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Livros redigidos para a mocidade brasileira

O diferencial da coleção: modelos e ilustrações

Para promover o engajamento e o interesse dos pequenos e dos jovens com a prática de leitura, destaca-se a presença das figuras, junto aos textos. As imagens, especialmente as coloridas, viabilizadas pela cromolitografia, técnica relativamente recente, eram peças-chave para a configuração de um produto diferenciado para um público bem específico: o livro com ilustrações.

Diferentemente do livro de imagem e do livro ilustrado, com o primeiro associado aos pré-leitores, e o segundo aos leitores iniciantes, o livro com ilustrações é normalmente destinado a um público juvenil, capaz de ler e fruir com autonomia textos de maior extensão e complexidade (MENDES, 2016). A relação entre texto e imagem é cambiante, na qual um influencia a interpretação do outro e vice-versa.

A investida do livreiro e editor imigrante alemão Henrique Laemmert, então proprietário da Livraria Universal, concorrente direta da francesa Garnier, é viabilizada pelos contatos mantidos com seu país de origem e seus compatrícios. A Laemmert valeu-se da adaptação para a juventude das já bem-sucedidas versões ilustradas alemãs elaboradas pelo “educacionista” Franz Hoffmann (1814-1882), algumas décadas antes, como base para as que seriam produzidas no português brasileiro. Tratava-se de versões mais enxutas e condensadas dos textos originais, destinadas ao público juvenil e adaptadas a seu nível de compreensão literária, em estilo mais direto e eliminando o que pudesse “ofender o decoro”, com o objetivo de vulgarizar, difundir e incentivar a leitura dos clássicos nas escolas secundárias brasileiras.

Carlos Jansen (1829-1889), também alemão radicado no Brasil, ficou encarregado da tradução. “Allemão de origem, ele fala e escreve perfeitamente a nossa língua, na qual tem escrito não poucos romances e contos” (Gazeta de Notícias, 26/02/1885, ano XI, n. 57, capa, Hemeroteca Digital). Era, então, professor de línguas no renomado Colégio Pedro II e empenhou-se em legitimar a necessidade de versões específicas para nosso idioma, correspondendo-se com intelectuais de vulto no Brasil como Machado de Assis, Rui Barbosa, Silvio Romero e Ferreira de Araújo, que lhe renderam prestigiosos e extensos prefácios para as primeiras edições. Isso resultou em eficaz promoção e boa recepção crítica das edições.

O lançamento dos livros desta coleção teve intervalo de poucos anos entre cada edição, sendo publicados inicialmente entre 1882 e 1891.

Os títulos compreendem Contos seletos das mil e uma noites (1882), Robinson Crusoé (1885), Dom Quixote (1886), As viagens de Gulliver a terras desconhecidas (1888) e Aventuras pasmosas do celebérrimo Barão de Münchausen (1891). A Biblioteca Nacional possui os títulos da Laemmert em suas primeiras edições, exceto Dom Quixote, em segunda edição, e Robinson Crusoé, que não pode ser localizado.

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