez vários negócios, desde bares, casas de jogos, teatro, cafés-concerto e cinematógrafos e conseguiu tornar-se um empresário bem-sucedido, não só no Rio, como em cidades como São Paulo e Campos (RJ). Seus irmãos participaram da Empresa Segreto. Alfonso, seu irmão, atuou mais diretamente na produção dos filmes, sendo-lhe atribuída a produção do primeiro filme brasileiro, em junho de 1898, quando filmou imagens da Baía de Guanabara a bordo do navio francês Brésil, ao voltar de viagem à Europa. Há divergências em relação ao primeiro filme brasileiro. Em maio de 1897, o jornal Gazeta de Petrópolis anunciou exibição, no Cassino Fluminense, de filmes curtos produzidos por Vittorio di Maio. Alguns contestam a nacionalidade de tais filmes, alegando terem sido produzidos fora do Brasil. E, mais ainda: Cunha Sales se apressou em registrar alguns fotogramas ou “fotografias vivas” na Seção de Privilégios Industriais do Ministério da Agricultura, em novembro de 1897, como imagens nacionais. Porém não há como comprovar o local filmado.

Em julho de 1897, Paschoal Segreto inaugurou o Salão de Paris, em sociedade com José Roberto da Cunha Sales. No final deste ano, a sociedade estava desfeita e seu sócio investiu na cidade de Petrópolis. Cunha Sales exerceu múltiplas atividades: médico, juiz, teatrólogo, ilusionista, inventor do Museu de Cera Pantheon Ceroplástico, químico-industrial, com vários produtos lançados no mercado, e banqueiro do jogo do bicho. Pascoal Segreto também foi sócio do médico no Pantheon.

Entre as casas de diversão que Segreto abriu, estavam o Café-Concerto Moulin Rouge (30/12/1900), a Maison Moderne (1900) e o Parque Fluminense, cinematógrafo ao ar livre (inaugurado em 23 de dezembro de 1899, conforme informa a Gazeta de Notícias).

Até 1903/1904 a empresa de Segreto liderava a indústria do cinema; com a chegada de outros estrangeiros, como Antonio Leal, Francisco Serrador, Giuseppe Filippi, Segreto passa a investir em teatros, com peças curtas. Especula-se que o empresário atuava também no jogo do bicho, nos anos 90 do século 19, mas teria abandonado esta atividade no início do século 20.
Com o falecimento de seu irmão Gaetano Segreto em 1914, assume a propriedade do jornal Il Bersagliere, dedicado aos imigrantes italianos no Brasil. Paschoal Segreto faleceu em 1920.

O CINEMA EM PERIÓDICOS

Os registros sobre cinema na imprensa estão dispostos a seguir, em ordem cronológica, com transcrições ou notas explicativas. Os títulos dos periódicos citados estão relacionados no Anexo A e contêm o período da coleção no acervo da FBN e indicação de local. Outros títulos foram consultados tendo em vista datas referenciais da história do cinema, mas, como a busca foi aleatória, nem sempre os resultados foram positivos.

As coleções pesquisadas fazem parte dos acervos da Diora (Divisão de Obras Raras) e Coper (Coordenadoria de Periódicos). Dos 73 títulos consultados, 38 estão microfilmados. Entre as coleções originais, nem todos os números estavam disponíveis para consulta, devido ao alto grau de acidificação do papel-jornal.

O Anexo B contém títulos de filmes selecionados dentre os mais citados nas matérias de periódicos e bibliografia consultadas.

REGISTROS NA IMPRENSA

1896

A primeira sessão de cinema aconteceu em 8 de julho de 1896, no Rio de Janeiro. Foi uma apresentação especial para a imprensa, por meio de um aparelho chamado omniógrafo. Às vezes anunciado como cinematógrafo, ele era, na realidade, “um arremedo do cinematógrafo”, segundo o jornalista Sérgio Augusto (www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/index.htm). O assunto foi destaque em vários jornais.

1) OMNIOGRAPHO. Gazeta da Tarde, Rio de Janeiro, p. 2, c-1, 9 jul. 1896. “Assistimos hontem ao ensaio do omniographo, apparelho electrico de projecções luminosas e vistas animadas que o público vai ter occasião de muito apreciar graças ao sr. Henri Paillil. A sala que é bem illuminada à eletricidade fica repentinamente escura e desenrolam-se então, sob a vista dos espectadores, num quadro ao fundo, scenas de um effeito surprehendente. Foram apresentados oito quadros. O omniographo funciona na rua do Ouvidor, nº 57”.

2) PROJECÇÕES luminosas. O Paiz, Rio de Janeiro, p. 2, c-5, 9 jul. 1896. Em relação à trepidação devido aos problemas com a luz: “Esse inconveniente notado, será corrigido e todas as projecções poderão ficar como o esplêndido “banho”, scena interessante que pára a tempo”.

3) A PHOTOGRAPHIA animada. O Estado de S. Paulo, São Paulo, p. 1, c.5-6, 8 ago. 1896. O cinematógrafo em São Paulo: “Realizou-se hontem à noite, com assistência do dr. Presidente do Estado, a repetição geral do cinematógrapho, apparelho que re¬produz num alvo scenas variadas, dando-lhes realce e o cunho da vida, o que valeu a esse processo de photographia o nome de photographia animada. Consta o programma das seguintes... [rasura]: O banho dos sudaneses; Os cachorros; O carroção; O trem: um trem parando com o vae-vem dos passageiros; [ ...] Sem entrar em detalhes, pois a todos em breve será dado deliciarem-se com esse espetáculo, resumiremos as nossas impressões nestas palavras: admirável, assombroso. É digno de louvores o intelligente photographo Sr. Renoleau, que introduziu nesta capital o primeiro cinematographo que trabalha na América do Sul”.

[CINEMATÓGRAFO]. O Estado de São Paulo, São Paulo, p. 1, c.5-6, 9 ago.1896.No dia 9 de agosto, o jornal publicou nota, ratificando o pioneirismo do primeiro cinematógrafo da América do Sul: “Um cinematographo, o primeiro introduzido na América do Sul, está há dois dias funcionando em um prédio. O maravilhoso trabalho deste apparelho merece ser visto por todos”.

1897

PALCOS e...: Theatro Amazonas. O Imparcial, Manaus, Amazonas, p. 1, 13 abr.1897.Nota sobre apresentação do cinematógrapho no dia 10 de abril de 1897. O jornal está pouco legível.
Salões e palcos. Gazeta de Petrópolis, Petrópolis, Rio de Janeiro, p. 2, 29 abr. 1897.Anúncio da presença de Vittorio di Maio na cidade de Petrópolis para apresentação do cinematógrafo. No dia 1º de maio, outra nota informou o local: CassinoFluminense.

Salões e palcos. Gazeta de Petrópolis, Petrópolis, RJ, p. 3, 4 maio 1897. “Foi aberto sabbado a curiosidade do público petropolitano mais uma maravilhosa descoberta do grande sábio norte-americano, o famigerado Edison.

A exhibição do cinematographo, esse estupendo apparelho que reproduz a photographia animada com alternativas de nitidez, deu-nos alguns quadros verdadeiramente phantasticos e onde tudo concorre para a mais completa illusãodos sentidos”.

THEATRO. Gazeta do Povo, Campos, p. 3, 18 ago. 1897. Anúncio da apresentação do cinematógrafo Lumiére por H. Picolet.

THEATRO. Gazeta do Povo, Campos, p. 3, 19 ago. 1897. Anúncio da apresentação do cinematógrafo Lumiére por H. Picolet, de 19 deagosto até 12 set. 1897.

THEATRO. Gazeta do Povo, Campos, p. 3, 20 ago. 1897. “O maior sucesso de Hespanha, Pariz e Portugal. Neste maravilhoso apparelhoapresentará o sr. H. Picolet, quadros do comprimento do panno de bocca do theatro com auxílio da luz electrica, sem a menor oscilação”.

11) THEATRO. Gazeta do Povo, Campos, p. 1, 21 ago. 1897.Nota sobre a primeira apresentação do cinematógrafo na cidade: “O cinematógrapho é uma maravilha e a não ser a luz que não preencheu, como era de esperar seus fins,poderíamos dizer que melhor espetáculo não nos poderia dar a Companhia”.

THEATRO. Gazeta do Povo, Campos, p. 3, 6 set. 1897. Anúncio da apresentação do cinematógrafo Lumiére por H. Picolet como “agrande maravilha deste século”.

THEATRO. Monitor Campista, Campos, p. 4. 19 ago. 1897. Anúncio de apresentação da Companhia de Variedades na cidade de Campos.

THEATRO. Monitor Campista, Campos, p. 4. 21 ago. 1897. “O engenhoso apparelho [cinematógrafo] que tem despertado a maior curiosidade apresenta ao espectador enormes photographias movimentadas”.

Foyer. Gazeta da Tarde, Rio de Janeiro, p. 2, 4 set. 1897. “Pariz no Rio. Esta ficção é hoje realizada graças ao animatographo que funciona alli, quasi em frente à nossa redacção”. (Companhia de Variedades na rua do Ouvidor.)

Foyer. Gazeta da Tarde, Rio de Janeiro, p. 2, 13 set. 1897: “Continua ali em frente no Salão de Novidades do Paschoal Segreto, o estrondoso sucesso do cinematographo Superlumiére que é a última palavra no gênero”.

1898

A Gazeta de Notícias anunciou em 9 de junho a chegada de 60 “vistas” da Europa para exibição em 16 de junho e também a chegada de Alfonso Segreto trazendo novos equipamentos para filmagens locais. O comércio do lazer importava as fitas européias, no final do século, mas logo a empresa dos irmãos Segreto mobilizou¬se para trazer equipamentos que permitissem a produção de filmes no Brasil.

17) THEATROS e... Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, p. 2, 9 jun. 1898.

18) THEATROS e... Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, p. 2, 17 jun. 1898. Nota sobre a exibição, em 16 de junho, das “vistas” no cinematógrafo Super-Lumiére de Gaetano Segreto com a presença do presidente Prudente de Moraes e autoridades.

19) DIVERSÕES. O Paiz, Rio de Janeiro, p. 2, 20 jun. 1898. “O sr. Alfonso Segreto chegou hontem da Europa, no paquete Brésil, o que quer dizer que breve figurarão no Salão Paris no Rio as vistas relativas à vida brazileira. Com effeito aquelle cavalheiro, na viagem que agora conclui, fez acquisição dos apparelhos photographicos necessários e já hontem, ao entrar no porto do Rio de Janeiro, retratou as fortalezas da barra e diversos navios em movimento, para expol-os no referido Salão“.

20) INCÊNDIO. Gazeta do Povo, Campos, RJ, p. 1, 11 ago. 1898.

As imagens feitas por Alfonso Segreto não chegaram a ser exibidas em 1898 devido ao incêndio que ocorreu no Salão Paris: “Pelas notícias detalhadas publicadas nos jornaes da capital vimos que foi completo o prejuízo do sr. Paschoal Segreto, ... proprietário do Paris no Rio, estabelecido na capital e que aqui na Kermesse Macarroni, pretendia estabelecer um animatographo igual ao que havia ali, já tendo para isso adquirido machinas precisas e que foram consumidas naquelle pavoroso incêndio”. Segundo a mesma reportagem, perderam-se equipamentos, entre eles quatro cinematógrafos, três kinetoscópios com fonógrafos, 300 fitas novas e fitas nacionais: “Muitas vistas brazileiras e que iam ser estreiadas foram destruídas pelo fogo. Entre ellas achavam-se a Commemoração à morte do Marechal Floriano Peixoto; Visita do Presidente da República ao Arsenal de Marinha e o Conflicto da polícia com os estudantes, na Escola Polytechnica“.

20) BORGES, J. de M. Chronophotographia, Revista Moderna, Rio de Janeiro, p.4, 31 jul. 1898. Continua em: 31 ago. 1898.

“As experiências de Marey e Demery são muito curiosas. Com seus apparelhos que apanhavam muitas imagens por segundo foi feito o estudo do movimento de muitos animaes em marcha e tem toda a importância as fotographias obtidas”.

21) GAMBIARRAS. Cidade do Rio. Rio de Janeiro, p. 2, 13 ago. 1898. Anúncio de apresentação do cinematógrafo e outras atrações, no Parque Fluminense (RJ).

1899

Após o incêndio de agosto de 1898, o Salão Paris foi finalmente reaberto, depois de algumas tentativas frustradas, com várias atrações, entre elas a exibição de novas fitas. De acordo com o jornal Cidade do Rio, estão relacionados 33 títulos, alguns nacionais. Já a Gazeta de Notícias, em 6 de janeiro de 1899, p.2, informou que foram apresentados 35 quadros “completamente novos”, mas a notícia não relaciona os títulos.

Na lista do Cidade do Rio consta o filme da visita do presidente Prudente de Moraes ao Arsenal de Marinha. Fica a dúvida sobre o filme: se seria o mesmo feito em 1897 por Alfonso Segreto ou se teria sido filmado em outra ocasião.

22) GAMBIARRAS. Cidade do Rio. Rio de Janeiro, p. 2, c-7, 4 jan. 1899. “Inaugura-se amanhã no Salão Paris no Rio, o animatographo dos srs. Segreto & Irmão”.

23) GAMBIARRAS. Cidade do Rio. Rio de Janeiro, p. 2, c-4-5, 6 jan. 1899. ”Neste elegante e mimoso Salão, inaugurou hontem às 8 horas da noite o sr. Paschoal Segreto, o seu novo animatographo. A sessão foi dedicada à imprensa. Foram exhibidos os seguintes magníficos quadros: Heroísmo de um soldado de polícia; O Couraçado New York em viagem; Embarque de cavallos para Cuba; Largo da Carioca; Barca de Nictheroy e O Dr. Prudente de Moraes no Arsenal de Marinha”.

O jornal publicava regularmente os filmes em exibição no Rio de Janeiro; em 3 de julho, p.2, anuncia nova coleção de vistas, incluindo os nacionais O mágico dos bonecos, Largo de São Francisco por ocasião de meeting, Um careca e uma viagem de núpcias que acaba mal.
24) THEATROS e... Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, p. 2, c. 6, 4 jul. 1899. Em 4 de julho, foram anunciados 60 novos filmes e, em especial, os nacionais Baldeação da Barca de Petrópolis e Praça Tamarindo no dia Treze de Maio, com o seguinte comentário: ”Os clichês nacionais são bem feitos, embora com menos nitidez que os outros, podendo-se reconhecer pessoas”.

1900

A produção de filmes nacionais intensificou-se. Foram feitos muitos filmes documentários curtos sobre fatos da atualidade, sociais, políticos, investigativos e com fins de estudo, como a filmagem de cirurgias, além dos “naturais” – tomadas de paisagens e vistas. Em 21 de junho, a Gazeta de Notícias anuncia, entre outros, o nacional Chegada da barca de Niterói.

Ainda neste ano, aconteceu a inauguração de nova casa de espetáculos, o Moulin Rouge, de Pascoal Segreto. Com o crescente comércio de diversões, o público cobrava mais conforto e ambientes mais limpos; a preocupação com a higiene dos teatros foi nota na imprensa:

25) THEATROS. Revista da Semana, Rio de Janeiro, p. 247, 16 dez. 1900. Nota sobre as condições de higiene dos teatros; em 30 dez. 1900, nota sobre inauguração do Moulin Rouge.

1902

26) [SANTOS Dumont]. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, p. 4, 19 fev. 1902. Nota anuncia futura exibição de filme sobre os balões de Santos Dumont.

27) CINEMA fallante. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, p. 6, 31 jul. 1902 Nota sobre primeira apresentação do equipamento denominado Fotoveramovil, cinematógrafo combinado com fonógrafo.

1904

28) CINEMATOGRAPHO fallante: [anúncio]. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, p. 2, 22 nov. 1904. Em 26 de novembro, p. 4, anúncio de apresentação do cinematógrafo falante noTeatro Lyrico.

1905

29) OPINIÃO da imprensa: Theatro Lyrico. O Cinematographo, Rio de Janeiro, ano 1, n.1, p. 1, 2 dez. 1905.

Matéria transcrita do Jornal do Brasil de 28 de novembro de 905, sobre a primeira exibição no Teatro Lírico, em 26/11/1905, do “cinematógrafo aperfeiçoado” (combinação do cinematógrafo com fonógrafo) com vários quadros estrangeiros: “(...) o público entusiasmado aplaudiu o cantor e o notável é que este voltou à scena – ao pano branco – a agradecer com sorriso. O público exigiu bis mas o cantor já estava enrolado e foi preciso desenrola-lo e dar corda nova na sua voz,
o phonographo – para que houvesse bis. A illusão é completa e produz um effeito encantador.”

1909

A produção de filmes entre os anos de 1909 e 1910 foi diversificada: comédias, religiosos, caipiras, documentários, dramas, musicais. Desde as primeiras experiências com o fotoveramovil, em 1902, sucederam-se novas experiências com o cinema falante/cantante.

30) EDEN. Cinema, Curitiba, PR, p. [18], 30 jan.1909. O cinema falante em Curitiba, acompanhado por orquestras: “O maravilhoso cinematógrapho fallante tem deleitado muito aos assistentes; vistas sensacionaes e de grande effeito são exhibidas nesse logradouro smart”.

1910

Neste ano foram produzidos 223 filmes, segundo o Censo da Cinemateca Brasileira. Entre os vários documentários, foram filmados os acontecimentos da Revolta da Chibata e foi feito um filme sobre João Cândido, líder do movimento. Tais filmes foram censurados ou não existem mais.

1912

A produção de filmes nacionais entrou em declínio na década de 10:

31) CINEMA-JORNAL – Petrópolis, RJ, 16 jun.1912. Anúncios de filmes, aparentemente todos estrangeiros.

32) Acróstico: Cinema Fallante. O Cinema, Caçapava, SP, 19 maio 1912.

33) IDEAL Cinema. A Fita, Rio de Janeiro, ano 1, n.1, 26 out. 1912. Anúncio do filme O dominó misterioso ou A rosa que se desfolha.

34) POR theatros e cinemas. A Fita, Santos, SP, ano 2, n.20, 1 out. 1912. Anúncio de exibição de filmes e peças teatrais no Theatro Guarany.

35) DOMENICO Segreto: [nota de falecimento]. Il Bersagliere. Rio de Janeiro, p.1, 21 mar. 1912. A coleção do jornal Il Bersagliere (1891-1914) não está microfilmada e os primeiros números originais estão extremamente acidificados e fora de consulta. Os números de 1912 apontam Gaetano Segreto como fundador do jornal. Publicado em italiano, trata de assuntos da política nacional e internacional, especialmente italiana. Paschoal Segreto anunciava venda de filmes e, também, notas sobre apresentações em suas casas de espetáculos.

Em 21 de março de 1912, p.1, é publicada nota de falecimento de Domenico Segreto, pai dos empresários italianos Gaetano, Paschoal e Alfonso: “... genitore dell editore proprietario del Bersagliere e forte industriale sig. Pasquale Segreto e del sig. Alfonso Segreto...” Notas necrológicas posteriores confirmam a presença dos irmãos Segreto no enterro, inclusive Alfonso.

1913

36) A FEDERAÇÃO – Porto Alegre, RS. A coluna Theatros e Diversões anunciava filmes exibidos pelos cinematógrafos(apenas títulos).

37) COLYSEU. A Alvorada, Pelotas, RS, 18 maio 1913. Os Cinemas, p. 2. Nota sobre exibição do filme Rio Branco versus S.C. Pelotas. O jornal Alvorada anunciava regularmente filmes em cerca de oito cinemas; os títulos, em geral,não são mencionados.38) O DESENVOLVIMENTO do cinema. A Fita, Santos, SP, ano 3, n.26, 16out. 1913.

“O consumo diário por todo o mundo, de películas cinematographicas é de 300.000 metros, ou seja, de 100 milhões de metros por anno... O Congresso [Internacional Cinematographico] se occupará da importância do cinematógrapho para o ensino nas escolas, da moralidade das películas, da música no cinema e das questões technicas que se relacionem com o progresso cinematographico“.

39) A CINEMATOGRAPHIA em Santos. A Fita, Santos, SP, n.33, 4 dez. 1913. ”Uma novidade. Santos possue, desde já um apparelho cinematographico Debrie, do último modelo, para tiragem de fotographias cinematographicas... Em breve, pois, os aspectos de Santos serão apanhados pelo cinematographo”.

40) O CINEMA: jornal official dos cinematographos e rev. de arte cinematographica-RJ.

1914

42) NIC. Cinema: notas de um freqüentador. Cinema-Club, Sobral, CE, p. 3,22 fev.1914.Matéria sobre o cinema como canal de informação e conhecimento de outros países: ”... fazendo reclame do cinematographo que é a arte de correr mundo com pouco dinheiro”. O jornal Cinema-Club está microfilmado e contém muitos textos ilegíveis. Publicava anúncios de filmes.43) POR theatros e cinemas. A Fita, Santos, SP, ano 3, n.37, 1º jan. 1914. Anúncio de vários filmes, entre eles a “Grande manifestação a Santos Dumont”,no Pathé Jornal, n. 215. O Pathé Jornal e Gaumont Jornal produziam filmes “naturais” (vistas, paisagens,etc.) e documentários de solenidades do governo e notícias da época.

44) A HISTÓRIA e o cinematógrapho. A Fita, Santos, SP, ano 4, n.66, 23 jul.1914.

Dirigentes de países, como Itália e Estados Unidos, mandaram registrar em filmea história de seus países, assim como o Mal. Hermes tem registrado as festas esolenidades que toma parte.

1916

45) AS FITAS de hoje. A Lanterna: jornal da noite. Rio de Janeiro, p. 4, 8 nov.1916.Anúncio, entre outros, do filme Onde estão os meus filhos?, com base no romance Verdade nua, de Luiz Weber.

46) AS FITAS de hoje. A Lanterna: jornal da noite. Rio de Janeiro, 10 nov. 1916.Palcos & Cinemas, p. 4. Anúncio de Perdida, provavelmente o filme de Luís de Barros.

47) O CARTAZ de hoje: [Lucíola, no Odeon]. A Lanterna: jornal da noite. Rio de Janeiro, p. 5, 11 dez. 1916.

1919

48) CINE-REVISTA. Rio de Janeiro, 1919-1920.Contém matérias sobre cinema nacional e estrangeiro; o número de 22 de dezembro de 1919 traz na capa foto da atriz do filme O garimpeiro (Capellaro), sem identificá-la.

1920

A década de 20 foi marcada pelo reaquecimento da produção nacional e pelapresença maciça do filme americano influenciando costumes e moda. As revistas Cinearte (1926-1942) e Scena Muda (1921-1930) privilegiavam o cinema americano; o mercado distribuidor era também monopólio americano.

49) ARAÚJO, Nansen de. A cinematographia no Brasil. Cine-Revista, Rio de Janeiro, p. 3, 5 jan. 1920. A matéria critica a influência americana no cinema brasileiro e apela para produção com imagens brasileiras. Luis de Barros é elogiado por não seguir a tendência dos demais produtores.

50) A cinematographia nacional: um invento interessante. Cine-Revista, Rio de Janeiro, p. 6, 5 jan. 1920. Matéria sobre o invento de Benedetti, a cinematrophonia, que tornava possível a exibição do filme com imagem e música, simultaneamente.

51) BARBOSA, Rui. [O cinema...]. Eden-Jornal. Rio Branco, AC, p. 1, 21 ago. 1920. “O cinema não tem fingimentos. Ali se vê a natureza na variedade infinita de todas as suas scenas...”.

52) CINEMA: Ponto Chic. A Noite, Florianópolis,SC, p.4, 10 dez. 1920. Nota sobre os filmes: A chegada de S.M. o Rei Alberto e da Rainha Elisabeth no Rio de Janeiro e O primo Alberto.

53) OS OPERADORES. A nossa tela. O Cinematographo, Joinville, SC, p. 1,ano 1, n.1, 6 jun 1920. Crítica à baixa produção de filmes nacionais e distribuição para cidades como Joinville: ”Se imaginarmos que no Brasil há mais de mil cinemas, ficaremos verdadeiramente de olhos esbugalhados, mas...; ...tudo extrangeiro, para não dizer,quasi tudo americano”.

1921

54) A SCENA MUDA-RJ.A revista dedicou-se essencialmente ao cinema americano; no ano consultado,1921, não há menção a filmes nacionais.

1922

55) O GUARANY. Cine-Jornal, Campinas, SP, p. [4], 2 abr. 1922. Nota sobre a exibição, em Campinas, do filme já apresentado no Rio de Janeiro,O Guarani.

1923

56) RETROSPECTO histórico: a invenção do cinema. Álbum cinematográphico do Para Todos: 1924. Rio de Janeiro, 1923. Seção histórica: primeira parte. P. 20-40. Faltam as páginas 21-24, 27-30. Há fotos de cinemas do Rio e São Paulo no mesmo número, p. 9-11 e 170. A editora de O Malho publicou três álbuns sobre cinema, 1922(?), 1923 e 1924. A BN possui os dois últimos. A revista, ilustrada, dedicava-se, principalmente, ao cinema americano e seus artistas. Faltam muitas páginas nas revistas, mas há um histórico, que apesar de incompleto, ilustra a trajetória da evolução do cinema até o cinematógrafo.

1925

A revista Para Todos começou a ser publicada em 1919, dedicando-se a assuntos diversos. Neste ano, porém, não dedicou matérias sobre cinema, mas em 1925¬1926, seções especializadas em cinema estimulavam a divulgação do cinema nacional pedindo que as produtoras enviassem fotos para a revista. Também publicava críticas e matérias sobre cinema nacional e estrangeiro.

57) FILMAGEM brasileira. Para Todos, Rio de Janeiro. N. p. 7 fev. 1925.
Fotos/texto: Carmem Santos e Luís de Barros (Coração gaúcho), O segredo do corcunda, Educar.

58) FILMAGEM brasileira. Para Todos, Rio de Janeiro. N.p. 14 fev. 1925. Fotos/texto: Segredo do corcunda, O dever de amar, Gigolete, Esposa do solteiro.

59) FILMAGEM brasileira. Para Todos, Rio de Janeiro. N.p. 21 fev. 1925. Fotos/texto: Carmem Santos, Almeida Fleming, Adolpho Neri (ator de Hei de vencer).

60) FILMAGEM brasileira. Para Todos, Rio de Janeiro. N.p. 7 mar. 1925. Fotos dos filmes: Ubirajara, Hei de vencer e do produtor Luís de Barros.

61) FILMAGEM brasileira. Para Todos, Rio de Janeiro. N.p. 14 mar. 1925.
Fotos/texto: O dever de amar (Carmem Santos e Teixeira Pinto) e Independência ou morte.

62) FILMAGEM brasileira. Para Todos, Rio de Janeiro. N.p. 28 mar. 1925. Fotos/texto: Quando elas querem, Gigolete, A Capital Federal, Hei de vencer.

63) OS NOSSOS filmes. Cinema, Recife, PE, n.2, p. 7, out. 1925. Notas sobre exibição dos filmes pernambucanos Filho sem mãe e Aitaré da praia.

1926

64) FILMAGEM brasileira: [Corações em suplício]. Para Todos, Rio de Janeiro,n.368, p. 44-45, 2 jan. 1926. Fotos de atores dos filmes: Aitaré da praia (v.tb.: 30 jan.1926), Nas serras do Paranapiacaba, Esposa do solteiro, Corações em suplício (v.tb.: fev, 1926, p. 53; 20fev. 1926, p. 45).

65) FILMAGEM brasileira: [Corações em suplício]. Para Todos, Rio de Janeiro, n.369, p. 44-45, 9 jan. 1926. Fotos de cenas/atores dos filmes: Corações em suplício (Lilian de Loty, Valdemar Rodrigues), Esposa do solteiro, Passei toda a vida num sonho.

66) O que dizem da produção brasileira: [Aitaré da praia]. Para Todos, Rio de Janeiro, n.370, p. 49, 16 jan. 1926. il. Transcrição do Correio Jornal, Recife, 21 dez. 1925.

67) UMA SCENA do film brasileiro Gigi, da ABAM. Para Todos, Rio de Janeiro,n.370, p. 50, 16 jan. 1926. il. Foto do filme Gigi.

68) FILMAGEM brasileira; [cinema brasileiro]. Para Todos, Rio de Janeiro, n.371,
p. 52- 53, 23 jan. 1926. il. Matéria sobre a evolução do cinema brasileiro e a questão da distribuição de filmes; nota sobre a exibição do filme Corações em suplício, em Guaranésia, MG; foto da última cena de Aitaré da praia.

69) O que dizem sobre a produção brasileira: [Filho sem mãe]. Para Todos, Rio de Janeiro, n.371, p. 62, 23 jan. 1926. il. Transcrição da crítica publicada em A Rua, PE, s.d.

70) FILMAGEM brasileira: [comércio e distribuição de filmes]. Para Todos, Rio de Janeiro, n.372, p. 52-53, 30 jan. 1926.

71) FILMAGEM brasileira: [A carne]. Para Todos, Rio de Janeiro, n.374, p. 44,13 fev. 1926. il. Entrevista com o diretor do filme A carne, José Medina.

72) O que dizem da produção brasileira: [A carne]. Para Todos, Rio de Janeiro,
n.375, p. 39, 20 fev. 1926. il.Transcrição da crítica publicada no Diário do Povo, Campinas, SP, sobre o filme baseado no romance de Júlio Ribeiro. Produzido pela APA Film, Campinas.

73) PHEBO Sul-América Film. Para Todos, Rio de Janeiro, n.375, p.45, 20fev.1926. il.Matéria sobre a produtora de Cataguazes, da qual fazia parte Humberto Mauro, esobre os filmes Primavera da vida (1926) e Os mysterios de S. Matheus (em execução).

74) D’ARCO, João. De cinema. Para Todos, Rio de Janeiro, n.377, p. 49, 6 mar.1926. O autor comenta o lançamento da revista Cinearte, em março de 1926, e a transferência da coluna sobre cinema da Para Todos para a nova revista; trata, ainda, do monopólio americano no mercado cinematográfico: ”A França, por exemplo, de há dois anos para hoje, tem deslumbrado as platéias intelligentes, com trabalhos, talvez menos sublimes de nitidez do que as bobagens vindas de Hollywood, mas interessantes, suggestivas, com paizagens e figuras, modos e modas bem diferentes desses eternos enredos, com um beijo no fim...”.

75) A primavera da vida. Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 26 mar. 1926. Artes e Diversões, p. 6. “Com este título, será exhibido hoje no Cinema Pathé, uma fita nacional, cujo entrecho é desenvolvido numa das cidades de nosso estado. Esta fita... representa um grande esforço victorioso da cinematographia em Minas Gerais. Conforme se vê do annuncio publicado na seção competente, a projecção de scenas e costumes mineiros, consta de 6 actos todos elles empolgantes e movimentados.”

O filme, dirigido por Reinaldo Mazzei, segundo a nota do jornal, é o primeiro filme produzido pela Phebo Sul América Film, empresa de Humberto Mauro e Homero e Agenor Cortês. Humberto Mauro filmara antes Valadião, o cratera, junto com Pedro Comello, de apenas cinco minutos, e tentou sem sucesso filmar Os três irmãos (1925)9. O jornal oficial do estado, Minas Gerais, publicava notas sobre cinema e teatro na coluna Artes e Diversões e anúncios de filmes em exibição.

1927

76) O CINEMA. O Cinema, Florianópolis, SC, ano 1, n.1, p.1, 5 jun. 1927. Editores informam a continuidade do jornal, em sua segunda fase, e anunciam a exibição em breve do filme O Guarani (1926), com base no romance de José de Alencar. Segundo o jornal, foi o primeiro romance brasileiro com produção americana e atores da Capellaro Film (SP).

77) MATIPA, o índio Guarany (Tácito de Souza): como Capellaro descobrio o seu extraordinário Pery. O Cinema, Florianópolis, SC, ano 1, n.1, p. 2, 5 jun. 1927. Matéria sobre a descoberta por Capellaro do ator para representar Peri no filme O Guarani (1926).

1928

Cine-Modearte, revista paulista, semelhante à carioca Cinearte, foi lançada provavelmente no final de 1926; a FBN possui os números 29 a 38 (1928-1929). Publicava matérias sobre filmes, atores, com ênfase no cinema americano; além de cinema,dedica parte da publicação à moda feminina, a qual tem influência americana.78) O CINEMA nacional: nos pantanaes de Matto-Grosso. Cine-Modearte, São Paulo, ano 2, n.14, não pag., mar. 1928. il. Filme realizado em cinco meses no Pantanal mato-grossense.

79) CINEMA brasileiro: nos studios da São Paulo Ideal Film. Cine-Modearte,São Paulo, ano 2, n.31-32, não pag., [dez.1928?]. il.

1929

80) [BRASA dormida: anúncio]. Cinearte, Rio de Janeiro, p. 4, 9 jan. 1929.

81) LIMA, Pedro. Cinema brasileiro. Cinearte, Rio de Janeiro, p. 4-5, 6 fev. 1929. O cinema francês e o cinema americano no mercado brasileiro; fotos do filme Barro humano.

82) BRASA dormida: Luiz Soroa. Cine-Modearte, São Paulo, ano 3, n.35, p. 1,fev. 1929. Capa com retrato do ator Luiz Soroa.

83) LIMA, Pedro. A estréia de Brasa dormida no Pathé Palace. Cinearte, Rio de Janeiro, p. 4-5, 35-36, 27 mar. 1929. Crítica, fotos dos atores do filme e da sala do cinema Pathé Palace.

84) CINEMA brasileiro. Cinearte, Rio de Janeiro, p. 4, 10 abr. 1929. il. Sobre filmes de Humberto Mauro e as produtoras Phebo e Benedetti; fotos das atrizes Carmem Violeta, Eva Nil e Gina Cavaliere.

85) OLYMPIO Guilherme em algumas cenas de seu filme Hungry (Fome).Cinearte, Rio de Janeiro, p. 8, 8 maio 1929. il. Fotos do ator, diretor e produtor do filme Fome (Hungry), Olímpio Guilherme.

86) COMO se prepara um filme falado. Cine-Modearte, São Paulo, ano 3, n.38,
p. [44,46], jul. 1929.

87) O CINEMA brasileiro em Hollywood. Cine-Theatro, Tijucas, SC, ano 1, n.1, p. 4, 22 set. 1929. Crítica de Fome (1929), dirigido por Olímpio Guilherme: “Fome é um film brasileiro feito em Hollywood. Quando a Fox disse afinal que Olympio Guilherme não dava para nada, elle quiz ser tudo. Isto é, scenarista, director, actor, empresário, cousa que elle nunca foi”; “(...) Fome o seu primeiro film que já está prompto, vem breve para provar ainda a habilidade do Brasileiro...”.

88) O CINEMA falado. Cine-Theatro, Tijucas, SC, ano 1, n.1, p. 4, 22 set. 1929. Em 29 de setembro o jornal informa que Rio, São Paulo, Santos, Curitiba e Joinville têm o movietone, aparelho para o “cinema falado”.

1930

89) CINE-THEATRO – Porto Alegre, RS, maio 1930 (n.1,7). A Empresa Cinematográfica Pathé anuncia filmes nacionais como Alma sertaneja, O curandeiro, A escrava Isaura, entre outros.

CONCLUSÃO

O acervo da Biblioteca Nacional tem uma história de quase 195 anos. Com a vinda da família real de Portugal para o Brasil, em 1808, foi feita a transferência da Real Biblioteca da Ajuda, a partir de 1810. As cerca de 60 mil peças deram origem ao atual acervo de 9 milhões de peças.
As coleções de periódicos nacionais da FBN especializadas em cinema não são muitas.

Entretanto, algumas são únicas e consideradas raras pelo seu valor histórico, ou por não estarem disponíveis em outras bibliotecas e centros de documentação. A estas se somam outras coleções, que, no final do século 19 e início do 20, podem contar a trajetória da origem do cinema no Brasil.
Com os registros de época sobre cinema na imprensa é possível traçar alguns momentos na relação do homem com a máquina: encantamento com o efeito de ilusão e, no contato com a máquina, consciência do poder de criação. Guardar, recompor e divulgar esta história é tarefa na qual a FBN se empenha. Entretanto, a agilidade na preservação documental não é a mesma com que acontece, com maior rapidez, a degradação do acervo não microfilmado. Para citar um exemplo, a coleção da revista Para Todos (1919-1932), com temas e ilustrações dedica dos não só ao cinema mas à literatura, à arte e ao teatro, sofreu sérias mutilações, verificando-se várias páginas arrancadas nos números consultados. Muitos jornais, parcialmente em fragmentos, dependem de restauro e microfilmagem. Medidas como digitalização do acervo e tratamento no laboratório de preservação da FBN ainda são insuficientes, tendo em vista a relação entre a capacidade operacional e a dimensão do acervo.

Atualmente, a falta de espaço e a de pessoal revelam um quadro preocupante no que se refere à integridade do acervo.

Recomenda-se a microfilmagem ou digitalização de algumas coleções que estão degradadas e mutiladas, bem como contratação de pessoal para atendimento atuando na segurança do acervo, a fim de evitar furto de revistas ou de páginas, em especial as coleções Para Todos (1919-1932), Álbum do Para Todos (1924-1925) e Cine Modearte (1928-1929), que entre outros, foram objetos de pesquisa deste trabalho.

A documentação periódica da FBN sobre cinema integra o conjunto da história cultural brasileira, e tal patrimônio merece mais atenção por parte dos governantes. Investir em cultura é investir na formação do cidadão e zelar pela memória de um povo.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Vicente de Paula. A bela época do cinema brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 1976. 418p. il.

AUGUSTO, Sérgio. Afonso Segreto. [S.l.: Ministério das Relações Exteriores, s.d.]. Disponível em: www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/artecult/cinema/apresent/index.htm. Acesso em: 6 mar. 2005.

BILHARINHO, Guido. Cem anos de cinema brasileiro. Uberaba : Instituto Triangulino de Cultura, 1997. 214p. il.

CINEMA: a sétima arte. [S.l.] luna e amigos. Disponível em: www.lunaeamigos.com.br/se¬timaarte. Acesso em: 14 mar. 2005.

CINEMATECA. Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna, [s.d.]. Disponível em: www.mamrio.com.br. Acesso em: 28 nov. 2004.

CINEMATECA BRASILEIRA. Censo cinematográfico brasileiro: Boletim 3. São Paulo: IPHAN, 2002. Disponível em: www.cinemateca.com.br. Acesso em: 28 nov. 2004.

CROCETTI, Melissa. O novo cinema novo. [Curitiba]: Top Magazine, [199-?]. Disponível em: www.bonde.com.br/topmagazine/top_42/cinema4.php. Acesso em: 27 nov. 2004.

EMÍLIO, Paulo. Panorama do cinema brasileiro: 1896-1966. São Paulo: Com-Arte, 1974. 39p.

_____. Pequeno cinema antigo; Panorama do cinema brasileiro: 1896-1966; Cinema: trajetória no subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra; Embrafilme, 1980. 87p., il.

MARTINS, William de Souza Nunes. Paschoal Segreto: “Ministro das Diversões” do Rio de Janeiro (1883-1920). Rio de Janeiro: [s.n.], 2004. 171p. Dissertação (mestrado) _Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: www.liphis.com/ teses/ pt/2004_mest_ufrj_william_de_souza_nunes_martins.PDF.Acesso em: 6 mar. 2005.

MONTEIRO, José Carlos. História visual do cinema brasileiro. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1996. 215p. il.

MIUCCI, Carla. Cinema brasileiro: um panorama geral. [S.l.]: Mnemocine, dez. 2004.Acesso em: 20 fev. 2005. Disponível em: www.geocities.com/memoriasonline/ac1.htm

MOURA, Roberto et al. História do cinema brasileiro. Org. Fernão Ramos. São Paulo: Art Editora, 1987. 555p.

NORONHA, Jurandyr. A longa luta do cinema brasileiro: os pioneiros. Rio de Janeiro: FUNARTE, 2002. 301p. il.

OLIVEIRA, Bernardo Carvalho. Primórdios do cinema brasileiro: os anos cariocas. Rio de Janeiro: UFRJ; Associação de Estudos do Tempo Presente, [s.d.]. Disponível em:http://www.ifcs.ufrj.br/tempo/bernardooliveira3.html. Acesso em: 26 nov. 2004.

PERIÓDICOS brasileiros em microformas: catálogo coletivo, 1984. Rio de Janeiro:Biblioteca Nacional, 1985. 503p.

RELATÓRIO da Directoria. São Paulo : Companhia Cinematographica Brasileira,[1913?-1914?].
SOUZA, Carlos Roberto de. Viagem ao tempo do cinema silencioso. Nossa História, Rio de Janeiro, ano 1, n.11, p. 70-74, set. 2004.

SUSSEKIND, Flora. Cinematógrafo de letras: literatura, técnica e modernização no Brasil.São Paulo: Companhia das Letras, 1987. 170p.

THEODORO, Isaura. Cinema nacional: curiosidades. [Sl.]: No Comunidades.net, 27dez. 2004. Acesso em: 20 fev. 2005. Disponível em:http://www.no.comunidades.net/isauratheodoro/index.php?op=4

VEJA a história dos italianos. São Paulo: Prefeitura do Estado de São Paulo. Disponível em:http://milpovos.prefeitura.sp.gov.br/noticia_interna.php?id=85&com=38&lang=1Acesso em: 26 mar. 2005.

VIANY, Alex. Introdução ao cinema brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 1993. 148p.

VICTOR, H. Humberto Mauro, o pai do cinema nacional. Cataguases, MG: Cataguases.com, 2005. Disponível em: www.cataguases.com/docs/humberto_mauro.php.Acesso em: 28 mar. 2005.

NOTAS

1 – BARBOSA, Ruy. [O cinema...]. Eden-Jornal. Rio Branco, AC, p. 1, 21 ago. 1920.

2 – A origem e a história do cinema, www.edukbr.com.br/artemanhas/

3 – Neli Neto. Cinema – a sétima arte. www.lunaeamigos.com.br/setimaarte/

4 – SUSSEKIND, F. 1987, p.39

5 – A origem e a história do cinema, www.edukbr.com.br/artemanhas/

6 – Cinemateca Brasileira. http://www.cinemateca.com.br/boletim_censo.htm

7 – Paulo, E. 1980, p.418 – Victor H. www.cataguases.com/docs/humberto_mauro.php

Anexo A - Periódicos do acervo da FBN

Anexo B - Filmografia

* Eliane Perez é Bibliotecária e coordenadora de pesquisa na Coordenação-Geral de Pesquisa e Editoração da Biblioteca Nacional

Os comentários estão desativados.